sábado, 18 de setembro de 2010

O Pensamento e as Interpretações: Parte IX. «O tempo não tem sobre a alma do humano efeitos tão simples. A alma do homem, aliás, age de forma igualmente estranha sobre o corpo do tempo. Uma hora pode ser representada por um segundo no mostrador do espírito»

Virgínia Woolf
(1882-1941)
Londres
Cortesia de istoepiaui

Com a devida vénia ao CITADOR (http://www.citador.pt) apresento algumas interpretações do pensamento.

A Riqueza de Espírito no Estado de Doença
«Considerando como a doença é comum, como é tremenda a mudança espiritual que traz, como é espantoso quando as luzes da saúde se apagam, as regiões por descobrir que se revelam, que extensões desoladas e desertos da alma uma ligeira gripe nos faz ver, que precipícios e relvados pontilhados de flores brilhantes uma pequena subida de temperatura expõe, que antigos e rijos carvalhos são desenraizados em nós pela acção da doença, como nos afundamos no poço da morte e sentimos as águas da aniquilação fecharem-se acima da cabeça e acordamos julgando estar na presença de anjos e harpas quando tiramos um dente, vimos à superfície na cadeira do dentista e confundimos o seu «bocheche... bocheche» com saudação da divindade debruçada no chão do céu para nos dar as boas-vindas - quando pensamos nisto, como tantas vezes somos forçados a pensar, torna-se realmente estranho que a doença não tenha arranjado um lugar, juntamente com o amor, as batalhas e o ciúme, por entre os principais temas da literatura». In Virginia Woolf, «Acerca de Estar Doente».

Cortesia de zenleaf
O Tempo e o Espírito
O tempo, embora faça desabrochar e definhar animais e plantas com assombrosa pontualidade, não tem sobre a alma do homem efeitos tão simples. A alma do homem, aliás, age de forma igualmente estranha sobre o corpo do tempo. Uma hora, alojada no bizarro elemento do espírito humano, pode valer cinquenta ou cem vezes mais que a sua duração medida pelo relógio; em contrapartida, uma hora pode ser fielmente representada no mostrador do espírito por um segundo. In Virginia Woolf, «Orlando»

Cortesia de armontewordpress

Cortesia do Citador/JDACT