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quinta-feira, 21 de julho de 2011

António Ventura: A Maçonaria no Distrito de Portalegre (1903-1935). «A Maçonaria moderna surgiu em 1717,com a formação da Grande Loja de Londres, herdeira de uma tradição mais antiga que remonta às corporações medievais e, eventualmente, a outras organizações iniciáticas cristãs e até da Antiguidade»


Cortesia de wikipedia

Poucos temas provocaram tanta polémica nos últimos três séculos como o das sociedades secretas. Mas a verdade é que, nas mais diversas épocas, culturas e civilizações, desde as sociedades tecnologicamente mais atrasadas até às mais evoluídas, a existência real ou alegada de associações desse tipo provocou aceso debate, acaloradas discussões, condenações liminares e elogios igualmente ilimitados. Ainda hoje, quando algum periódico sente necessidade de apimentar as primeiras páginas, recorre a essa temática que se pretende sensacionalista. O conceito de sociedade secreta não se manteve imutável ao longo dos tempos, evoluiu e ganhou novas dimensões. As associações secretas de carácter mágico e religioso que encontramos na Antiguidade, no Egipto, na Grécia, em Roma, na Índia ou na Pérsia, possuíam características diferentes das sociedades secretas africanas ainda hoje existentes. Por outro lado, há um certo equívoco em torno do conceito de secreto, identificando-se secretismo com práticas ilícitas, pouco claras e censuráveis. Mas secretas eram também as reuniões dos cristãos nos primeiros tempos do cristianismo, ou no Japão dos séculos XVII e XVIII, dos judeus e dos protestantes durante as perseguições...

Cortesia de wikipedia

Tem havido, também, uma utilização demasiado generalizada da expressão «sociedade secreta». É que nem todos os agrupamentos que procuraram furtar-se aos olhares indiscretos foram ou são necessariamente «sociedades secretas».

De todas as sociedades secretas, a que suscitou maior polémica foi, sem sombra de dúvida, a Maçonaria. A Maçonaria moderna surgiu em 1717,com a formação da Grande Loja de Londres, herdeira de uma tradição mais antiga que remonta às corporações medievais e, eventualmente, a outras organizações iniciáticas cristãs e até da Antiguidade. Em 1723 foi dotada de um quadro legal, as famosas Constituições de Anderson. Influenciada pelos ideais iluministas e pelas correntes deístas muito difundidas no Velho Continente nos finais do século XVII e início do seguinte, a Maçonaria disseminou-se com rapidez pela Europa mas também pelas colónias americanas, onde teve um papel decisivo na independência daqueles territórios, deste os Estados Unidos até às colónias espanholas e ao Brasil.

Cortesia de wikipedia

A Maçonaria também chegou a Portugal ainda nas primeiras décadas do século XVIII Em 1727 já existia em Lisboa uma Loja formada por comerciantes britânicos que a Inquisição classificava como «dos Hereges Mercadores», por serem protestantes quase todos os seus membros. Esta Loja foi regularizada em 1735, filiando-se na Grande Loja de Londres. Em 1733 fundou-se uma segunda Oficina na capital portuguesa, a «Casa Real dos Pedreiros-Livres da Lusitânia», formada por elementos predominantemente católicos, de nacionalidade irlandesa, comerciantes, militares, marítimos, médicos e três frades de S. Domingos.

Obreiro desta Loja foi o oficial húngaro Carlos Mardel, um dos arquitectos da reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755. Uma terceira Loja surgiu em 1741, também em Lisboa, fundada pelo lapidário de diamantes John Coustos. De nacionalidade Suíça, depois naturalizado inglês, John Coustos descreveu as perseguições que sofreu por parte da Inquisição portuguesa, que o levaram à prisão e depois à expulsão do país. Desta Loja fizeram parte três dezenas de estrangeiros residentes em Portugal - franceses, ingleses, holandeses, italianos... - quase todos comerciantes». In António Ventura, A Maçonaria no Distrito de Portalegre, Editora Caleidoscópio, 2007; ISBN 978-989-8010-84-1.

Cortesia de Caleidoscópio
Com amizade, JDACT

domingo, 12 de junho de 2011

Quinta da Regaleira. Sintra: «A partir de um trabalho erudito de equivalências e analogias, aceita-se que o universo nos engloba e nos interpela num só movimento existencial. A cruz templária no fundo do poço iniciático, a cruz da Ordem de Cristo no pavimento da Capela, bem como todas as outras cruzes dispostas na Capela, testemunham a influência do templarismo no ideário sincrético de Carvalho Monteiro»


Cortesia de atracoessintra

«Situada em pleno Centro Histórico de Sintra, classificado Património Mundial pela UNESCO, a Quinta da Regaleira é um lugar com espírito próprio. Edificado nos primórdios do Século XX, ao sabor do ideário romântico, este fascinante conjunto de construções, nascendo abruptadamente no meio da floresta luxuriante, é o resultado da concretização dos sonhos mito-mágicos do seu proprietário, António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), aliados ao talento do arquitecto-cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936). A imaginação destas duas personalidades invulgares concebeu, por um lado, o somatório revivalista das mais variadas correntes artísticas - com particular destaque para o gótico, o manuelino e a renascença - e, por outro, a glorificação da história nacional influenciada pelas tradições míticas e esotéricas.
A Quinta da Regaleira é um lugar para se sentir. Não basta contar-lhe a memória, a paisagem, os mistérios. Torna-se necessário conhecê-la, contemplar a cenografia dos jardins e das edificações, admirar o Palácio dos Milhões, verdadeira mansão filosofal de inspiração alquímica, percorrer o parque exótico, sentir a espiritualidade cristã na Capela da Santíssima Trindade, que nos permite descermos à cripta onde se recorda com emoção o simbolismo e a presença do além. Há ainda um fabuloso conjunto de torreões que nos oferecem paisagens deslumbrantes, recantos estranhos feitos de lenda e saudade, vivendas apalaçadas de gosto requintado, terraços dispostos para apreciação do mundo celeste. A culminar a visita à Quinta da Regaleira, há que invocar a aventura dos cavaleiros Templários, ou os ideais dos mestres da maçonaria, para descer ao monumental poço iniciático por uma imensa escadaria em espiral. E, lá no fundo com os pés assentes numa estrela de oito pontas, é como se estivéssemos imerses no ventre da Terra-Mãe. Depois, só nos resta atravessar as trevas das grutas labirínticas, até ganharmos a luz, reflectida em lagos surpreendentes». In CM de Sintra.


