terça-feira, 31 de julho de 2018

Pensamentos de um Poeta no 31. Manuel Costa Viegas. «Gáfete terra de mistérios e é de uns encantos sem fim, e tem ainda homens sérios e muitas mulheres de jardim»

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O povo ordeiro e trabalhador desta terra, ainda exige de si mais inteligência para mostrar aos outros daquilo que é capaz.

Os inventores
«Gáfete terra de mistérios
E é de uns encantos sem fim,
E tem ainda homens sérios
E muitas mulheres de jardim.
E tem em castelo cientistas
E já famosos em ciências
E Júlio Gingado em experiências
Inventa as aves fadistas,
E faz costelas imprevistas.
E é Senhor Jenela Hortelão
Faz tudo se for chamado.
Faz o nabo dar feijão
E faz o vinho do nabo.
Ainda inventa o rebuçado
E esse oferece aos seus amigos
E muitos deles ainda o são,
Desde o Canito ao Ratão
E aos modores mais antigos.
E se as pielas são castigos
O Sr. Jenela oferece mais,
E se essa Moenga venceu,
Leva Sr. Balhanas e Abreu
Um rebuçadinho dos tais.

Em cientistas ainda há mais!
Muitos há no poço novo,
Sr. Filinto inventa em troça,
Fazendo assim ver ao povo
Seu carneiro puxa carroça.
Sr. Galigana inventa a grosa
E em história já é sabido
E em experiência inventa o Rei
Faz andar carro partido
Em avião de torneio.
Mas é Lili ali um Rei,
Esse é valente de raça
Toureando o toiro na praça,
Inventa a péga de caras.

As mulheres lindas e das mais raras
Enlouquecem e lhe dão uma flôr
E ainda exclamam em coro divino:
Ó lili és um amor eu te ofereço
O meu destino.
Não esquecendo Sr. Zé Sabino!
Não está essa inteligência em jogo,
Esse Sr. inventou esta:
De um velho quadro de bicicleta
Fez uma arma de fogo.
Senhor Zé Agostinho eu não divulgo,
É um Deus em exigências,
Tem um passe de bola certinho
E inventa nas residências
A trompete a dar bailinho.

Mas há por ai uns senhores,
Que já merecem a lingua às tiras
E em exigências sem valor
Estão inventando as mentiras.
Se em experiências dançam viras
Em inocentes estão falando,
Até inventam as más mocinhas
E homens que estão levando
Onde levam as galinhas.
Ainda inventam mulheres louquinhas,
Drogados e bons ladrões
E as lésbicas e um ser diferente?
E em experiências sem valor
Inventam a mulher da gente.
Haverá disso tudo certamente,
Mas inventar o que não é,
É difamar gente no fundo.
Que estão inocentes até
E andam nas bocas do mundo.

Sr. Pardal faz-se num segundo,
Em pífaro de grande fama,
Armando Gavinha inventa a dor
Inventa as lebres na cama
É um dos bons caçadores.
João Malagueta inventa amores?!
João Carpinteiro obras na mão
E as madeiras em barulhos.
Manuel Cunha o achegão
Armando Mafaldo os Tortulhos.

Cascata inventa empedregulhos
A ciência das grandes pedradas,
E os Anechins que é seu segredo,
E se vos dá prazer ouvir rajadas.
João Ratão inventa o pedo.
Manuel Moucho inventa em medo
As palavras e as entrevistas,
E as maneiras de um ser humano:
Foi um dos grandes ciclistas
E foi um guerreiro africano.
Eu inventava o oceano,
Lagartos e galinhas chocas
E as alegrias que um homem encerra.
Sr. Manuel Moucho as minhocas
E os lagostins sempre em guerra.
Eu ainda inventava a paz na terra,
Muito amor e mais riqueza
E em fila os homens sérios;
E a bomba atómica portuguesa
Nesta terra de mistérios».
Poemas de Manuel Costa Viegas
Edição do Autor, in “Perante Deus somos iguais”; Julho de 1993

Cortesia de Tipografia Guedelha/JDACT

No 31. Pensamentos de um Poeta. Manuel Costa Viegas. «Se nalguns senhores reparasses a agricultura, é indiferente e ainda em algumas classes o camponês não é gente. Ele trabalha humildemente…»

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Camponês Alentejano
«O Alentejo de lés-a-lés
É pacífico e é humano
Em frente mostra que és
Camponês Alentejano.
E mostra que és alguém
E fazer o bem és capaz
E mostra que sabes também
Erguer o símbolo da paz…
E sabes o mal que se faz
Sem dele poderes fugir
Desejas ver e sentir
Acabar o ódio e a guerra
E as criancinhas a sorrir
Neste planeta que é a terra.
Faz ouvir a tua voz!
.Até aos pontos vitais
Não queiras ser teus avós
Que foram uns marginais.
Camponês, somos iguais
Aos dos fábricas ou liceus
E não queremos, ó Rei dos Céus.
Portugueses de primeira
E quem estiver na Lei de Deus
Pensa da mesma maneira.

