Mostra. Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778). No centenário de um caminhante solitário.
Do dia 20 de Setembro a 21 de Outubro de 2012. Sala de Referência.
«Mais pela sua obra como filósofo e sociólogo, do que
a de educador e compositor, Rousseau foi levado ao Panteão de França, 16 anos
após a sua morte, como herói nacional. Foi assim consagrado como figura que
maior influência exerceu no espírito da revolução de 1789, mas veio ainda a
sê-lo sobre todo o pensamento contemporâneo, dando expressão fundadora às ideias
democráticas modernas. A Biblioteca Nacional de Portugal assinala o
tricentenário do nascimento do filósofo de Genebra e a passagem de dois séculos
e meio sobre a publicação das obras que marcaram a sua vida, Emílio ou Da
Educação e Contrato Social. Nascido na Genebra francófona,
rumou a Paris com trinta anos, pensando seguir carreira na música a que se
dedicou inicialmente, quer como copista enquanto actividade de subsistência,
quer como compositor e teórico: ao sucesso na corte da pequena ópera O Adivinho
da Vila (1752) juntou-se a maior parte dos artigos do tema para a Enciclopédia
de Diderot e d’Alembert (1751-1772), além do artigo sobre Economia Política, e
a preparação de um Dicionário da Música (começado em 1755 e editado em
1767).
Mas a notoriedade pública surgira já por ocasião do seu Discurso
sobre as Ciências e as Artes, premiado em concurso pela Academia de Dijon
(1750), e das sequelas polémicas que se lhe seguiram, reforçada ainda com o Discurso
sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens, que apresentou à mesma
Academia (1754) e a que se sucedeu nova polémica, nomeadamente com Voltaire.
Começava aqui a distinção do papel solitário de Rousseau no contexto do muito
heterogéneo pensamento das Luzes.
Em seguida à publicação do romance A Nova Heloísa, em forma
epistolar (1761), que atingiu uma das maiores tiragens do século e antecipou o
gosto romântico do sentimento amoroso e de exaltação da natureza, o filósofo e
educador atingiu o auge com a edição, quase simultânea, em 1762, de Emílio
ou Da Educação (em Abril), onde se destacou o trecho Profissão de Fé
do Vigário Saboiano, e de O Contrato Social (em Maio), um dos
mais célebres ensaios político-filosóficos de sempre – obras condenadas pelo
Parlamento de Paris e interditadas em vários países, que valeram a seu autor a
perseguição e o exílio na Prússia e em Inglaterra, depois uma errância pela
Suíça.
De retorno a Paris, sob diversa protecção mecenática, acentua o perfil
misantrópico e isolado, escrevendo os seus escritos percursores da autobiografia
moderna, todos de publicação póstuma: As Confissões (que lançou no
papel entre 1765 a 1770) e Diálogos, Rousseau juíz de Jean-Jacques (1777),
não concluindo já Os Devaneios de um Caminhante Solitário (1778), tal
como sucedeu com uma continuação de Emílio, inconclusa, Emílio e
Sofia, ou os Solitários (1781)». In Biblioteca Nacional de
Portugal.
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