segunda-feira, 24 de setembro de 2012

História. Política Exterior. O drama de Inês de Castro. «Apesar de todos os perdões solenemente jurados, o infante Pedro, logo que subiu ao trono, conseguiu que o rei de Castela lhe entregasse os conselheiros de Afonso IV que tinham decidido a morte de D. Inês e fê-los executar com um rigor atroz…»



Cortesia de costapinheiro
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Política exterior. O drama de Inês de Castro
«Foi para o impedir que Afonso IV decidiu a morte de D. Inês de Castro, que foi degolada em 7 de Janeiro de 1355, nos paços de Sana Clara, em Coimbra, numa ocasião em que o infante estava ausente. Este não acatou a justiça mandada fazer pelo rei e declarou-se em revolta. Durante meses, o País foi assolado pelas tropas do infante, formadas sobretudo por nobres portugueses e galegos (entre estes últimos, os Castros). Chegaram a cercar o Porto durante duas semanas, cobiçosos das riquezas dos moradores. Estes defenderam-se colmatando as brechas das muralhas com os pendões das naus que estavam ancoradas no Douro. O estranho pormenor, revelado pelo “Livro de Linhagens do Conde D. Pedro”, parece mostrar a adesão das forças populares à causa do rei.
O conflito terminou com uma reconciliação: ‘E vendo os povos de Portugal os estragos da terra disseram que se conviessem, se não que os não podiam sofrer’. Esta passagem de Acenheiro, que trabalhou em papéis anteriores, parece indicar a exigência das forças populares no sentido do restabelecimento da paz.
Apesar de todos os perdões solenemente jurados, o infante Pedro, logo que subiu ao trono, conseguiu que o rei de Castela lhe entregasse os conselheiros de Afonso IV que tinham decidido a morte de D. Inês e fê-los executar com um rigor atroz, que impressionou os contemporâneos. Em 1360, anunciou formalmente que chegara a casar secretamente com D. Inês de Castro e, pela mesma ocasião, mandou construir os monumentais túmulos de Alcobaça, que são os mais notáveis exemplares de arte tumular existentes em Portugal. Logo que ficou concluído o que se destinava a D. Inês de Castro, realizou-se a trasladação desde Coimbra.
Estes factos, o desvario amoroso do infante, o conflito com o rei, a imolação de D. Inês à razão política, a solidariedade de uma grande parte da nobreza, a guerra civil, a ferocidade da vingança, a pompa da trasladação, a própria grandeza e o valor artístico dos túmulos, fizeram nascer uma lenda de origem provavelmente erudita, mas que não tardou a passar às camadas populares. Nessa lenda incluíam-se pormenores sem qualquer fundamento, como o da coroação e do beija-mão do cadáver. Ficaram célebres a peça de António Ferreira “A Castro” e sobretudo as comovidas estrofes d’Os Lusíadas que contribuíram muito para a popularização e internacionalização do episódio. Só em língua italiana foram recenseados, no início do século passado, cento e vinte e seis composições musicais ou baléticas sobre o tema. Da literatura passou ao cinema e às artes plásticas e deixou profunda marca no teatro de origem popular.

Progressos da economia monetária
Ao longo dos séculos XIII e XIV desenvolve-se o comércio interno e externo e progride a articulação da actividade comercial com a agricultura. Não é um fenómeno apenas português, mas uma tendência verificada em toda a Europa ocidental. A evolução portuguesa neste período é, sob esse aspecto, uma inserção da produção e do consumo nacionais no quadro da economia europeia.
O número de feiras aumentou rapidamente depois da crise política de 1245-1247. Entre os meados e os finais do século XIII são criadas cerca de trinta feiras. Os documentos relativos à sua instituição apresentam-nas sempre como sendo da iniciativa do rei.
Num documento de 1269, os burgueses de Coimbra reuniram-se ‘não por força, nem por engano, mas de sua livre vontade’ e aprovaram a decisão de Afonso III que mandava fazer uma feira na cidade, no bairro de Almedina». In José Hermano Saraiva, História Concisa de Portugal, Publicações Europa América, 1995.

continua
Cortesia de Europa América/JDACT