domingo, 25 de julho de 2010

A Vila de Monchique: O «Jardim do Algarve». Importante complexo termal das Caldas de Monchique, rodeado por um parque de vegetação luxuriante onde existe a maior magnólia da Europa. Um recanto diferente do Algarve

Cortesia da CMMonchique
Monchique é uma vila pertencente ao distrito de Faro, região e subregião do Algarve.
É sede de um município subdividido em 3 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Odemira, a leste por Silves, a sul por Portimão, a sudoeste por Lagos e a oeste por Aljezur.
O concelho de Monchique foi criado em 1773, por desmembramento do concelho de Silves.
No centro de duas grandes serras, Fóia e Picota, o concelho de Monchique entra na história com a presença dos romanos nas Caldas de Monchique, atraídos pelo poder curativo das suas águas. Nos séculos seguintes, a serra foi-se povoando lentamente e no século XVI Monchique era uma povoação suficientemente importante para merecer a visita do rei D. Sebastião, que pretendeu conceder-lhe o estatuto de vila.

Cortesia da CMMonchique
A tecelagem da lã e do linho, os sólidos sorrobecos, orianos e estopas dos tempos antigos, entre outras actividades, como as relacionadas com a madeira de castanho, contribuíram para a prosperidade e desenvolvimento de Monchique, de tal forma que em 1773 foi promovida a vila.
Monchique é uma vila airosa, virada para o turismo, com um artesanato activo e uma economia diversificada. O seu município possui riqueza em sobreiros, eucaliptos e castanheiros, que abundam nas suas florestas, dando a conhecer, por outro lado, os parques zoológicos e naturais e expedições pedestres através de safaris.
As casas têm a arquitectura algarvia tradicional, com paredes brancas, usando nas cantarias as manchas de cor, quer nas portas e janelas. No entanto, exibem as típicas chaminés de saia, muito diferente das chaminés da região do litoral. As ruas são estreitas e progridem nas colinas envolventes, algumas com inclinação, dita acentuada, dão ao horizonte novas perspectivas sobre a serra verdejante. Quiçá, um certo exotismo, aumentado pela presença de cameleiras e hortenses, de árvores de fruto, evocadoras de jardins e pomares. Um recanto diferente do Algarve.
Monchique é uma vila muito bonita. O casario branco parece descer em degraus pelas encostas da serra, um pequeno presépio envolto em verdes, flores e frescura.
Cortesia da CMMonchique
 As Caldas de Monchique é a designação de uma estância termal situada neste município. Fica localizada a sul da vila de Monchique, aproximadamente a 6 km de distância. As propriedades terapêuticas das águas locais são reconhecidas desde o tempo do Império Romano, altura em que receberam a designação de águas sagradas.
As águas provêm de oito nascentes, sendo ricas em:
  • bicarbonato;
  • flúor;
  • sílica;
  • sódio.
São adequadas ao tratamento de problemas no aparelho respiratório e no aparelho digestivo, assim como ao tratamento de problemas musculares e reumáticos. Estas águas brotam em temperaturas compreendidas entre os 27ºC e os 31,5ºC, possivelmente devido aos diferentes percursos de escoamento. As nascentes das Caldas de Monchique estão relacionadas com a circulação de água em profundidade no interior do maciço eruptivo sub-vulcânico de Monchique e de natureza litológica essencialmente sienítica, que se instalou no seio da Formação de Brejeira.

