jdact
«Filha
do infante João, filho de João I, e de D. Isabel, sua sobrinha, filha Afonso,
1º duque de Bragança, e neta de Nuno Álvares Pereira, nasceu em 1429 e morreu
em Beja, a 30 de Setembro de 1506. Em 1445, sua mãe e seus tios decidiram o seu
casamento com o infante Fernando, seu primo co-irmão, filho segundo do rei
Duarte I. A existência de D. Beatriz pautou-se pela discrição até ao
mês de Setembro de 1470, aquando da morte de seu marido. Registe-se apenas que
deu à luz oito filhos entre 1458 e 1469, o último dos quais, o futuro rei
Manuel de Portugal. Quando o infante Fernando faleceu, todos os filhos do casal
sobreviventes eram menores. As duas raparigas estavam prometidas para
casamentos distintos: D. Leonor fora destinada para ser rainha de Portugal,
pelo enlace com o herdeiro do trono, o futuro João II, enquanto D. Isabel foi
encaminhada para Fernando, duque de Guimarães e herdeiro da Casa de Bragança. À
morte do infante Fernando, Afonso V concedeu ao filho primogénito de seu irmão
o património da Casa de Viseu-Beja: os ducados, o senhorio da Covilhã, o
senhorio das ilhas atlânticas e o monopólio das saboarias do reino. No entanto,
evitou a excessiva concentração de poder que havia ocorrido em seu irmão, pois
o cargo de condestável passou para João, filho segundo do duque de Bragança, o
governo da Ordem de Santiago recaiu no príncipe João e o governo da Ordem de
Cristo transitou para Diogo, o filho segundo do infante Fernando e D. Beatriz.
O
rei assumiu a tutoria deste sobrinho, procurando assim ganhar o controlo da
Ordem de Cristo, enquanto D. Beatriz ficou com a tutoria do seu primogénito e,
consequentemente, com a governação do ducado e das ilhas. No início de 1472,
faleceu João, o 3º duque de Viseu, pelo que lhe sucedeu no título seu irmão
Diogo e o ducado de Viseu voltou a ser acumulado na mesma pessoa com o governo
da Ordem de Cristo. D. Beatriz continuou a gerir o património do ducado, agora
em nome do filho Diogo.
Não terá sido fácil conduzir os negócios da Casa de Viseu.
Uma acta da vereação do Funchal de 31 de Janeiro de 1472, refere que após ter
sido lida uma carta da duquesa em que esta pedia que os homens bons da vila que
não se escusassem ao serviço camarário, “logo Rui Lopes, escudeiro, disse
que a carta susodita era carta de mulher”. A mulher, porém, impôs-se a esse
mundo dos homens e governou com autoridade os vastos domínios que pertenciam ao
duque Diogo. Durante o governo das ilhas por Fernando (1461-1470), a atenção da
Casa de Viseu concentrara-se sobretudo no desenvolvimento económico da ilha da
Madeira e no início do povoamento da ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo
Verde.
D.
Beatriz, distinguiu-se pela atenção especial que prestou às ilhas dos Açores,
tendo promovido a troca do capitão de São Miguel e tendo dividido a ilha
Terceira em duas capitanias. A partir de 1475 passou também a ser a tutora de
Diogo para a governação da Ordem de Cristo, quando Afonso V se envolveu na
guerra com Castela em defesa da candidatura de sua sobrinha, D. Joana, ao trono
castelhano.
A guerra luso-castelhana de 1475-1479 foi decisiva para a
recomposição do mapa político peninsular, pois a vitória de Isabel possibilitou
o estreitamento dos laços e a futura união das coroas de Castela e de Aragão,
pois a princesa castelhana era casada com Fernando, o herdeiro do trono
aragonês. Embora o conflito se relacionasse com a obtenção do ceptro
castelhano, os combates não se circunscreveram ao território peninsular, pois alastraram
para o Oceano. Era a primeira guerra luso-castelhana depois do início dos ‘Descobrimentos’
e logo as novas áreas sob influência portuguesa foram envolvidas no conflito.
