sexta-feira, 22 de outubro de 2010

TEMÁTICA, o FADO: Alfredo Marceneiro. «Encostado sem brio ao balcão da taberna, de nauseabunda cor e tábua carcomida, o bêbado pintor, a lápis desenhou o retrato fiel duma mulher perdida»

Cortesia de noticiasacores

«Os portos de mar sempre foram locais de partida e chegada de pessoas e mercadorias. Mas nos barcos também vinham as culturas e nas cidades portuárias fez-se a sua miscigenação. Ao longo de séculos, os barcos foram transportando, de porto em porto, traços culturais que criaram as raízes da primeira globalização. Profundamente ligado à vida marítima e à actividade portuária aparece também o fado.
Assim, o fado enquanto expressão de música popular característica e original de Lisboa será inserido no conjunto mais vasto das manifestações culturais com traços semelhantes nascidas em cidades onde também existe uma ligação profunda ao mar». In attambur, Canções que viajam pelo mar.
 
Fado do marinheiro
Perdido lá no mar alto
Um pobre navio andava;
Já sem bolacha e sem rumo
A fome a todos matava.

Deitaram a todos as sortes
A ver qual d'eles havia
Ser pelos outros matado
P´ró jantar daquele dia

Caiu a sorte maldita
No melhor moço que havia;
Ai como o triste chorava
Rezando à Virgem Maria.

Mas de repente o gageiro,
Vendo terra pela prôa,
Grita alegre pela gávea:
Terras , terras de Lisboa.
Cancioneiro popular




(1891-1982)
Cortesia de gsat


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