Cortesia de e-geo.ineti
«O sistema de circulação das águas neste maciço consiste, fundamentalmente, na percolação das águas através do sistema de fracturas existente no interior do mesmo. As águas, infiltradas nos sectores mais fracturados superficialmente do maciço, evoluem em profundidade para a periferia deste. Durante o seu percurso no interior do maciço, as águas sofrem um aquecimento significativo, desenvolvendo reacções químicas com o material rochoso em que circulam, justificando-se assim a temperatura que apresentam nas emergências à volta dos 30ºC e a sua composição físico-química específica e constante ao longo do ano. A primeira barreira à progressão do escoamento subterrâneo é constituída por uma orla de corneanas de grão fino e negro que ocorre em bancadas de direcção NNW-SSE com inclinação para NE, pouco permeáveis, resultante do metamorfismo de contacto, pelo que as águas tendem a ascender nos limites do maciço até alcançar a zona deprimida da superfície topográfica, a confluência das ribeiras do Lajeado e Banho; esta barreira é reforçada pela presença do flysh que em profundidade se deve apresentar ainda menos permeável que o sienito. Estas águas apresentam composição química semelhante e brotam a temperaturas variáveis entre os 27ºC e os 31,5ºC em consequência, provavelmente, dos diversos trajectos de escoamento.
Segundo um estudo realizado pela Geoestudos (1992), a existência de teores de sílica em concentrações muito baixas e em menor quantidade que o verificado nas águas sub-superficiais da área envolvente é devido a fenómenos que impedem o contacto do solo com as águas destinadas à circulação profunda, o que significa a localização das áreas de recarga nas zonas mais altas do afloramento, onde os solos não se desenvolvem e a tectonização é intensa, de modo a criar espaços relativamente abertos que permitem uma infiltração rápida, não dando oportunidade à água de dissolver a sílica. Este fenómeno deve verificar-se igualmente durante o percurso ascensional da água». In e-geo.ineti.pt/bds/recursos_geotermicos.

A Serra de Monchique é uma serra do oeste algarvio, cujo ponto mais elevado, a Foia com 902 m de altitude. Devido ao facto de estar próxima do mar possui um clima subtropical húmido, com precipitações médias anuais entres os 1000 e os 2000 mm, que associadas a temperaturas amenas permite a existência de uma vegetação rica e variada, onde se inclui o raríssimo carvalho-de-monchique e a bela adelfeira, bem como espécies raras, tais como o castanheiro, o carvalho-cerquinho ou o carvalho-roble. Nesta serra está instalado o importante complexo termal das Caldas de Monchique, rodeado por um parque de vegetação luxuriante onde existe a maior magnólia da Europa. A diversidade de aves é bastante reduzida, mas algumas espécies são relativamente frequentes e fáceis de observar neste local, como por exemplo o cartaxo-comum e o pintarroxo. Por vezes ouve-se aqui o canto da cotovia-arbórea. Por vezes aparecem aqui migradores pouco frequentes, como o melro-das-rochas ou o melro-de-peito-branco, especialmente durante as épocas de passagem migratória. De salientar, ainda, a fertilidade dos seus solos, devido não só à humidade, mas também ao facto da sua rocha, a foíte, ser de origem magmática.

Vários ribeiros e ribeiras têm origem na Serra de Monchique:
  • Ribeira de Seixe;
  • Ribeira de Aljezur (ou da Cerca);
  • Ribeira de Odiáxere;
  • Ribeira de Monchique;
  • Ribeira de Boina.
Do soco de xistos de Carbónico, levanta-se um maciço de Sienito (rocha que compõe o topo da serra), de vertentes abruptas mas arredondadas, constituindo um elemento de destaque na paisagem algarvia, a Serra de Monchique. Zona serrana com uma grande diversidade vegetal e clima suave, a Serra de Monchique é apelidada de «Jardim do Algarve», o que se pode comprovar através de um passeio a pé pelas suas magníficas paisagens. Os seus principais picos revestem-se de um coberto arbóreo denso e marcado pela diversidade, sendo a Fóia o ponto mais alto do Algarve com 902 metros de altitude. Lá de cima a vista espraia-se até ao cabo de São Vicente, Serra da Arrábida e Faro. Separado por um vale bem marcado encontra-se a Picota, que com os seus 774 metros também merece uma visita.

Cortesia da CMMonchique
A presença simultânea de topos de considerável altitude, de vales com significativo grau de encaixamento, as inúmeras linhas de água e a profusão de nascentes naturais, conferem ao território marcas irrepetíveis e originais no contexto regional.
Monchique, como praticamente todo a região algarvia, está hoje mais virada para o turismo e, nesse sentido produz o seu artesanato e confecciona a sua gastronomia tradicional, aliás, muito apreciada por todos os visitantes estrangeiros, nacionais ou regionais. Mas não é só o turismo a única actividade económica de destaque. Actualmente, desenvolve-se uma actividade industrial no município de Monchique principalmente ligada ao sector das rochas ornamentais e das águas termais. O sienito nefelínico da intrusão ígnea alcalina é extraído e exportado, quer em grandes blocos quer em placas de rocha polida para os mercados nacionais e internacionais.

Cortesia da CMMonchique/wikipédia/INETI/JDACT