Cortesia de atracoessintra

«A documentação histórica relativa à Quinta da Regaleira é escassa para os tempos anteriores à sua compra por Carvalho Monteiro. Sabe-se que, em 1697, José Leite era o proprietário de uma vasta propriedade nos arredores da vila de Sintra, que hoje integra a Quinta. Francisco Albertino Guimarães de Castro comprou a propriedade (conhecida como Quinta da Torre ou do Castro em 1715), em hasta pública, canalizou a água da serra a fim de alimentar uma fonte aí existente. Em 1830, na posse de Manuel Bernardo, a Quinta toma a actual designação. Em 1840, a Quinta da Regaleira é adquirida pela filha de uma negociante do Porto, de apelido Allen, que mais tarde foi agraciada com o título de Baronesa da Regaleira. Data deste período a construção de uma casa de campo que é visível em algumas representações iconográficas de finais do século XIX. A história da Regaleira actual principia em 1892, ano em que os barões da Regaleira vendem a propriedade ao Dr. António Augusto Carvalho Monteiro por 25 contos de réis. A maior parte da construção actual da quinta teve início em 1904 e estava terminada em 1910.
A quinta foi vendida a Waldemar d'Orey em 1942 que, sem ter desvirtuado o que tinha sido concebido, procedeu a grandes obras de modo a acolher a sua grande família e profundíssimas obras de restauro, já que a casinha não era cuidada há muito. Em 1987 a Quinta da Regaleira é adquirida pela empresa japonesa Aoki Corporation e deixa de servir como habitação, sendo entregue ao cuidado de caseiros e permanece fechada ao público.

Cortesia de wikipedia 

Em 1997, a Câmara Municipal de Sintra adquire este valioso património, iniciando pouco depois um exaustivo trabalho de recuperação do património edificado e dos jardins. Actualmente, a Quinta da Regaleira está aberta ao público e é anfitriã de diversas actividades culturais.

Chama-se esotérico a um conhecimento oculto, seja doutrina ou técnica de expressão simbólica, reservado aos iniciados. O esoterismo é, pois, o conjunto de práticas e de ensinamentos esotéricos, no contexto de uma tradição multifacetada que abrange diferentes épocas, lugares e culturas. A Alquimia, a Maçonaria e os Templários, por exemplo, incorporam teorias, rituais e procedimentos herméticos que se integram no âmbito do esoterismo:
  • Na tipologia do misticismo judaico, firmado na procura de Deus e na experiência da divindade, o esoterismo baseia-se, fundamentalmente, na lei das correspondências, que visa encontrar, através do recurso à analogia, relações simbólicas entre o divino e o terreno, entre o transcendente e o imanente, entre o visível e o invisível, entre o homem e o universo:. A passagem de uma a outra dimensão opera-se em cerimónias de iniciação, por meio de encenações e rituais de carácter mágico, nos quais o neófito recebe o segredo da transmutação, aceita a filiação no grupo de companheiros e acede a um nível espiritual superior.
A Franco-Maçonaria antiga, dita operativa, deriva das confrarias, das corporações, dos agrupamentos profissionais de pedreiros livres e dos construtores das catedrais medievais. À defesa dos interesses profissionais, juntavam os franco-maçons, preocupações de carácter filantrópico, moral e religioso. Os grupos maçónicos, organizados em sociedades secretas e reunindo em lojas, foram perdendo o carácter exclusivamente operativo e começaram a aceitar membros estranhos à profissão mas que perfilhavam os mesmos ideais iniciáticos.
O declínio das confrarias origina, por filiação directa, o aparecimento em 1717, em Inglaterra, da Maçonaria moderna, dita especulativa, uma vez que já não existe ligação à prática do oficio de construção, tendo utensílios como o esquadro e o compasso adquirido um valor eminentemente simbólico.

Cortesia de wikipedia 

A Maçonaria provocou, praticamente desde o início, a oposição da Igreja Católica, embora muitos dos ensinamentos maçónicos, de inspiração cristã, preconizem a crença nas virtudes da caridade, na imortalidade da alma e na existência de um princípio espiritual superior denominado Grande Arquitecto do Universo:. Grande parte da simbologia maçónica, sobretudo a dos altos graus, inspira-se em correntes esotéricas tais como a alquimia, o templarismo e o rosacrucianismo, inscritas em diversos locais da Regaleira. A alquimia tem por objectivo a transmutação real ou simbólica dos metais em ouro e por fim último a salvação da alma:. As operações alquímicas são realizadas num Atanor, ou seja, num forno alquímico de combustão lenta, com um cadinho e um balão nos quais se pretende espiritualizar a matéria e materializar o espírito:. Este propósito essencial da Alquimia operativa, executada em laboratório, é a obtenção da Pedra Filosofal, simbiose entre matéria e espírito, da qual poderia resultar, segundo os alquimistas, além da transmutação dos metais em ouro, a realização de um dos desejos ancestrais da humanidade: o elixir da longa vida, capaz de proporcionar saúde e eterna juventude. Neste sentido, há quem considere a procura alquímica como uma metáfora da condição humana. A Alquimia assumiu, depois do século XVIII, um carácter manifestamente religioso, dedicando-se sobretudo ao estudo das relações espirituais e energéticas entre o homem (microcosmo) e o universo (macrocosmo). A partir de um trabalho erudito de equivalências e analogias, aceita-se que o universo nos engloba e nos interpela num só movimento existencial - ele é ao mesmo tempo transcendência (Outro) e nós próprios.

