sábado, 20 de novembro de 2010

A Fortaleza de Terena: A entrada principal, em cotovelo, revela bem o alcance das obras manuelinas, uma vez que é acedida por dois amplos arcos de volta perfeita, com impostas marcadas e decoradas com bolas e entrelaçados. Integrava a linha de defesa do Guadiana, dado o interesse que D. Dinis teve na consolidação desta linha de fronteira, em natural articulação com os castelos de Elvas, Juromenha e Alandroal

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Terena é uma freguesia portuguesa do concelho do Alandroal. A freguesia inclui esta localidade e Hortinhas. Tem o nome alternativo de São Pedro, sendo por vezes também conhecida como São Pedro de Terena.
Localizada no centro do concelho, a freguesia de Terena (São Pedro) tem por vizinhos as freguesias de Nossa Senhora da Conceição a nordeste, Capelins a sueste e Santiago Maior a sudoeste, e os concelhos do Redondo a oeste e de Vila Viçosa a norte.

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As origens da vila de Terena são muito antigas. O seu primeiro foral foi concedido no século XIII, sendo elaborado pelo Cavaleiro D. Gil Martins. No século XVI, em 10 de Outubro de 1514, o rei D. Manuel I concedeu-lhe o Foral da leitura nova.
A vila de Terena desempenhou um importante papel de defesa fronteiriça, através do seu castelo, que integrava a linha de defesa do Guadiana. No seu território desenvolveu-se desde tempos remotos o culto à Virgem Maria, sendo o seu santuário, hoje chamado da Boa Nova, já celebrado por Afonso X de Castela nas suas Cantigas de Santa Maria.

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O concelho de Terena, que abrangia as freguesias de Terena, Capelins e Santiago Maior, foi extinto em 1836, estando desde então integrado no concelho de Alandroal.

A opinião do IGESPAR:
«As origens do castelo de Terena encontram-se na Baixa Idade Média, concretamente no século XIII, altura em que o Alto Guadiana foi território de fronteira. As informações mais recuadas que possuímos dão conta de um foral passado à localidade em 1262, pelo cavaleiro régio Gil Martins e sua mulher, D. Maria João.

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Desconhecemos se, logo após esta data, se terá iniciado a construção da fortaleza, mas tal iniciativa não se deverá afastar muito desta cronologia, dado o interesse que D. Dinis teve na consolidação desta linha de fronteira, em natural articulação com os castelos de Elvas, Juromenha e Alandroal. Uma outra perspectiva é que a situa a sua edificação apenas no século XV, por intermédio de D. João I.

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Esta hipótese tem como fundamento a doação da vila de Terena à Ordem de São Bento de Avis, momento que pode ter representado uma renovação de uma estrutura anterior, mas não é suficiente para que se atribua ao século XV a totalidade do monumento. De resto, já em 1380 se refere o castelo e a sua barbacã, o que indica claramente estar a fortaleza em construção.

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Em 1482, D. João II nomeou Nuno Martins da Silveira como alcaide e, nas primeiras décadas do século XVI, o reduto foi objecto de uma ampla campanha de obras, que deixou marcas visíveis na estrutura. Pensamos, todavia, que uma parte considerável da fortaleza que chegou até hoje data, efectivamente, da viragem para o século XIV.

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Planimetricamente, o castelo define um pentágono irregular (ao contrário das fortalezas manuelinas, que privilegiaram as plantas quadrangulares e racionais), a que se associam quatro torres circulares - dispostas assimetricamente, e apenas uma protegendo um ângulo da muralha. A torre de menagem, de planta quadrangular de dois pisos, localiza-se a meio de um dos panos da cerca e implanta-se sobre a porta principal, que assim protege por meio de pequena barbacã dominante, dotada de adarve e terraço ameado.

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A entrada principal, em cotovelo, revela bem o alcance das obras manuelinas, uma vez que é acedida por dois amplos arcos de volta perfeita, com impostas marcadas e decoradas com bolas e entrelaçados. Pensa-se que aqui tenha trabalhado Francisco de Arruda, ao redor de 1514, arquitecto reponsável pela alteração da entrada principal e da própria torre, dotando-a de um interior apalaçado.

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Não conhecemos suficientemente bem a entrada original, apesar de ela ter sido desenhada por Duarte d'Armas em 1509. Este desenho revela uma estrutura harmónica, com entrada directa protegida de ambos os lados por cubelos associados à torre de menagem. Parece tratar-se de uma solução típica da arquitectura militar do período dionisino (eventualmente enriquecida por obras quatrocentistas), mas nada podemos afirmar. No lado oposto à entrada situa-se a Porta do Campo (também designada por Porta do Sol). Esta, apesar de ter sido entaipada durante as obras do século XVII, mantém a sua estrutura original gótica, de arco apontado ladeada por dois torreões circulares, numa estrutura simétrica bem gosto do Gótico pleno.

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Em 1652, o castelo foi ocupado pelas tropas castelhanas, mas os nossos arquitectos de então não privilegiaram a fortaleza, preferindo, de longe, a fortificação de Elvas. Com efeito, não encontramos em Terena qualquer sistema abaluartado de defesa e, à excepção da Porta das Sortidas, deliberadamente voltada a Espanha, nenhum outro elemento evoca o bélico momento seiscentista.

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Os séculos seguintes determinaram um progressivo abandono. No terremoto de 1755 registaram-se alguns estragos, mas não podemos assegurar que se tenham realizado obras de restauro. A consolidação da estrutura chegou apenas no século XX, por intermédio da DGEMN, que aqui efectuou uma primeira campanha em 1937, que incluiu a reconstrução de um pano de muralha e a reinvenção de ameias. Na década de 80, realizaram-se diversos trabalhos na torre de menagem, de que importa destacar a reconstrução de abóbadas e uma série de adulterações aos elementos originais». In IGESPAR, PAF.

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