sábado, 7 de julho de 2012

Olhares. Fundação Robinson. Isabel Telo. «Barbara esteve na Fabrica Robison. Lá ficaram intimidade, inquietação, equilíbrio, o prazer da contínua procura, os rasgos de vidas com história. E ficou, consequentemente, a forte marca da memória...»



jdact e barbarawalraven

O Gesto Intuitivo e Espontâneo
«O olhar que vai muito além do que nos é permitido ver. O traço do movimento não reflectido. E a cor, inexplicavelmente, a dar sentido à procura incessante da nossa realidade mais escondida.
E numa pincelada harmoniosa, o equilíbrio natural que dá continuidade à atitude.
O mistério, que não sentimos mas que sabemos existir. A fantasia a desenhar as emoções. A relação que nos permite existir e fazer, e o risco da decisão pelo que se faz.
E este emaranhado de pequenas realidades brincam, numa espécie de extraordinário jogo, aparentemente imperceptível, que se levanta para mostrar quem realmente somos e o quanto queremos ser (e sentir).



Intimidade, beleza, fragilidade, sofrimento, alegria... e a partilha que permanece no encontro. O encontro connosco e com os outros. E a coragem do encontro, com aqueles que nunca saberemos quem são, mas a quem queremos falar de nós!
Foi neste contexto, que as chaminés emblemáticas da cidade de Portalegre, ali na "fábrica da cortiça", fizeram questão de acolher novos olhares, cheios de movimento colorido como a Barbara assim o quis. E ela sorri! Sorri, observando o que sentimos sempre como inacabado...
Barbara esteve na Fabrica Robison. Lá ficaram intimidade, inquietação, equilíbrio, o prazer da contínua procura, os rasgos de vidas com história. E ficou, consequentemente, a forte marca da memória...
Desde a Sala dos Arcos às Condutas e em tantos outros recantos, estava a pintura da Barbara como fazendo parte. Em "Thank you for the roses" as paredes velhas e gastas ganharam vida; em "tribute to Robinson" é a cortiça que, merecidamente protagoniza e recebe a alegria e o sentir da cor; em "fotografia" a vida humana que permite a existência e as pessoas; "dedicated to you" com o gesto da oferta e da disponibilidade; "psychosis" e o sofrimento que ondula nas condutas, a água e os tecidos e os rostos humanos que gritam em silêncio e a sensação do que não queremos para nós mas que é realidade para alguns; "vlo" e outras vidas reais, o significativo que muda de lugar, "under the water" dá-nos a imensidão, o infinito, a grandiosidade do mundo...e " a Fabrica" , que dizer da "fábrica" que as aguarelas da Barbara não tenham dito?!



Conhece ao pormenor cada canto e recanto da imensidão desta estrutura, e a diferença do seu olhar permitiu a cor da emoção, o desenho do sofrimento, o esboço da procura e da descoberta e mostrou o encanto de um lugar com história. Deu-lhe vida, a vida que este magnífico lugar merece.
O tempo que "perdeu" na Fábrica Robinson deu lugar a uma visibilidade diferente. Nas "chaminés emblemáticas" da cidade de Portalegre e em nós, a memória e o encanto do que se viu e sentiu permanecem. A Fábrica Robinson e Barbara Walraven conhecem-se desde sempre!». In Isabel Telo, Olhares, Gazes, Barbara Walraven, Fundação Robinson, Portalegre, Olhares de Pintores, nº 18, 2009.

Cortesia de F. Robinson/JDACT