Até ao pf dia 15 de Outubro de 2012. Sala de Exposições. Piso 3.
«Organizada no âmbito do IV
Simpósio Ibero-Americano de História da Cartografia a
exposição apresenta uma ampla retrospectiva sobre os estudos de cartografia
antiga realizados em Portugal ao longo dos últimos duzentos anos. É revisitada
a obra produzida no domínio da história da cartografia por mais de uma dezena
de investigadores portugueses, entre os quais sobressaem os nomes de Manuel
Francisco Barros Sousa, Duarte Leite, Abel Fontoura da Costa, Jaime e Armando
Cortesão, Luís de Albuquerque e Avelino Teixeira da Mota. Foram seleccionadas
cerca de 80 peças pertencentes aos diversos fundos da BNP, incluindo livros,
artigos, manuscritos autógrafos, fotografias, gravuras, atlas e mapas. A
exposição ilustra os progressos de um campo do saber ao qual Portugal esteve
associado desde a sua génese, nas primeiras décadas do século XIX. Encontra-se
organizada em quatro núcleos, correspondentes a períodos definidos por
contextos culturais, científicos e político-diplomáticos específicos.
O primeiro núcleo, intitulado ‘O século do visconde’, está
centrado na extensa série de estudos preparados a partir da década de 1840 pelo
diplomata Manuel Francisco de Barros Sousa, 2.º visconde de Santarém, os quais
deram um horizonte disciplinar à própria história da cartografia. O segundo
painel estrutura-se em torno do ‘círculo da náutica’, designação escolhida para o
período de transição do século XIX para o século XX, quando o projecto
português para a história da cartografia foi relançado por um grupo de oficiais
da Armada que ambicionaram construir um conhecimento científico dos territórios
coloniais. Ernesto de Vasconcelos, Fontoura da Costa, Gago Coutinho e Teixeira
da Mota revêem-se neste projecto, ao qual a Universidade de Coimbra também
aparece associada através de Luciano Pereira Silva, Duarte Leite e Armando
Cortesão. O terceiro período tratado ilustra a longa permanência de Jaime
Cortesão no Brasil, entre 1940 e 1957, determinada por motivos políticos.
Designado ‘O exílio do cartólogo’, destaca-se aqui a série de
cursos sobre história da cartografia política brasileira que Jaime Cortesão
leccionou no Ministério das Relações Exteriores do Brasil entre 1944 e 1950.
Estes cursos abriram novas perspectivas ao estudo integrado dos mapas e da
formação do território brasileiro e representaram a primeira experiência formal
de ensino da história da cartografia no mundo. No último painel, chamado ‘Afirmação
de uma ciência’, tratam-se articuladamente três nomes que deixaram uma
marca profunda nos estudos sobre história da cartografia em Portugal na segunda
metade do século XX: Armando Cortesão, Avelino Teixeira da Mota e Luís de
Albuquerque. Tal como a exposição torna patente, a colaboração entre estes três
autores foi decisiva para a maturação de uma consciência epistemológica para
esta disciplina iniciada na transição do século XVIII para o século XIX em
torno da arte de ler os velhos mapas.
A inauguração da exposição da BNP será acompanhada pela edição de um livro
onde se reúne um conjunto de quinze estudos inéditos, assinados por um conjunto
alargado de investigadores de distintas especialidades e procedência
institucional. Estes estudos permitem realizar uma primeira leitura integrada
ao desenvolvimento intelectual da história da cartografia em Portugal. Trata-se
de uma edição conjunta do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de
Lisboa, do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa e da
Biblioteca Nacional de Portugal». In Biblioteca Nacional de Portugal, Francisco
Roque Oliveira (coordenação geral da exposição), Centro de Estudos Geográficos,
Universidade de Lisboa, Miguel Rodrigues Lourenço, Centro de História de
Além-Mar, Universidade Nova de Lisboa, Maria Joaquina Feijão.
Cortesia da BNP/JDACT