sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Revolução de 1820: «A revolução eclodiu e triunfou no Porto em 24 de Agosto. É facto assente que a preparação básica da revolta liberal se deveu ao Sinédrio, organização maçónica. Além de obter a colaboração de corpos militares, grupos particulares e indivíduos sem ligação com a Maçonaria, contou também com a colaboração das lojas existentes, a Segurança Regeneradora e a Regeneração»

Cortesia de editorialpresenca 
A Revolução de 1820
«É facto assente que a preparação básica da revolta liberal de 1820 se deveu ao Sinédrio, organização maçónica que depressa se confundiu com um capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz. Além de obter a colaboração de corpos militares, grupos particulares e indivíduos sem ligação com a Maçonaria, contou também com a colaboração das lojas existentes, nomeadamente a Segurança Regeneradora e a Regeneração, de Lisboa ambas, e de maçons residentes em Santarém, Coimbra, Figueira da Foz, Aveiro e Porto. Acrescente-se que a revolta se inseria num espírito revolucionário internacional e que fora precedida pela revolução liberal espanhola, de Janeiro-Março de 1820 e pela revolução liberal napolitana, de 2 deJulho do mesmo ano. Como consequência directa da primeira intensificaram-se os contactos entre liberais espanhóis e liberais portugueses e entre maçons de ambos os países, sendo relevante o papel do Encarregado de Negócios espanhol em Lisboa, em 1820-21, o maçon José Maria de Pando, secundado pelo seu adido, o tenente-roronel José Maria Barrero, outrossim pedreiro-livre.

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Como consequência directa da segunda incrementaram-se as relações entre a Carbonária napolitana e a recém-constituída Carbonária portuguesa, com suas ancilares, as lojas de Jardineiros, deslocando-se a Portugal uma missão revolucionária napolitana, cujo impacte real é ainda mal conhecido.
Não faltam notícias sobre a actividade febril dos membros do Sinédrio, sobretudo em Junho-Agosto de 1820, com deslocações frequentes dos seus membros a diversos pontos do País. Pela mesma época foi conseguida a importante adesão de Fr. Francisco de S. Luís, o futuro cardeal Saraiva, maçon antigo, de nome simbólico Condorcet, que «convenceu o coronel Barros, importante chefe militar estacionado no Minho, a apoiar o movimento». Barros pertenceu também à Maçonaria, embora não saibamos a data em que foi iniciado.
 A revolução eclodiu e triunfou no Porto em 24 de Agosto de 1820. Boa parte dos militares participantes e determinantes do sucesso pertencia à Ordem maçónica: além do coronel Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, comandante do regimento de Infantaria 18 e ele próprio membro do Sinédrio, eram, segundo consta, maçons o tenente-coronel José Pereira da Silva Leite de Berredo, da Polícia do Porto, o ajudante do Regimento de Milícias da Maia, Tibúrcio Joaquim Barreto Feio, o major do mesmo Regimento, José Pedro Cardoso da Silva, o coronel de Caçadores 11, Francisco António Pamplona Moniz, o já mencionado comandante do Regimento de Infantaria 9, António Lobo Teixeira de Barros de Barbosa, o major de Caçadores 6, Manuel Vaz Pinto Guedes, e o tenente-coronel do Regimento de Milícias da Feira, António Barreto Pinto Feio. Também o era o tenente-general governador das Armas do Porto, Filipe de Sousa Canavarro.

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Ao levantamento do Porto seguiram-se insurreições em várias localidades do País, com forte participação maçónica. Foi o caso de Vila da Feira, cujo grito pela liberdade se deveu ao comandante local, o maçon Francisco António Moniz Pamplona. Também em Coimbra, aderente à causa liberal em 3l de Agosto, parecem ter enquadrado o movimento revolucionário a loja maçónica Sapiência e o grupo carbonário em constituição. Do comité enviado pela Junta do Porto para conseguir a adesão das regiões vizinhas faziam parte o coronel Sepúlveda, como chefe, o auditor do exército, Francisco de Serpa Saraiva Álvares Machado, o alferes assistente do quartel-mestre general, Diogo José de Sousa Folque, e os cadetes do regimento de Cavalaria 6, Francisco de Sousa Silva Alcoforado e Francisco Roberto da Silva Ferrão, sendo averiguadamente maçons os três primeiros. É provável que a participação maçónica tivesse sido igualmente relevante nas povoações minhotas que não tardaram a juntar-se aos revolucionários e onde vieram depois a constituir-se lojas maçónicas: Ponte de Lima, Viana do Castelo, talvez Braga e Guimarães». In A. H. de Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, Editorial Presença, Lisboa 1989.

Cortesia de Editorial Presença/JDACT