Câmara Municipal de Portalegre
Antigo convento e colégio da Companhia de Jesus
Cortesia Wikipédia.
Portalegre é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Portalegre, situada na região do Alentejo, sub-região do Alto Alentejo. É sede de um município subdividido em 10 freguesias, limitado a norte pelo município de Castelo de Vide, a nordeste por Marvão, a leste pela Espanha, a sul por Arronches e Monforte e a oeste pelo Crato.
Embora a paisagem dos municípios a norte de Portalegre ainda seja tipicamente alentejana, com zonas relativamente planas alternando com colinas na maior parte dos casos relativamente médias/altas, Portalegre é frequentemente descrita como uma zona de transição entre o Alentejo mais seco e plano, e as Beiras, mais húmidas e montanhosas. A orografia é mais variada do que na generalidade do resto do Alentejo, o que contribui para que a paisagem tenha características peculiares.
A cidade, como é vulgarmente conhecida, encontra-se a uma altitude entre os 450 e 600 metros, na zona de transição entre a paisagem relativamente plana, mas com muitas colinas pouco elevadas a sul e oeste, e o sistema montanhoso da Serra de S. Mamede, que a rodeia a norte, leste e sueste.
A geologia é variada, o que se traduz na variedade dos solos, existindo zonas de xistos, grauvaques, calcários e quartzitos. As características únicas da paisagem, flora e fauna, estão na base da criação do Parque Natural da Serra de São Mamede, que integra uma parte considerável da área do concelho.
Muralha junto à Rua da Figueira
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Muralha junto à Rua dos Muros de Baixo; ao fundo situava-se a Porta do Postigo
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O nome de Portalegre terá origem em Portus Alacer (porto, ponto de passagem, e alacer, alegre), ou mais simplesmente Porto Alegre. É provável que no século XII existisse um povoado no vale a leste da Serra da Penha. O nome de Portalegre, onde uma das actividades importantes seria a de dar abrigo e mantimentos aos viajantes (daí o nome de porto, ponto de passagem ou abastecimento). Sendo o local aprazível (alegre), nomeadamente pelo contraste das suas encostas e vales verdejantes com a paisagem mais árida e monótona a sul e norte. A povoação prosperou e sabe-se que em 1129 era uma vila do concelho de Marvão, passando a sede de concelho em 1253, tendo-lhe sido atribuído o primeiro foral em 1259 por D. Afonso III, que mandou construir as primeiras fortificações, as quais não chegaram a ser completadas. Juntamente com Marvão, Castelo de Vide e Arronches, a cidade de Portalegre foi doada por D. Afonso III ao seu segundo filho, Afonso.
O rei seguinte, D.Dinis, mandou edificar as primeiras muralhas em 1290, as quais ele próprio viria a cercar durante 5 meses em 1299, na sequência da guerra civil que o opôs ao seu imrão, que reclamava o trono alegando que D. Dinis era filho ilegítimo. Nesse mesmo ano, D. Dinis concederia a Portalegre o privilégio de não ser atribuído o senhorio da vila «nem a infante, nem a homem rico, nem a rica-dona, mas ser d’ el-Rei e de seu filho primeiro herdeiro».
Após D. Fernando ter morrido em 1383 sem deixar herdeiros masculinos, D. Leonor Teles assumiu a regência do Reino ao mesmo tempo que se amantizava com o Conde Andeiro, um fidalgo galego. Esta situação inquietou grande parte do povo, burguesia e uma parte da nobreza, pois temia-se que esta situação reforçasse as pretensões ao trono português de D. João I de Castela, o qual era casado com D. Beatriz, a filha de D. Fernando e D. Leonor. Esta crise dinástica, que envolveu uma guerra civil com contornos de guerra entre Portugal e Castela, viria a ficar conhecida como a Crise de 1383—1385. O partido mais forte de entre os que se opunham às pretensões ao trono de D. João de Castela e D. Beatriz apoiava a coroação do Mestre de Avis. Entre os nobres que apoiaram o Mestre de Avis contava-se Nuno Álvares Pereira, irmão do então alcaide de Portalegre, Pedro Álvares Pereira, Prior do Crato (líder da Ordem dos Hospitalários em Portugal), o qual era acérrimo partidário de D. Leonor. Esta posição do alcaide provocou a revolta do povo de Portalegre, que cercou o castelo e obrigou D. Pedro a fugir para o Crato. O ex-alcaide viria a morrer em 1385 na Batalha de Aljubarrota, onde combateu do lado contrário do seu irmão Nuno. A mãe dos irmãos Álvares Pereira, Fria Gonçalves, vivia nesse tempo no «Corro» (actual Praça da República).