Parece evidente que a concepção religiosa do mundo que preside à Regaleira assenta no Cristianismo, mas num Cristianismo escatológico, que tem a ver com o fim dos tempos. Quer recorramos à lição da escatologia cósmica, que prenuncia o fim do universo e da humanidade, quer nos atenhamos à escatologia individual, que assenta na crença da sobrevivência da alma depois da morte, é a mesma ideia obsessiva que encontramos:. É também um Cristianismo gnóstico, apoiado em discursos míticos e em conhecimentos sagrados que prometem a salvação dos fiéis e o retorno dos espíritos:. É, enfim, um Cristianismo imbuído de ideais neotemplários, associados ao Culto do Espírito Santo, que encontramos na tradição mítica portuguesa.

Os templários foram monges-soldados, cuja ordem militar, fundada no período das Cruzadas em 1119, visava proteger os lugares santos da Palestina contra o perigo dos infiéis. Os votos de pobreza e castidade não impediram os Cavaleiros da Milícia do Templo de enriquecer e de desempenhar um importante papel económico e político, tanto no Oriente como na Europa, a ponto de criarem poderosos inimigos, como o rei Filipe IV de França e o Papa Clemente V, que levaram à perseguição e à extinção da ordem em 1314, sob acusações, porventura falsas, de blasfémia e imoralidade. Em 1317, D. Dinis de Portugal afectou os bens dos templários à Ordem de Cristo, que muitos aceitaram como sua sucessora.
Desaparecidos os templários não desapareceu o templarismo, cujo espírito, resumido na defesa dos lugares sagrados e na luta contra o mal, renasceu em várias correntes e organizações iniciáticas como sendo a afirmação simbólica da sobrevivência da Ordem do Templo. A cruz templária no fundo do poço iniciático, a cruz da Ordem de Cristo no pavimento da Capela, bem como todas as outras cruzes dispostas na Capela, testemunham a influência do templarismo no ideário sincrético de Carvalho Monteiro.

Cortesia de wikipedia 

Há ainda, na Regaleira, referências rosacrucianas, em alusão à corrente esotérica iniciada no século XVII, de tendência cristã, utilizando os símbolos conjuntos da rosa e da cruz. O movimento Rosa-Cruz propunha reformas sociais e religiosas, exaltava a humildade, a justiça, a verdade e a castidade, apelando à cura de todas as doenças do corpo e da alma. Tornou-se também grau maçónico de várias Ordens e, ainda hoje, existem algumas escolas esotéricas e sociedades secretas que pretendem assumir-se como reaparições da Ordem Rosa-Cruz». In Wikipédia.

Cortesia da CM de Sintra e Wikipédia/JDACT

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Revolução de 1820: «A revolução eclodiu e triunfou no Porto em 24 de Agosto. É facto assente que a preparação básica da revolta liberal se deveu ao Sinédrio, organização maçónica. Além de obter a colaboração de corpos militares, grupos particulares e indivíduos sem ligação com a Maçonaria, contou também com a colaboração das lojas existentes, a Segurança Regeneradora e a Regeneração»

Cortesia de editorialpresenca 
A Revolução de 1820
«É facto assente que a preparação básica da revolta liberal de 1820 se deveu ao Sinédrio, organização maçónica que depressa se confundiu com um capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz. Além de obter a colaboração de corpos militares, grupos particulares e indivíduos sem ligação com a Maçonaria, contou também com a colaboração das lojas existentes, nomeadamente a Segurança Regeneradora e a Regeneração, de Lisboa ambas, e de maçons residentes em Santarém, Coimbra, Figueira da Foz, Aveiro e Porto. Acrescente-se que a revolta se inseria num espírito revolucionário internacional e que fora precedida pela revolução liberal espanhola, de Janeiro-Março de 1820 e pela revolução liberal napolitana, de 2 deJulho do mesmo ano. Como consequência directa da primeira intensificaram-se os contactos entre liberais espanhóis e liberais portugueses e entre maçons de ambos os países, sendo relevante o papel do Encarregado de Negócios espanhol em Lisboa, em 1820-21, o maçon José Maria de Pando, secundado pelo seu adido, o tenente-roronel José Maria Barrero, outrossim pedreiro-livre.