Isabel pretendia retomar a política de seu pai, o rei João II de Castela, que
sempre se opusera ao avanço das caravelas portuguesas ao longo da costa da
Guiné, ao contrário de seu irmão Henrique IV que nunca se interessara pelo
assunto. Por isso, várias esquadras castelhanas foram enviadas à Guiné, sobretudo
na tentativa de controlar a região da Mina. Foi nessa ocasião que se procedeu à
construção da primeira fortificação em Angra, e navios castelhanos atacaram
pelo menos as ilhas de Porto Santo e de Santiago. Os territórios continentais
da Casa de Viseu-Beja, estavam, em regra, suficientemente longe da fronteira
para que as destruições causadas pela guerra não fossem significativas, mas os
domínios insulares da Casa estavam expostos aos ataques castelhanos e as
riquezas auferidas pela exportação do açúcar madeirense ou os rendimentos que a
Ordem de Cristo obtinha pela vintena do comércio da Guiné foram afectados
nestes anos. Além disso, o interesse de Isabel pelo Atlântico colocava os
domínios da Casa de Viseu no campo das moedas de troca quando a diplomacia
fosse chamada a sarar as feridas da guerra. Quando o conflito caiu num impasse,
foi precisamente D. Beatriz quem representou Portugal no encontro que veio a
decidir os termos da paz entre os dois reinos.
Isabel, a princesa que venceu a guerra na sua dimensão
ibérica, era filha do segundo casamento do rei João II; sua mãe, era D. Isabel,
irmã de D. Beatriz. A duquesa de Viseu era, assim, tia da castelhana o que a
colocou numa posição de maior proximidade pessoal para tentar resolver o
conflito. Em meados de Março de 1479, D. Beatriz, seguida por um pequeníssimo
séquito, cruzou a fronteira luso-castelhana em Segura e dirigiu-se para
Alcântara, onde era esperada pela sobrinha. Ambas as mulheres corriam riscos e
confiavam uma na outra:
- a duquesa entrava em território inimigo indefesa e a rainha de Castela colocava-se num castelo próximo da fronteira portuguesa sem ter um exército a protegê-la. As conversações duraram cerca de uma semana, e no final saiu um acordo, que é conhecido nos seus termos gerais: Portugal reconhecia a realeza de Isabel e comprometia-se a impedir que Joana, a rival, continuasse a ser uma pretendente ao trono castelhano; Castela ficava com o direito de conquistar o arquipélago das Canárias, mas reconhecia o direito de Portugal sobre o Oceano.
D.
Beatriz era a artífice da paz e conseguia assegurar a integridade dos domínios
e rendimentos atlânticos da Casa de Viseu-Beja. Depois, foi D. Beatriz quem
reuniu em Moura, nas célebres “Terçarias”
os reféns que ambos os reinos entregaram como penhores da paz, ao mesmo tempo
que entregava um dos seus filhos (alternadamente Diogo e Manuel) que
permaneceram como reféns em Castela.
D. Beatriz assistiu depois à execução de seu genro, o duque de Bragança, em 1483, e ao assassinato de seu filho Diogo, em 1484, mas soube permanecer discreta, apoiando seu último filho, Manuel na governação do ducado de Beja. Quando o seu neto, o príncipe Afonso, morreu de acidente, em 1491, D. Beatriz congregou as forças da sua Casa para defender os direitos de Manuel à sucessão de D. João II. Viveu os últimos anos da sua vida, em regra retirada em Beja, embora saibamos que, por exemplo, no Natal de 1500 estava em Lisboa, tendo participado nos festejos organizados por seu filho Manuel I. A Infanta D. Beatriz foi o poder em Portugal no século XV, início do século XVI». In João Paulo Oliveira e Costa, The Carnegie Institution of Washington/DAVENPORT, Frances Gardiner/Biblioteca de Barcelona/CESÁREO FERNÁNDEZ DURO / Biblioteca Nacional / Biblioteca de Sevilha.
D. Beatriz assistiu depois à execução de seu genro, o duque de Bragança, em 1483, e ao assassinato de seu filho Diogo, em 1484, mas soube permanecer discreta, apoiando seu último filho, Manuel na governação do ducado de Beja. Quando o seu neto, o príncipe Afonso, morreu de acidente, em 1491, D. Beatriz congregou as forças da sua Casa para defender os direitos de Manuel à sucessão de D. João II. Viveu os últimos anos da sua vida, em regra retirada em Beja, embora saibamos que, por exemplo, no Natal de 1500 estava em Lisboa, tendo participado nos festejos organizados por seu filho Manuel I. A Infanta D. Beatriz foi o poder em Portugal no século XV, início do século XVI». In João Paulo Oliveira e Costa, The Carnegie Institution of Washington/DAVENPORT, Frances Gardiner/Biblioteca de Barcelona/CESÁREO FERNÁNDEZ DURO / Biblioteca Nacional / Biblioteca de Sevilha.
(DOS ANÁLISIS
HISTÓRICO-JURÍDICOS EN TORNO AL DESCUBRIMIENTO DE LAS INDIAS: LA ACCESIÓN Y LA
OCUPACIÓN);
(Enxoval da Infanta);
(Versão do Tratado).
(Versão do Tratado).
Cortesia
de Wikipédia/Mensagem de Junho de 2010/JDACT