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Lençol
«Porque
o cabelo desprende
a duna
deste lençol
Porque
o linho se desvenda
estendido
no corpo incerto
Porque
os dedos se suspendem
e a sombra
se desdobra
Porque
talvez se recorta
ou talvez
porque recorda:
O corpo
na febre rota
o vinho
no vaso aberto
O gemido
no seu espanto
e o lençol
tecido
no próprio
interior do pranto»
A
doença II
«Digo-te
um
amparo para a cabeça
o ombro
os pulsos
em repouso
sobre
o ventre
A
violência somente
sobre
a boca
num meigo
disfarce de doente
e os
dedos em silêncio
no seu
vício
E a língua
mansamente
sob os
dentes
e já
na febre o corpo
recolhido
O sangue
nas veias
docemente
Numa
secreta afeição
ao
que é sofrido
e não
sente»
Poemas
de Maria Tereza Horta, in ‘As
Palavras do Corpo’
In
Maria Tereza Horta, As Palavras do Corpo, Publicações dom Quixote, Lisboa,
2014, ISBN 978-972-204-903-0.
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