Cortesia de capeiaarraiana

Cortesia de noseahistoria
Como consequência directa da segunda incrementaram-se as relações entre a Carbonária napolitana e a recém-constituída Carbonária portuguesa, com suas ancilares, as lojas de Jardineiros, deslocando-se a Portugal uma missão revolucionária napolitana, cujo impacte real é ainda mal conhecido.
Não faltam notícias sobre a actividade febril dos membros do Sinédrio, sobretudo em Junho-Agosto de 1820, com deslocações frequentes dos seus membros a diversos pontos do País. Pela mesma época foi conseguida a importante adesão de Fr. Francisco de S. Luís, o futuro cardeal Saraiva, maçon antigo, de nome simbólico Condorcet, que «convenceu o coronel Barros, importante chefe militar estacionado no Minho, a apoiar o movimento». Barros pertenceu também à Maçonaria, embora não saibamos a data em que foi iniciado.
 A revolução eclodiu e triunfou no Porto em 24 de Agosto de 1820. Boa parte dos militares participantes e determinantes do sucesso pertencia à Ordem maçónica: além do coronel Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, comandante do regimento de Infantaria 18 e ele próprio membro do Sinédrio, eram, segundo consta, maçons o tenente-coronel José Pereira da Silva Leite de Berredo, da Polícia do Porto, o ajudante do Regimento de Milícias da Maia, Tibúrcio Joaquim Barreto Feio, o major do mesmo Regimento, José Pedro Cardoso da Silva, o coronel de Caçadores 11, Francisco António Pamplona Moniz, o já mencionado comandante do Regimento de Infantaria 9, António Lobo Teixeira de Barros de Barbosa, o major de Caçadores 6, Manuel Vaz Pinto Guedes, e o tenente-coronel do Regimento de Milícias da Feira, António Barreto Pinto Feio. Também o era o tenente-general governador das Armas do Porto, Filipe de Sousa Canavarro.

Cortesia de nostrumtempus

historiaaraposo
Ao levantamento do Porto seguiram-se insurreições em várias localidades do País, com forte participação maçónica. Foi o caso de Vila da Feira, cujo grito pela liberdade se deveu ao comandante local, o maçon Francisco António Moniz Pamplona. Também em Coimbra, aderente à causa liberal em 3l de Agosto, parecem ter enquadrado o movimento revolucionário a loja maçónica Sapiência e o grupo carbonário em constituição. Do comité enviado pela Junta do Porto para conseguir a adesão das regiões vizinhas faziam parte o coronel Sepúlveda, como chefe, o auditor do exército, Francisco de Serpa Saraiva Álvares Machado, o alferes assistente do quartel-mestre general, Diogo José de Sousa Folque, e os cadetes do regimento de Cavalaria 6, Francisco de Sousa Silva Alcoforado e Francisco Roberto da Silva Ferrão, sendo averiguadamente maçons os três primeiros. É provável que a participação maçónica tivesse sido igualmente relevante nas povoações minhotas que não tardaram a juntar-se aos revolucionários e onde vieram depois a constituir-se lojas maçónicas: Ponte de Lima, Viana do Castelo, talvez Braga e Guimarães». In A. H. de Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, Editorial Presença, Lisboa 1989.

Cortesia de Editorial Presença/JDACT

sábado, 9 de abril de 2011

TEMÁTICA, a Maçonaria: Parte V. Oliveira Marques sobre a Maçonaria. «Conhecimento filosófico, 4º. Grau: Mestre Secreto - o maçom aprende as virtudes do Silêncio. Avança no conhecimento de símbolos utilizados; 5º. Grau: Mestre Perfeito - Aprende-se a meditação interior, o princípio moral de render culto à memória de honrados antepassados e completa o conhecimento dos graus anteriores...»

Cortesia de cabalamaconaria 

Graus
«Teoricamente, deveria haver cerimónias de iniciação em cada, um dos graus da hierarquia maçónica. Na prática, respeita ao Rito Escocês, com os seus 33 graus. Estas cerimónias só se efectuam nos mais importantes, por exemplo no 2.º, no 3.º, no 15.º, no 18.º, no 30.º e no 33º, processando-se a passagem a outros graus por decisão e comunicação das autoridades supremas da Maçonaria. Pode ainda tal elevação ser feita com dispensa dos chamados graus intermédios. O Rito Escocês, em Portugal, compõe-se, como foi dito, de 33 graus, cuja ascensão, para cada obreiro, simboliza o gradual aperfeiçoamento no conhecimento dos números e de si próprio. Esses 33 graus têm nomes simbólicos ligados a uma tradição remota e fixada no século XVIII:

O aprendiz maçom está dividido por etapas. Cada etapa é desenvolvida numa Câmara própria, com seus respectivos graus. São elas:
  • Lojas Simbólicas (do 1º. ao 3º. grau),
  • Lojas de Perfeição (do 4º. ao 14º. grau),
  • Capítulos (do 15º. ao 18º. grau),
  • Conselhos de Kadosch (do 19º. ao 30º. grau),
  • Consistórios (31º. e 32º. graus),
  • Supremo Conselho (33º. grau).

Cortesia de omapadomaroto
Conhecimento de si próprio
1º. Grau: APRENDIZ - O Aprendiz deve, acima de tudo, saber aprender. É o primeiro contacto com o Simbolismo Maçónico. Aprende as funções de cada um no templo e sempre busca o desenvolvimento das virtudes e a eliminação dos vícios. Muitos maçons antigos afirmam que este é o mais importante de todos os graus.
2º. Grau: COMPANHEIRO - A fase de Companheiro propicia ao maçom um excepcional conhecimento de símbolos, além de avanços ritualísticos e desenvolvimento do carácter.
3º. Grau: MESTRE - É o chamado grau da plenitude maçónica. No âmbito do Simbolismo (Lojas Simbólicas) é o grau mais elevado que permite ocupar quaisquer cargos. O Mestre possui conhecimentos elevados da história e objectivos maçónicos.

