sábado, 14 de agosto de 2021

Labirinto. Kate Mosse. «Em Labirinto, para distinguir entre os habitantes do Pays d’Oc e os invasores franceses, usei occitano ou francês conforme o caso. O resultado é que alguns nomes e lugares aparecem tanto em francês quanto em occitano…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Uma história de coragem, destino e traição na França contemporânea e na medieval.

«Julho de 1209: na cidade francesa de Carcassonne, uma moça de 17 anos recebe do pai um misterioso livro, que ele diz conter o segredo do verdadeiro Graal. Embora Alaïs não consiga entender as estranhas palavras e símbolos escondidos naquelas páginas, sabe que seu destino é proteger o livro. Serão necessários enormes sacrifícios e uma fé inabalável para preservar o segredo do labirinto, um segredo que remonta a milhares de anos e aos desertos do antigo Egipto.

Julho de 2005: durante uma escavação arqueológica nas montanhas ao redor de Carcassonne, Alice Tanner descobre dois esqueletos. Dentro da tumba na qual repousavam os antigos ossos, experimenta uma sensação de malignidade impressionante e percebe que, por mais impossível que pareça, de alguma forma, ela é capaz de entender as misteriosas palavras ancestrais gravadas nas pedras. Porém, é tarde demais, Alice acaba de desencadear uma aterrorizante sequência de acontecimentos incontroláveis, e agora seu destino está irremediavelmente ligado à sorte dos cátaros, oitocentos anos atrás.

Nota História

Em Março de 1208, o papa Inocêncio III convocou uma cruzada contra uma seita de cristãos do Languedoc. Hoje em dia, seus membros são geralmente conhecidos como cátaros. Eles chamavam a si mesmos de bons chrétiens; Bernard de Clairvaux os chamava de albigenses, e os registos inquisitoriais se referem a eles como heretici. O objectivo do papa Inocêncio era expulsar os cátaros da região do Midi e restaurar a autoridade religiosa da Igreja Católica. Barões franceses do norte que abraçaram sua cruzada viam nela uma oportunidade de obter terras, riqueza e vantagens comerciais subjugando a nobreza do sul, conhecida por sua feroz independência. Embora o princípio das cruzadas fosse um aspecto importante da vida cristã medieval desde o final do século XI, e em 1204, durante o cerco a Zara na quarta cruzada, os cruzados houvessem atacado irmãos cristãos, era a primeira vez que se pregava uma guerra santa contra cristãos e em solo europeu. A perseguição aos cátaros levou directamente à fundação da Inquisição (maldita) em 1233, sob os auspícios dos dominicanos, os frades negros. Quaisquer que tenham sido as motivações religiosas da Igreja Católica e de alguns dos líderes cruzados laicos, como Simon de Montfort, a cruzada albigense foi em última análise uma guerra de ocupação, e marcou uma guinada na história do que hoje é a França. Ela significou o fim da independência do sul e a destruição de muitas das suas tradições, ideais e modos de vida.

Assim, como o termo cátaro, a palavra cruzada não era usada nos documentos medievais. Estes se referiam ao exército como a Hoste, ou l’Ost em occitano. No entanto, como ambos os termos são hoje de uso corrente, empreguei-os algumas vezes para facilitar as referências.

Durante o período medieval, a langue d’Oc, origem do nome da região do Languedoc, era a língua falada na região do Midi, da Provença à Aquitânia. Era também a língua da Jerusalém cristã e das terras ocupadas pelos cruzados a partir de 1099, e era falada em algumas partes do norte da Espanha e do norte da Itália. A língua occitana tem um parentesco estreito com o provençal e o catalão. No século XIII, a langue d’oil precursora do francês moderno, era falada nas regiões setentrionais do que é hoje a França. Durante as invasões do sul pelo norte, a partir de 1209, os barões franceses impuseram a sua língua à região que conquistaram. A partir de meados do século XX, houve um ressurgimento da língua occitana, conduzido por escritores, poetas e historiadores como René Nelli, Jean Duvernoy, Déodat Roché, Michel Roquebert, Anne Brenon, Claude Marti e outros. Na data da redacção deste livro, existe uma escola bilíngue occitano/francês em La Cité, no coração da cidade medieval de Carcassonne, e a grafia occitana de cidades e regiões figura ao lado da grafia francesa nas placas rodoviárias.

Em Labirinto, para distinguir entre os habitantes do Pays d’Oc e os invasores franceses, usei occitano ou francês conforme o caso. O resultado é que alguns nomes e lugares aparecem tanto em francês quanto em occitano, por exemplo, Carcassonne e Carcassona, Toulouse e Tolosa, Béziers e Besièrs. Inevitavelmente, há diferenças entre a grafia occitana medieval e o uso contemporâneo. Para manter a coerência, na maior parte das vezes usei como guia o dicionário occitano-francês de André Lagarde, La Planqueta». In Kate Mosse, Labirinto, Editora Suma de Letras, 2006, ISBN 978-857-302-768-6.

Cortesia de ESumafrLetras/JDACT

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