segunda-feira, 23 de maio de 2022

Maria Madalena. Michael Haag. «Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios, e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Susana, e muitas outras, que o serviam com os seus bens»

 

Cortesia de wikipedia e jdact

Maria Madalena e Maria, a mãe de Jesus

«(…) Os leitores estarão familiarizados com as noções de Maria, mãe de Jesus, como uma virgem perpétua, a mãe perfeita e a Theotokos, a Mãe de Deus; de ter sido concebida imaculadamente, de subir ao céu, de ser um intercessor entre Deus e os homens, aquela que conhece o mais profundo sofrimento humano, a mulher sempre gentil e obediente à vontade de Deus. Mas nada desse modelo da mulher perfeita é encontrado na Bíblia, onde ela é uma mulher um tanto irritante, que não tem compreensão do que seu filho está prestes a fazer; em vez disso, ela é uma invenção que pertence inteiramente aos séculos posteriores, uma figura bíblica relativamente menor que foi transformada num grande culto, enquanto Maria Madalena, a mulher que conhecia Jesus, foi transformada numa prostituta.

A Mulher chamada Madalena

Maria Madalena aparece pela primeira vez na cronologia da vida de Jesus na Galileia, onde ela está viajando com Jesus enquanto ele proclama o reino de Deus. E os Doze estavam com ele, escreve Lucas no seu evangelho, e algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. Entre essas mulheres, três são mencionadas pelo nome, e o primeiro nome é Maria Madalena, fora de quem saíram sete demónios. E mais nos é dito, pois Jesus e os Doze discípulos devem ser alimentados e cuidados à medida que viajam pela Galileia, e é Maria Madalena quem fornece os meios, juntamente com Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, governante da Galileia e da Pereia, e uma mulher chamada Susana, e muitas outras mulheres que não têm seus nomes mencionados. É assim que o Evangelho de Lucas descreve Maria Madalena enquanto ela viaja com Jesus pela Galileia: E sucedeu que, depois disto, andava Jesus por cidades e aldeias, pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus; e os Doze o acompanhavam, assim como certas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios, e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Susana, e muitas outras, que o serviam com os seus bens. Esta narrativa de Lucas é tudo o que temos de Maria Madalena em todos os evangelhos, até voltarmos a encontrá-la na crucificação em Jerusalém.

Mas, embora Lucas seja muito breve, o que ele nos diz de Maria Madalena com Jesus na Galileia está cheio de pistas e revelações sobre sua vida, seu carácter, sua riqueza, suas conexões sociais e políticas, seu estado mental, emocional e espiritual, suas origens e a natureza do seu relacionamento com Jesus e seu círculo, e está também cheio de mistérios.

Um lugar chamado Magdala

Na busca por Maria Madalena deveríamos começar com o seu nome. No grego original dos evangelhos ela nunca é Maria Madalena. Quando ela viaja com Jesus pela Galileia, Lucas descreve-a como Maria, chamada Madalena. Mais tarde, na ressurreição, o original grego de Lucas descreve-a como Maria, a Madalena. Em Mateus, Marcos e João, o grego é Maria, a Madalena. Ela usa o nome de Madalena como se tivesse sido a ela conferido um título. Embora o Novo Testamento não descreva Maria Madalena como sendo de ou vindo de algum lugar, a suposição comum é a de que Maria Madalena significa Maria de Magdala». In Michael Haag, Maria Madalena, Zahar, 2018, ISBN 978-853-781-739-1.

 Cortesia de Zahar/JDACT

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