Cortesia de sociedadesocultas 

Conhecimento filosófico
4º. Grau: MESTRE SECRETO - Neste grau, além de outros conhecimentos, o maçom aprende as virtudes do Silêncio. Avança, fantasticamente, no conhecimento de símbolos utilizados na Maçonaria em geral.
5º. Grau: MESTRE PERFEITO - Aprende-se no 5º. grau a meditação interior. Privilegia este grau, o princípio moral de render culto à memória de honrados antepassados. Completa o conhecimento dos graus anteriores.
6º. Grau: SECRETÁRIO ÍNTIMO ou MESTRE POR CURIOSIDADE - É dedicado à necessidade de se buscar o conhecimento, sem o qual não há progresso. Contudo, adverte para a vã curiosidade, capaz de gerar malefícios. Investiga-se a miséria social e as maneiras de combatê-las, dentre outras coisas.
7º. Grau: PREBOSTE E JUIZ ou MESTRE IRLANDÊS - Neste grau estuda-se a equidade, os princípios da Justiça, o Direito Natural e alguns princípios éticos da liderança.
8º. Grau: INTENDENTE DOS EDIFÍCIOS ou MESTRE EM ISRAEL - Dedica-se a estudar a fraternidade do homem através de valores como o trabalho e o direito à propriedade. Combate à hipocrisia, à ambição e à ignorância.
9º. Grau: MESTRE ELEITO DOS NOVE - Estuda-se a realidade dos ciclos, as forças negativas e a força da reconstrução.
10º. Grau: MESTRE ELEITO DOS QUINZE - Estuda-se a extinção de todas as paixões e as tendências pouco proveitosas, censuráveis.
11º. Grau: SUBLIME CAVALEIRO ELEITO ou CAVALEIRO ELEITO DOS DOZE - Dedica-se à regeneração.
12º. Grau: GRÃO-MESTRE ARQUITECTO - Estuda o poder da representação popular.
13º. Grau: CAVALEIRO REAL ARCO - Estuda os magos pontífices do Egito e de Jerusalém.

Cortesia de msmacom 

Conhecimento do Universal pelo Amor
14º. Grau: GRANDE ELEITO ou PERFEITO E SUBLIME MAÇOM - É o grau mais alto das Lojas de Perfeição. Proclama o direito inalienável da liberdade da consciência. Defende uma educação digna para que o homem possa ter governantes que assegure direitos e obrigações compatíveis.
15º. Grau: CAVALEIRO DO ORIENTE - Dedica-se à luta incessante para o progresso pela razão.
16º. Grau: PRÍNCIPE DE JERUSALÉM - Estuda a vitória da liberdade como consequência da coragem e perseverança.
17º. Grau: CAVALEIRO DO ORIENTE E DO OCIDENTE - Explora o Direito de reunião.
18º. Grau: CAVALEIRO ROSA-CRUZ - É dedicado ao triunfo da Luz sobre as Trevas. É a libertação pelo Amor.

Cortesia de symbolom

Realização da ordem Humana em harmonia com o universal
19º. Grau: GRANDE PONTÍFICE - Fala sobre o triunfo da Verdade, estuda o pontificado.
20º. Grau: MESTRE AD VITAM - É consagrado aos deveres dos Chefes das Lojas Maçónicas.
21º. Grau: NOAQUITA ou CAVALEIRO PRUSSIANO - Estuda os perigos da ambição e o arrependimento sincero.
22º. Grau: CAVALEIRO DO REAL MACHADO ou PRÍNCIPE DO LÍBANO - Estuda o trabalho como propagador de sentimentos nobres e generosos.
23º. Grau: CHEFE DO TABERNÁCULO - Dedica-se à vigilância dos valores propagados pela Ordem e ao combate da superstição.
24º. Grau: PRÍNCIPE DO TABERNÁCULO - Dedica-se à conservação das doutrinas maçónicas.
25º. Grau: CAVALEIRO DA SERPENTE DE BRONZE - Dedica-se ao combate ao despotismo.
26º. Grau: PRÍNCIPE DA MERCÊ ou ESCOCÊS TRINITÁRIO - Estuda princípios de organização social através da Igualdade e Harmonia.
27º. Grau: GRANDE COMENDADOR DO TEMPLO - Defende princípios de governo democrático.
28º. Grau: CAVALEIRO DO SOL ou PRÍNCIPE ADEPTO - Estuda a Verdade.
29º. Grau: GRANDE ESCOCÊS DE SANTO ANDRÉ - É dedicado à antiga Maçonaria da Escócia.
30º. Grau: CAVALEIRO KADOSCH - Fecha o ciclo de estudos no Kadosch. É um grau de estudos profundos a respeito do Simbolismo e Filosofia Maçónicos.


Cortesia de andreia-andreiavieira
Graus Administrativos
31º. Grau: GRANDE JUIZ COMENDADOR ou INSPECTOR INQUISIDOR COMENDADOR - Estuda o exame de consciência detalhado. Só os conscientes podem ser justos. Estuda-se História.
32º. Grau: SUBLIME CAVALEIRO DO REAL SEGREDO: Estuda o poder militar.
33º. Grau: SOBERANO GRANDE INSPECTOR GERAL: É o último grau. Fecha o ciclo de estudos. É, em última análise, o maçom mais responsável ( pois todos o são!) pelos destinos da Maçonaria no país (no que tange ao Filosofismo). É o guardião, mestre e condutor da Maçonaria.

NOTA: O objectivo foi dar uma visão geral de cada um dos graus. Evidentemente os mesmos tem muito mais conteúdo do que foi comentado. Bons livros de Maçonaria, dedicados ao público em geral, podem, com certeza, subsidiar de forma mais apropriada àquele que pretenda saber mais. Há livros que comentam quase tudo da Maçonaria.

