terça-feira, 18 de setembro de 2012

Mostra. Biblioteca Nacional de Portugal. Jean-Jacques Rousseau. «… o gosto romântico do sentimento amoroso e de exaltação da natureza, o filósofo e educador atingiu o auge com a edição em 1762, de Emílio ou Da Educação, onde se destacou o trecho Profissão de Fé do Vigário Saboiano, e de O Contrato Social, um dos mais célebres ensaios político-filosóficos de sempre»



Cortesia da bnp

Mostra. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). No centenário de um caminhante solitário.
Do dia 20 de Setembro a 21 de Outubro de 2012. Sala de Referência.

«Mais pela sua obra como filósofo e sociólogo, do que a de educador e compositor, Rousseau foi levado ao Panteão de França, 16 anos após a sua morte, como herói nacional. Foi assim consagrado como figura que maior influência exerceu no espírito da revolução de 1789, mas veio ainda a sê-lo sobre todo o pensamento contemporâneo, dando expressão fundadora às ideias democráticas modernas. A Biblioteca Nacional de Portugal assinala o tricentenário do nascimento do filósofo de Genebra e a passagem de dois séculos e meio sobre a publicação das obras que marcaram a sua vida, Emílio ou Da Educação e Contrato Social. Nascido na Genebra francófona, rumou a Paris com trinta anos, pensando seguir carreira na música a que se dedicou inicialmente, quer como copista enquanto actividade de subsistência, quer como compositor e teórico: ao sucesso na corte da pequena ópera O Adivinho da Vila (1752) juntou-se a maior parte dos artigos do tema para a Enciclopédia de Diderot e d’Alembert (1751-1772), além do artigo sobre Economia Política, e a preparação de um Dicionário da Música (começado em 1755 e editado em 1767).
Mas a notoriedade pública surgira já por ocasião do seu Discurso sobre as Ciências e as Artes, premiado em concurso pela Academia de Dijon (1750), e das sequelas polémicas que se lhe seguiram, reforçada ainda com o Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens, que apresentou à mesma Academia (1754) e a que se sucedeu nova polémica, nomeadamente com Voltaire. Começava aqui a distinção do papel solitário de Rousseau no contexto do muito heterogéneo pensamento das Luzes.
Em seguida à publicação do romance A Nova Heloísa, em forma epistolar (1761), que atingiu uma das maiores tiragens do século e antecipou o gosto romântico do sentimento amoroso e de exaltação da natureza, o filósofo e educador atingiu o auge com a edição, quase simultânea, em 1762, de Emílio ou Da Educação (em Abril), onde se destacou o trecho Profissão de Fé do Vigário Saboiano, e de O Contrato Social (em Maio), um dos mais célebres ensaios político-filosóficos de sempre – obras condenadas pelo Parlamento de Paris e interditadas em vários países, que valeram a seu autor a perseguição e o exílio na Prússia e em Inglaterra, depois uma errância pela Suíça.

De retorno a Paris, sob diversa protecção mecenática, acentua o perfil misantrópico e isolado, escrevendo os seus escritos percursores da autobiografia moderna, todos de publicação póstuma: As Confissões (que lançou no papel entre 1765 a 1770) e Diálogos, Rousseau juíz de Jean-Jacques (1777), não concluindo já Os Devaneios de um Caminhante Solitário (1778), tal como sucedeu com uma continuação de Emílio, inconclusa, Emílio e Sofia, ou os Solitários (1781)». In Biblioteca Nacional de Portugal.

Cortesia da BN de Portugal/JDACT