Se nalguns senhores reparasses
A agricultura, é indiferente
E ainda em algumas classes
O camponês não é gente
Ele trabalha humildemente
Nesses bens essenciais
E desde a fruta aos cereais
Faz produzir com amor,
Mas produzia muito mais
Se lhe dessem mais valor.

Alentejo tens teus segredos
Só tu conheces, camponês
Entre as planícies e arvoredos
Sentes-te mais português
Que vigias o gado muita vez
Lá longe, ao som do chocalho
Nas manhãs lindas de orvalho,
Reflectes essa verdade:
Que sem o fruto do teu trabalho
Não viveria a humanidade».


Quem ama mulher bonita
«Quem ama mulher bonita,
É amar em desmedida.
Ele por certo acredita
Que há milagres na vida.

O milagre sempre é esperado,
Quando o pior não se evita.
Anda-se sempre desconfiado
Quem ama mulher bonita.

Só acredita quem quer.
Quem experimentou não duvida.
Ser escravo da mulher
É amar em desmedida.

Se mulher bonita dá chatices,
Se por ciúme ele se irrita.
Ela fala com meiguices
E ele por certo acredita.

Se ela for só do marido,
E sem ter vaidade de ser querida.
Eu fico então convencido
Que há milagres na vida».
Poemas de Manuel Costa Viegas
Edição do Autor, in “Perante Deus somos iguais”; Julho de 1993

Cortesia de Tipografia Guedelha/JDACT

domingo, 29 de julho de 2018

Pensamentos de um Poeta. Manuel Costa Viegas. «E esse teu povo é mesmo assim e é alérgico à estupidez. Por isso se exclama muita vez: Gáfete Vila, és um jardim»

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Gáfete Vila, és um jardim
«Gáfete Vila és um jardim,
Parece-nos quereres dizer
Que és de encantos sem ter fim
' E o que é bom é Para se ver.
E o desporto em força queres ter.
Limitam-se a seguir teus Passos.
- Bola ao centro! - Grita a assistência,
João de Rosa, Caturra e Travassos
São homens em evidência.
És ainda por excelência
A jóia de estimação,
Quem está cá por residência
Recebe milhares da região,
Onde se convive em união
E existe amor Português.
E esse teu povo é mesmo assim
E é alérgico à estupidez.
Por isso se exclama muita vez:
Gáfete Vila, és um jardim.
Terra linda estás vaidosa,
E em cultura vais em frente
Tinhas a banda iá famosa,
E tens um rancho não diferente.
Tens homens bons certamente
Que te estão a dar Projecção.
Mata-burros é dos Primeiros!
Gáfete é por tradição
Terra de grandes toureiros.
Tens teus santos Populares!
E o Santo António é o mais querido,
Recebe as moças aos milhares
À procura de marido.
São Pedro está convencido
Que a sua festa é a mais recente,
São João nos reza em Prosa
E em nossas vidas está Presente,
Ele é o padroeiro da gente,
Terra linda estás vaidosa.
Tens em Castelo teu Passado
E em cada esquina ficou
Mistérios de um Povo estimado
Que restos de vida ali deixou'
Muitos deles já Deus levou,
Esteja em paz a alma deles
A Terra lhes seja leve.
Manuel Lopes foi um deles
Que Gáfte Vila, muito deve.

Se Ele fosse vivo ia breve
A visita à Fonte Nova.
Onde estava satisfeito
E da praça lhe diziam em trova:
O Centro de Dia está feito.
Os balneários, eu não aceito,
Banhoca na barragem
Faz chichi em qualquer lado
Mas é linda a tua imagem,
Se tens no Centro gente em viagem
Tens em Castelo teu passado».


Noite dos Poetas Populares
Mote
Crato, terra de obreiros
Portugueses, bons artistas;
Filhos da Pátria de Camões,
Nação de velhos fadistas.

I
Crato é mesmo um céu aberto
Tem um Deus e uns anjinhos
E uns Senhores muito Santinhos...
Mas lixam sempre um São Roberto.
Manuel Filipe, esse está certo,
É um Santo dos milagreiros,
Mas há uns santinhos herdeiros
E santas num vai-vem,
Mas também, sabe fazer o bem,
Crato, terra de obreiros !