In A. H. Oliveira Marques, A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo, Publicações Dom Quixote, 2ª Edição 5 O 797, Maio 1983.
Cortesia de Publicações Dom Quixote/JDACT

segunda-feira, 7 de março de 2011

TEMÁTICA, a Maçonaria: Parte IV. Oliveira Marques sobre a Maçonaria. «A mais relevante cerimónia na vida de um maçon é a iniciação. Na chamada «câmara das reflexões», pequena e escura - símbolo da Terra e da Morte -, o candidato assina um compromisso de honra»


Cortesia de dombruno
Iniciação
«A primeira e a mais relevante cerimónia na vida de um maçon é a iniciação. Verdadeiro «baptismo» maçónico. Esta cerimónia destina-se a admitir um profano no seio da Ordem, fazendo-lhe ver «a luz». Na chamada «câmara das reflexões», pequena e escura - símbolo da Terra e da Morte -, o candidato assina um compromisso de honra, responde por escrito a um questionário sobre os deveres de todo o homem e redige runa pequena declaração de princípios de natureza moral, filosófica ou política, o chamado «testamento». De olhos vendados, levam-no depois à sala onde se encontram reunidos os maçons que o oxperimentam sobre as suas qualidades e propósitos, admitindo-o (ou rejeitando-o) no fim.

Todo este cerimonial, outrora muito longo e complicado, tende a simplificar-se e reduzir-se, sobretudo em Maçonarias que sofreram períodos de perseguição e clandestinidade e foram, por isso, obrigadas a abreviar as reuniões havidas.


Cortesia de primeirovigilante
A essência deste acto de iniciação é o juramento prestado pelo candidato e redigido nos seguintes termos básicos:
  • «Pela minha honra, de minha livre e espontânea vontade, na presença do Supremo Arquitecto do Universo e desta Respeitável Loja, juro e prometo, solene e sinceramente, não revelar nunca os segredos e mistérios da Maçonaria actualmente meus conhecidos ou que de futuro venha a conhecer, senão a um bom amigo e legítimo maçon ou numa loja regularmente constituída; a não dizer nem por qualquer forma divulgar o que puder ver e ouvir, ou acidentalmente descobrir dentro ou fora das assembleias maçónicas, sem que para isso haja obtido licença dos corpos superiores, legalmente constituídos, e somente pela forma que me for indicada; a trabalhar com afinco, constância e regularidade na obra da Maçonaria, praticando a Verdade; aceitar os meus Irmãos, ajudá-los ou socorrê-los nas suas necessidades. Igualmente juro e prometo observar a Constituição e Regulamento Geral, as leis do Rito Escocês Antigo e Aceite, e Regulamento desta respeitável loja do Grande Oriente Lusitano, e todas as leis maçónicas em vigor».
Cortesia de skyscrapercity
Funde tradições que remontam à mais alta Antiguidade com outras bem mais modernas, de há cem ou menos anos. Pode, no entanto, dizer-se que a sua parte mais importante foi constituída nos séculos XVIII e XIX». In A. H. Oliveira Marques, A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo, Publicações Dom Quixote, 2ª Edição 5 O 797, Maio 1983.





Cortesia de Publicações Dom Quixote/JDACT

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TEMÁTICA, a Maçonaria: Parte III. Oliveira Marques sobre a Maçonaria. «O ritual maçónico compreende uma série de cerimónias, sinais, toques e palavras, ilustrando-se mediante paramentos, objectos e outros elementos decorativos de grande riqueza emblemática»

Cortesia de oliveiramarquestripod
Ritual
«A forma da Maçonaria é ritualista, reza o artigo 2.º da Constituição Portuguesa de 1926. Eis a caraeterística maçónica que mais contribui para afastar e para atrair os profunos, para justificar acusações de arcaísmo, atitudes de mofa e de superior condescendência ou, pelo contrário, para suscitar interesses pueris de curiosidade e de mistério. Nos muitos livros e artigos escritos sobre Maçonaria por autores profanos, é o ritual - mais ou menos adulterado, quando não totalmente falsificado que aparece sempre como prato de resistência, como razão de ser desses mesmos livros e artigos. Não apenas se vicia a descrição de cerimónias e sinais de reconhecimento - transformados, muitas vezes, em grotescas cenas de carnaval ou em macabros actos aparentados com a magia negra - como também se truncam e acrescentam textos, fazendo-os dizer e significar coisas que nunca disseram nem significaram.

Cortesia de oliveiramarquestripod

Não se esqueça, para começar, que toda a nossa vida se desenrola sob o signo do ritual. Quase todos os actos de cortesia e de civilidade são ritualistas, embora tenhamos, de há muito já, esquecido o seu significado de origem. Levantar o braço com o punho cerrado ou transportar uma bandeira numa manifestação política são actos de ritual. Fazer a continência ou levar aos lábios o punho da espada são actos de ritual. Usar amuletos, medalhas e emblemas, sejam eles de carácter religioso ou político, traduzem atitudes de simbolismo ou ritualismo que normalmente não levamos em conta. Qualquer cerimónia religiosa cristã ou pagã, a missa, por exemplo, é um conjunto de ritos mais ou menos consciencializados. E os exemplos multiplicar-se-iam para lembrar ao leitor que o ritual maçónico é apenas mais um entre os muitos rituais que abundam e se entrecruzam nas nossas vidas quotidianas.

Por outro lado, o ritual da Maçonaria, para além do seu significado histórico e moral, que todo o maçon deve conhecer com rigor, tem-se simplificado com o andar dos tempos e tende a simplificar-se ainda mais, exactamente como os rituais cristãos se simplificaram e dia a dia se vão desformalizando as políticas do nosso viver civil.