A vila foi crescendo em importância e em 21 de Agosto de 1549 foi criada a Diocese de Portalegre, por bula do papa Paulo III, na sequência de diligências nesse sentido por parte do rei D. João III, que elevaria Portalegre a cidade a 23 de Maio de 1550. A importância da cidade nessa época traduzia-se, por exemplo, no volume das receitas do imposto sobre as judiarias, o qual era semelhante ao do Porto, e só era ultrapassado pelo de Lisboa, Santarém e Setúbal. Era também um dos centros de indústria de tecidos mais importantes do país, juntamente com Estremoz e Covilhã.
Sé Catedral de Portalegre
Portalegre torna-se capital do distrito com o seu nome, aquando da formação dos distritos a 18 de Julho de 1835. As famosas portas de Portalegre, estão assinaladas na planta em baixo.
1 - Porta de Elvas; 2 - Porta de Évora; 3 - Porta do Crato; 4 - Porta Falsa; 5 - Porta da Devesa; 6 - Porta do Postigo;
7 - Porta de Alegrete
No passado existiam 7 portas (alguns estudiosos falam em 8), das quais só subsistem 5. As mais emblemáticas são a Porta do Crato, mais conhecida por Arco do Bispo, a Porta da Devesa ou do Espírito Santo, no cimo da Rua 5 de Outubro e a Porta de Alegrete, do século XIII ( ou de São Francisco, conhecida hoje por arco de Santo António, no extremo ocidental da Praça da República (antigo «Corro»).
Alguns edifícios históricos:
Antigo Seminário (século XVI/XVIII), actual Museu Municipal;
Antigos Paços do Concelho (sede da câmara municipal) (século XVII);
Palácio dos Condes de Vilar Real ou de D. Nuno de Sousa (século XVI), onde se destacam as janelas manuelinas;
Casa dos Condes de Melo;
Palácio Achioli (século XVI e XVIII), actual Escola Superior de Educação de Portalegre;
Palácio Amarelo;
Palácio Avillez (século XVIII), actual Governo Civil;
Palácio Barahona (século XVIII), aloja actualmente o Arquivo Distrital de Portalegre;
Palácio dos Condes de Castelo Branco (século XVIII), actualmente aloja o Museu da Tapeçaria de Portalegre;
Palácio dos Andrade e Sousa (século XVII), actualmente sede do Instituto Politécnico de Portalegre.
A cidade de Portalegre e os seus arredores contam com mais de 30 fontes históricas. Até finais do século XIX, a água canalizada estava praticamente circunscrita às fontes, e só a partir dos anos 40 do século XX se pode falar de água canalizada ao domicílio. As fontes de Portalegre começam, por isso, por constituir um mobiliário urbano de características utilitárias.
Outros pontos com interesse histórico:
Portal Gótico da Rua do Castelo;
Rua dos Besteiros;
Rua do Arco;
Plátano do Rossio;
Praça da República (antigo Corro);
Miradouro de Santa Luzia – Situado na Serra de Portalegre (679 m), na estrada para o Salão Frio, a norte da cidade;
Miradouro da Penha – Situado no adro de um capela do século XVII na encosta da Serra da Penha, a oeste da cidade;
Miradouro das Carreiras – Situado na povoação do mesmo nome, é um local panorâmico de grande beleza paisagística natural. Na freguesia das Carreiras existem também troços de calçada medieval que merecem ser visitados;
Miradouro da Igreja de Nossa Senhora da Lapa – Outro local de panorâmico de grande beleza paisagística natural, à beira de uma pequena Igreja cavada na rocha, a 1 km da povoação de Besteiros;
Pico da Serra de São Mamede – Situado a 1025 m de altitude, é o ponto mais elevado de Portugal continental a sul do Tejo. Dali se avista a barragem da Apartadura, a vila de Marvão, a Serra da Estrela e parte da Extremadura espanhola.
Muito fica por dizer sobre a «Bela» cidade de Portalegre. Uma Parte II surgirá.
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