segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de Defesa Militar. Hugo M. P. Calado. «Os estudos sobre os castelos portugueses têm interesse desde décadas recuadas do século XX, como a década de sessenta»

Cortesia de wikipedia e jdact

Com a devida vénia ao Mestre Hugo Calado

O castelo de Noudar e a defesa do património nacional
O castelo de Noudar na historiografia Regional Portuguesa
«(…) Nem sempre todos os artigos sobre Noudar são de natureza historiográfica, a arqueologia também tratou a questão deste local, dando-nos uma aproximação às diversas etapas cronológicas de ocupação humana no sítio, procurando tratar a sua cronologia através dos materiais encontrados, como as cerâmicas, enquadrando esses materiais em diferentes períodos cronológicos, consoante paralelismos feitos com achados em outros locais. O estudo de espólio arqueológico ligado à mineração é bastante importante, pois explica a presença de uma actividade que caracteriza este sítio na pré e proto-história, um aproveitamento da presença e exploração de minério, nomeadamente chumbo.
A arqueologia também trata do contexto geográfico, aliando este último ao histórico, situando o castelo dentro de uma determinada paisagem, a sua incorporação na administração do território peninsular islamizado, o tipo de estruturas que o castelo apresenta, das quais pode derivar a sua função. A arqueologia socorre-se sempre do suporte material cerâmico, como auxiliar importante na datação da ocupação do local do castelo de Noudar. A epigrafia, é uma área de estudo que também deu alguma importância ao sítio deste estudo, através das lápides funerárias encontradas, e que ajudou certamente na determinação de um determinado período de ocupação cronológica do sítio, nomeadamente o islâmico, com o aparecimento da datação do óbito numa delas, que pertencia ao século XI.
A informação acerca dos materiais construtivos de estruturas militares, já referida anteriormente nas histórias gerais, é também trazida por artigos que estão incluídos em catálogos de exposições, textos de natureza arquitectónica e também arqueológica. Podemos encontrar referências sobre a constituição das suas muralhas e técnicas construtivas, além da origem cronológica e civilizacional das mesmas. Os estudos sobre os castelos portugueses têm interesse desde décadas recuadas do século XX, como a década de sessenta, o que mostra uma sensibilidade do mundo científico português da área de ciências humanas e arquitectura para este tipo de investigação, embora o castelo de Noudar não figure nas preocupações dos investigadores que se debruçaram sobre esta temática.
Obras dos anos sessenta, apresentam informação sobre estas estruturas, uma listagem algo extensa de castelos, embora o castelo em questão não esteja referido, sendo então colocado marginalmente no plano historiográfico e arquitectónico do país. Pode haver várias razões para que o castelo de Noudar não seja referido em muitas obras que têm como principal temática o estudo dos castelos, nomeadamente a distância e acessos a determinados locais, onde se perderia muito tempo e verbas, também porque na altura da publicação de muitas destas obras, as vias de comunicação não estarem tão desenvolvidas como estão hoje. Note-se que ainda hoje existem dificuldades de acessos, pois como já referi anteriormente, a via de Barrancos a Noudar está em bastante mau estado. No entanto, encontramos obras sobre estruturas fortificadas onde Noudar está presente, como roteiros de monumentos militares, que têm bastante informação sobre esta fortaleza raiana, tanto geográfica como histórica, apresentando plantas e fotografias, nomeadamente uma destas últimas é aérea, que possivelmente só estaria ao alcance dos militares, estatuto que possuí o autor da obra. Outros roteiros referem primeiramente a vila de Barrancos, dando depois importância ao castelo de Noudar, com um pequeno enquadramento histórico da fortaleza». In Hugo Miguel Pinto Calado, A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de Defesa Militar, O Castelo de Noudar e a Defesa do Património Nacional, Tese de Mestrado em História Regional e Local, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Departamento de História, 2007.
                                                                                                                      
Cortesia da UL/FL/DHistória/JDACT