segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ferreira de Castro. A Selva: A relação entre os seres que pertencem à selva, sobretudo aqueles que pertencem ao mundo vegetal, é muito semelhante àquela que se estabelece entre os seres humanos, num lugar isolado da chamada “civilização”, no meio do nada, onde as instituições não funcionam ou simplesmente nem existem. Um filme de Leonel Vieira (2002)

Primeira edição
Cortesia de ceferreiradecastro

José Maria Ferreira de Castro foi um escritor português, que aos 12 anos de idade emigrou para o Brasil, onde viria a publicar o seu primeiro romance «Criminoso por Ambição», em 1916.
(1898-1974)
Ossela, Oliveira de Azeméis
Cortesia de ruinepomuceno
Durante 4 anos viveu no seringal Paraíso, em plena selva amazónica, junto à margem do rio Madeira. Depois de partir do seringal Paraíso, viveu em precárias condições, tendo de recorrer a trabalhos como, colar cartazes, embarcadiço em navios do Amazonas etc. Mais tarde, em Portugal, foi redactor do jornal O Século e director do jornal O Diabo.
Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua obra na categoria de literatura universal moderna, percursora do neo-realismo, de escrita caracteristicamente identificada com a intervenção social e ideológica. A exemplo da sua ainda grande actualidade pode referir-se a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da obra A Selva.

Ferreira de Castro, um dos maiores vultos de sempre da cultura portuguesa, era um trabalhador incansável, na verdadeira acepção do termo. Não dispondo ou não querendo utilizar máquina de escrever e ainda a uma enorme distância dos nossos computadores, veja-se a montanha de papel que Ferreira de Castro, laboriosamente, escreveu, para produzir uma das suas mais importantes obras: «As Maravilhas Artísticas do Mundo».

Obras:

  • Criminoso por Ambição (1916);
  • Alma Lusitana (1916);
  • Rugas Sociais (1917-18);
  • Mas ... (1921);
  • Carne Faminta (1922);
  • O Êxito Fácil (1923);
  • ( ... )
  • A Peregrina do Mundo Novo (1926);
  • O Drama da Sombra (1926);
  • A Casa dos Móveis Dourados (1926);
  • O voo nas Trevas (1927);
  • Emigrantes (1928);
  • A Selva (1930);
  • Eternidade (1933);
  • ( ... )
  • A Volta ao Mundo (1940 e 1944);
  • A Tempestade (1940);
  • A Lã e a Neve (1947);
  • A Curva na Estrada (1950);
  • A Missão (1954);
  • As Maravilhas Artísticas do Mundo (Vol I) (1959);
  • As Maravilhas Artísticas do Mundo (Vol II) e (1963);
  • O Instinto Supremo (1968);
  • Os Fragmentos (1974).

Intérpretes: Diogo Morgado, Maitê Proença, Karra Elejalde, Chico Diaz, Rui de Carvalho, Carlos Santos, Tó Melo, Cláudio Marzo, Gracindo Júnior, Sergio Villanueva.
 
Cortesia de umcslublin
«Resumo - O objectivo central do presente trabalho é a análise comparativa do romance A Selva de Ferreira de Castro, publicado em 1930 e do filme homónimo de Leonel Vieira, realizado em 2002. Assim, na primeira parte, «Ferreira de Castro: autor, obra e contexto» procedemos à contextualização histórico-literária da obra e do seu autor. Abordámos, igualmente, a questão da emigração por se tratar de um tema recorrente na obra do ficcionista, e de especial relevância no romance em estudo. Considerámos, ainda, oportuno lembrar a estreita ligação que o escritor manteve com o cinema, uma vez que nos debruçámos sobre a adaptação cinematográfica de uma das suas obras. Na segunda parte, «A Selva, de Leonel Vieira» referimo-nos aos aspectos que precederam a concretização do filme: a produção, a realização e a rodagem. Com a apresentação dos elementos estruturais da linguagem cinematográfica, reunimos as ferramentas que nos permitiram analisar a obra fílmica e estabelecer a comparação com a obra romanesca. Procurámos, ainda, clarificar que adaptar não significa «transcodificar literalmente» uma obra noutra, visto que a uma adaptação subjaz a interpretação, que proporcionará o nascimento de uma nova obra, independente, mesmo que se lhe reconheçam os traços daquela que lhe serviu de modelo. Na terceira parte, «Diálogo entre romance e filme», ao analisarmos comparativamente o romance e o filme, estabelecemos os pontos de convergência e de divergência que resultaram da adaptação da obra literária. A nossa atenção centrou-se no percurso da personagem Alberto, o protagonista, que, distante da pátria, circundado por um espaço que lhe é adverso, vai consumando a viagem da sua auto-revelação, tendo contribuído para esse fim último todos aqueles que se cruzaram com ele, ao longo da sua estada na Amazónia. Em suma, procurámos dar conta de como estes aspectos são contados no romance e no filme, tendo em consideração a especificidade de cada uma destas linguagens». In Universidade Aberta, repositorio aberto.univ-ab, Dissertações de Mestrado. 

Título: A selva. Do romance de Ferreira de Castro ao filme de Leonel Vieira.
Autor: Maria Adelaide Antunes de Brito Coelho
Orientador: Ana Rita Padeira
Ano: 2007.