segunda-feira, 23 de maio de 2011

Engrácia Cardoso: Enciclopédia, um projecto de desenho. «A solidão é aqui uma consciência da diferença porque não é possível a seres de diferentes espécies a partilha de uma linguagem comum e isso cria um silêncio»


Cortesia de bnp

Exposição, 26 Maio, 18h00, Galeria-corredor do Auditório, Entrada livre, até 12 de Agosto de 2011. Biblioteca Nacional de Portugal.
Enciclopédia, um projecto de desenho é uma colecção de dados, de viagens e de conhecimento em que a relação homem-animal é explorada na perspectiva da partilha do espaço físico em oposição a uma visão de cumplicidade.

O desenho é construído na folha de papel sem uma intenção prévia, partindo para a construção e o coleccionismo de formas, fazendo a ponte com os conhecimentos adquiridos ao longo de uma passagem.
A personagem cresce e envelhece e no fim da sua vida está presa a um lugar sem contudo se desligar do que se passa à sua volta.


Cortesia da bnp

Os animais cheios de vitalidade e força deslocam-se ao longo da folha revelando as suas características. Cada animal caminha num sentido fazendo parte do todo mas seguindo a sua singularidade. As figuras não interagem, são recortes, formas, linhas e manchas – no fundo são energia.
A tinta-da-china, numa primeira parte essencial a uma minúcia, rapidamente se desmoronou pelos pequenos pingos, sujidades e pinceladas de cor que, cintilado e distraindo, dão ao observador um caminho de ritmos no processo de construção.
Por fim, a forma solta-se de uma observação rigorosa sucedendo-se do prazer de desenhar livremente e de transmitir a sua energia pelo pincel e pela grafite num suporte maior. O reconhecimento de um espaço partilhado, das relações de culturas antigas com as outras espécies em harmonia com o meio envolvente e respeito pela diferença sobrepõe-se neste projecto a uma superioridade em que domine apenas uma força que retira energia ao todo, criando um espaço desequilibrado, monótono, triste e solitário.


Cortesia de bnp

Algumas figuras estão envoltas numa solidão que não é necessariamente má, na verdade ela existe e faz parte do crescimento. A solidão é aqui uma consciência da diferença porque não é possível a seres de diferentes espécies a partilha de uma linguagem comum e isso cria um silêncio». In Engrácia Cardoso, Biblioteca Nacional de Portugal.

Cortesia de BN de Portugal.
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