Cortesia de emule
Há, é certo, na Maçonaria, uma corrente espiritualista assaz poderosa, que vê no ritual muito mais do que um conjunto de símbolos e de políticas simbólicas de fácil explicação racionalista, os quais, levando a depuração e a simplificação formalistas, próprias da nossa época, às suas ultimas consequências, se poderiam em última análise abolir por completo sem com isso ser tocada a essência da Ordem. Para essa corrente, a Maçonaria dispõe de um método próprio para a pesquisa da Verdade, admitindo-se, consequentemente, a existência de uma Verdade absoluta, a chamada iniciação temática. Mediante a iniciação, o indivíduo é levado, ao autêntico Conhecimento por uma iluminação, o interior, projecção e apreensão no centro do Eu humano da luz transcendente (R. Naudon). Nestes termos, «a iniciação real deve distinguir-se cuidadosamente das iniciações simbólicas que são apenas imagens suas». Para autores como estes, o método iniciático é uma via essencialmente intuitiva, utilizando a Maçonaria símbolos para provocar a tal «iluminação» por aproximação analógica. Naudon afirma que é difícil «clarificar os símbolos maçónicos em linguagem usual sem lhes falsificar o sentido profundo e o valor». A partir do método analógico da via iniciática, explica o mesmo autor a lei do silêncio maçónico, que interpreta como sendo, simultaneamente, de ordem simbólica e iniciática. «Só o silêncio - diz, por seu turno, C. Chevillon - pode permitir-nos entender a via subtil das essências». «Os verdadeiros segredos da Maçonaria são, aqueles que não se dizem ao adepto e que ele deve aprender a conhecer pouco a pouco, soletrando os símbolos». Ou ainda «o que-se transmite pela iniciação não é o segredo em si, o qual é incomunicável, mas a influência espiritual que tem por veículos os ritos» (R. Guenon).

Cortesia de primeirovigilante
Esta interpretação religiosa e metafísica da Maçonaria está, no entanto, longe de ser aceite por todos ou, porventura pela maioria dos maçons. Espécie de nostalgia do cristianismo ou até dos cultos herméticos do passado pagão, leva a conceber a Ordem como uma nova igreja, expressão já utilizada pelo escritor francês Jules Romains. Ela depara, todavia, com a forte resistência de todos aqueles que vêem na Maçonaria apenas uma instituição laica, racionalista e progressiva, sempre na vanguarda do conhecimento humano e nas conquistas sociais e políticas da Humanidade. Para estes, uma Maçonaria religiosa e baseada em métodos que consideram não científicos está votada ao desaparecimento ou à inutilidade. Defendendo embora o ritual e advogando até a sua prática rigorosa como cimento indispensável à unidade todos numa ligação com o passado o que não exclui ritos indispensáveis e inadiáveis, rejeitam toda a explição desse mesmo ritual que não seja puramente simbólica e nacionalista. Só dessa maneira, alegam, pode a Maçonaria alargar e diversificar as suas fileiras, integrando nelas adeptos de credos religiosos variados e filosofias políticas ateias. Esta foi-sempre, também, a corrente tradicional da Maçonaria portuguesa. Relembre-se o artigo 2.º da Constituição maçónica de 1926: «A forma da Maçonaria é ritualista».

Cortesia de gremiolusitano
A forma, apenas, e não a essência.
O ritual maçónico compreende uma série de cerimónias, sinais, toques e palavras, ilustrando-se mediante paramentos, objectos e outros elementos decorativos de grande riqueza emblemática. Funde tradições que remontam à mais alta Antiguidade com outras bem mais modernas, de há cem ou menos anos. Pode, no entanto, dizer-se que a sua parte mais importante foi constituída nos séculos XVIII e XIX». In A. H. Oliveira Marques, A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo, Publicações Dom Quixote, 2ª Edição 5 O 797, Maio 1983.
Cortesia de Publicações Dom Quixote/JDACT

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

José Liberato Freire de Carvalho: O Spartacus da Maçonaria. «Hoje, 22 de Junho de 1854, em que faço 80 annos ... principio a escrever estas Memórias da Minha Vida. ...Não me envergonho de dizer que morro pobre, bem que honrado; com tudo... »

(1772-1855)
S. Martinho do Bispo
Cortesia de purl

José Liberato Freire de Carvalho foi um frade da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho que depois de egresso foi jornalista e intelectual de relevo e um dos políticos portugueses mais marcantes do século XIX.

Cortesia de openlibrary

Exerceu as funções de deputado às Cortes e de redactor do jornal oficial, a Gazeta de Lisboa. Foi um dos editores dos jornais da emigração liberal portuguesa em Londres e é autor de uma extensa obra sobre a história política de Portugal e da Europa.
 
Cortesia de openlibrary


Foi eleito sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa em 14 de Dezembro de 1836. Com o nome simbólico de Spartacus, foi membro da Maçonaria, sendo em 1804 eleito Mestre do Grande Oriente Lusitano e posteriormente dirigente interino da Maçonaria do Sul.


 http://openlibrary.org/works/OL5562597W/Memórias_da_vida_de_José_Liberato_Freire_de_Carvalho
Cortesia de flipkart

JDACT

domingo, 2 de janeiro de 2011

TEMÁTICA, a Maçonaria: Parte II. Oliveira Marques sobre a Maçonaria. «A Maçonaria pretende construir o futuro da Humanidade, tornando-a melhor. Esta definição básica surge nos textos constitucionais da Maçonaria em todo o mundo. A Constituição da Maçonaria portuguesa de 1926 definia-a como «uma instituição essencialmente humanitarista, procurando realizar as melhores condições de vida social»

Cortesia de oliveiramarquestripod

O que é a Maçonaria
«Não possui a Maçonaria leis gerais nem livro santo que a definam ou obriguem todo o maçon através do Mundo. Não sendo uma religião, não tem dogmas. Em cada país e ao longo dos séculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram fé para comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas isso não obsta a que a Maçonaria possua certo número de princípios básicos, aceites por todos os irmãos em todas as partes do globo. É essa aceitação, aliás, que torna possível a fraternidade universal dos maçons e a sua condição de grande família no seio da Humanidade, sem que, no entanto, exista uma potência maçónica à escala mundial nem um Grão-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a acção da Ordem.

