sexta-feira, 12 de março de 2010

Rafael Bordalo Pinheiro: o autor do Zé Povinho

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-Lisboa-1905) foi um artista português, de obra vasta e dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio. É o autor da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português.
Dotado de um grande sentido de humor mas também de uma crítica social bastante apurada e sempre em cima do acontecimento, caricaturou todas as personalidades de relevo da política, da Igreja e da cultura da sociedade portuguesa. Apesar da crítica demolidora de muitos dos seus desenhos, as suas características pessoais e artísticas cedo conquistaram a admiração e o respeito público.
O Zé Povinho continua a ser retratado e utilizado por diversos caricaturistas para revelar de uma forma humorística os podres da sociedade. Foi ele que se fez ouvir om as suas caricaturas da queda da monarquia.
Rafael Bordalo Pinheiro, destacou-se sobretudo como um homem de imprensa. De 1870 a 1905 foi a alma de todos os periódicos que dirigiu quer em Portugal, quer em terras brasileiras. Em 1870 lançou três publicações: O Calcanhar de Aquiles, A Berlinda e O Binóculo, este último, um semanário de caricaturas sobre espectáculos e literatura, o primeiro jornal, em Portugal, a ser vendido dentro dos teatros. A Lanterna Mágica, em 1875, inaugurou a época da actividade regular deste jornalista sui generis que, com todo o desembaraço, ao longo da sua actividade, fez surgir e também desaparecer inúmeras publicações. Bordalo Pinheiro, vivendo numa época caracterizada pela crise económica e política e enquanto homem de imprensa, soube manter uma independência face aos poderes instituídos, nunca calando a voz, pautando-se sempre pela isenção de pensamento e praticando o livre exercício de opinião. Este seu posicionamento, deu-lhe um apoio total do público-leitor, que a censura nunca conseguiu calar a sua voz. Todas as quintas-feiras, dia habitual da saída do jornal, os leitores podiam contar com os piparotes costumeiros, com uma crítica a que se juntava o divertimento.


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