II
São Gregório sempre nos rodeia,
Mas nas rezas exclama assim:
Gáfete é lindo, é um jardim,
Mas lá, São Marcos presenceia
O bem-fazer do Senhor José Gouveia.
E senhor Viriato, nas entrevistas
E senhor João a dar nas vistas
E senhor Cascata, em orador
E senhor Espalha a dizer em amor:
Portugueses, bons artistas!

III
O povo de Gáfete é civilizado,
Mas os do Crato são mais possantes.
É o senhor Pratas uns dos-santos;
Virou, virou e está virado.
Vítor Braz é um encarregado,
Mas não admite aldrabões.
José Manuel, em Gáfete, só vê cifrões.
Mas vai, vai senhor Ferreira sempre em frente,
Mas tem muita raça essa gente,
Filhos da Pátria de Camões!

IV
Senhor Lau é muito adorado,
Por cristãozinhos e ateus,
Mas é Senhor José Leitão o nosso deus
E fez de Gáfete um altar estimado
E nos fez um milagre sagrado:
Excluiu os maus dos humanistas
E fez Chico Faria rever as listas
E Mário Cruz soprar o balão
E dizer essa frase com emoção:
Nação de velhos fadistas!»
Poemas de Manuel Costa Viegas
Edição do Autor, in “Perante Deus somos iguais”; Julho de 1993

Cortesia de Tipografia Guedelha/JDACT

Pensamentos de um Poeta. Manuel Costa Viegas. «… tradições de viver dos seus avós, vem à cena a gaita de beiços ou as tradicionais desgarradas num despique feroz em que os intervenientes dão o melhor que sabem…»

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«Será que neste mundo ainda há alguém, que olhe para o próximo com superioridade? Ó meu Deus, até me dói escrever esta triste frase».

Neste mundo em que vivemos
«Neste mundo em que vivemos
Mais amor podia haver.
Se nós compreendermos
Todos temos que morrer.

Mas há ainda infelizmente
Muita gente que ignora
Que aquilo que foi outrora
Não é igual ao presente.
Amanhã será diferente!
O futuro desconhecemos,
É por isso que nós devemos
Não ter ódio nem maldade
Nem orgulho nem vaidade
Neste mundo em que vivemos.

Se a vaidade vos ilude
Por terem dinheiro a mais
Perante Deus somos iguais
O dinheiro não paga tudo.
Se és rico e tens saúde!
Conclui que pode ser
Se tu ajudasses com prazer
Os que sofrem no dia-a-dia
Neste mundo da hipocrisia
Mais amor podia haver.

Os humildes e os nobres
Têm todos a mesma sorte
O dinheiro não paga a morte
Isso é um bem dos pobres.
O dinheiro que não encobres!
A ignorância que temos,
Não paga aquilo que queremos
Nem às vezes a felicidade
Mas é um bem da humanidade
Se nós compreendermos.

Quem somos nós sem amor
Muito menos com sofrimento
Porque nós somos infelizmente
Qualquer coisa sem valor.
Disse-nos Cristo Nosso Senhor!
Ensinando-nos a viver
Há-de ser o que Deus quiser
Mas não o que o homem sonha
E essa frase medonha
Todos temos que morrer».


Senhor José Mendes da Graça
«É ganadeiro leal e crente,
O Sr. José Mendes da Graça;
É sempre um homem valente
Toureando os touros na praça.

É Senhor de grande fama
Esse de quem estou falando,
O seu nome já vai ficando
Nas caravelas do Gama.
Faz o bem a quem o chama
E o progresso que é sempre em frente
É humano certamente
Esteja ele onde estiver,
Não é um homem qualquer!
É ganadeiro leal e crente.

Há touros na região,
José Vicente mano a mano
Valente Veríssimo e Zé Albano
E o mata-burros tem razão,
Fazendo esta afirmação:
- Somos forcados de raça!
Por muita boquinha passa
Essa frase comovida,
Obrigado foi oferecida
Senhor Zé Mendes da Graça.

A ganadaria lhe dá prazeres
E orgulho por ser famosa,
Tem por residência Tolosa
E por condão as mulheres.
Que lhe desfolha malmequeres
Com amor ardentemente
Por isso exclama muita gente
Mas sem fugir da razão:
Senhor Zé Mendes engatatão
É sempre um homem valente.

É reconhecido o seu valor
E nas glórias se escreve,
A festa brava muito deve
A este grande Senhor.
É incansável o seu ardor
Nas muitas vidas que abraça
E a sua alegria não disfarça
se estalam foguetes no ar,
Ele é mestre e faz vibrar
Toureando os touros na praça».
Poemas de Manuel Costa Viegas
Edição do Autor, in “Perante Deus somos iguais”; Julho de 1993

Cortesia de Tipografia Guedelha/JDACT