Cortesia de oliveiramarquestripod

Construção
Vejamos o seu nome. Maçonaria vem provavelmente do francês «Maçonnerie», que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, o «maçon». A Maçonaria terá assim, como objectivo essencial, a edificação de qualquer coisa. O maçon, o pedreiro-livre em vernáculo português, será portanto o construtor, o que trabalha por erguer um edifício.
Mas construir o quê? Lembramo-nos de ter visto, em Abril de 1973, numa cidade da Suíça, um grande cartaz publicitário que tanto se poderia aplicar à profissão de pedreiro (aquilo a que a história da Maçonaria chama a Maçonaria operativa) como à condição de maçon (a Maçonaria especulativa). O cartaz representava um homem com uma trolha de pedreiro dirigindo-se ao público e proclamando:
  • «Bâtis ton avenir! Deviens maçon!», ou seja: «constrói o teu futuro! Torna-te pedreiro!».
A definição era perfeita. O maçon pretende construir o seu próprio futuro, tornando-se melhor. A Maçonaria pretende construir o futuro da Humanidade, tornando-a melhor.

Cortesia de ascendenswordpress
Esta definição básica surge nos textos constitucionais da Maçonaria em todo o mundo, embora expressa em formas diferentes. A Constituição da Maçonaria portuguesa de 1926 definia-a como «uma instituição essencialmente humanitarista, procurando realizar as melhores condições de vida social» (artigo 1.º). A constituição do Grande Oriente Português, Supremo Conselho da Maçonaria ao norte de Portugal (cismático), definia-a, em 1895, como «uma instituição secreta e ritualista que, sem servir classe determinada, tem por fim servir praticamente, pela comunhão de esforços dos seus adeptos, o melhoramento e aperfeiçoamento das condições materiais, morais e intelectuais da sociedade» (artigo 1.º). A de 1840 definia-a como «uma associação de homens livres que tem por fim o exercício da beneficência, a prática de todas as virtudes e o estudo da moral universal, das ciências e das artes» (artigo 1.º), estipulando (artigo 9.º, n.º 3.º) como um dos principais deveres do maçon «fugir à ociosidade e trabalhar assiduamente na ilustração do género humano». E outras muitas formas se encontrariam». In A. H. Oliveira Marques, A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo, Publicações Dom Quixote, 2ª Edição 5 O 797, Maio 1983.

Cortesia de Publicações Dom Quixote/JDACT

domingo, 17 de outubro de 2010

Jorge Velez Caroço: A Maçonaria. As «balizas temporais» que correspondem à constituição do Triângulo nº 31, de Portalegre, e à fundação do Triângulo nº 368, de Ponte de Sor. A Maçonaria no Distrito de Portalegre de António Ventura»

Cortesia de arepublicano
Com a devida vénia a António Ventura.

Da autoria de António Ventura, professor catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, este livro principia com uma introdução sobre os séculos XVIII e XIX, estudando depois, de forma mais sistemática, o período compreendido entre 1903 e 1935, balizas temporais que correspondem à constituição do Triângulo nº 31, de Portalegre, e à fundação do Triângulo nº 368, de Ponte de Sor.

Percorre as Oficinas de várias obediências existentes no Distrito, Lojas e Triângulos, vinculados ao Grande Oriente Lusitano Unido, ao Grémio Luso-Escocês e ao Direito Humano, com os respectivos quadros e biografias dos seus membros, bem como os naturais do Distrito que pertenceram a oficinas noutros pontos do país.

Cortesia de historianovest
As informações iniciais, recolhidas nos Livros Gerais do Arquivo do Grémio Lusitano, foram completadas com outra documentação existente no Arquivo Distrital de Portalegre, em primeiro lugar, mas também foi consultada a imprensa local e nacional. Sem esquecer as informações dadas por familiares dos biografados. No total, este estudo inclui quase 3 centenas de biografias, muitas acompanhadas de fotografias. A par de nomes como João Camoesas, Adelaide Cabete, Vitória Pais Madeira, Arnaldo Brazão, Eusébio Leão e Jorge Frederico Velez Caroço, surgem dezenas de homens e de mulheres que saem, desta forma, de um esquecimento a que estavam condenados.

Cortesia de demolayhojesempre
«Este livro constitui um olhar sobre a Maçonaria em Portugal numa perspectiva regional. Também neste caso, cremos que a multiplicação de estudos localizados e delimitados regional e cronologicamente permitirá, no futuro, construir um quadro mais rigoroso da implantação, acção e influência da Maçonaria em Portugal. Publicado pela Editora Caleidoscópio, com o patrocínio do Governo Civil de Portalegre e da Câmara Municipal de Portalegre e com o apoio do Instituto Alexandre Herculano da Faculdade de Letras de Lisboa, das Câmaras Municipais de Arronches, Fronteira, Elvas, Gavião e Marvão». In António Ventura.

António Ventura, «A Maçonaria no distrito de Portalegre», Editora: Caleidoscópio, 2007; 374 páginas; ISBN: ISBN 978-989-8010-84-1; Nº do Depósito Legal 259418/07.

Cortesia de  jaburucab
Cortesia de António Ventura.
Com amizade, JDACT