sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Linhagem do Santo Graal. Laurence Gardner. «Em 1779, um consórcio de livreiros de Londres publicou uma obra gigantesca com 42 volumes, Universal History, e que afirmava, com grande grau de convicção, que o trabalho de Criação de Deus começou em “21 de Agosto de 4004 a.C.”»

Cortesia de wikipedia

Origens da Linhagem. A quem serve o Graal?
«(…) O ideal democrático é expressado como Governo pelo povo para o povo. Para facilitar esse processo, as democracias são organizadas com base eleitoral, em que os poucos representam os muitos. Os representantes são escolhidos pelo povo para governar para o povo, mas o resultado paradoxal geralmente é o governo do povo. Isso é contrário a todos os princípios da comunidade democrática e nada tem a ver com serviço. Está, portanto, em oposição directa ao Código do Graal. Em nível nacional e local, os representantes eleitos há muito tempo vêm conseguindo reverter o ideal harmonioso, colocando a si próprios sobre pedestais acima do eleitorado. Em virtude disso, os direitos individuais, as liberdades e o bem-estar são controlados por ditames políticos, que determinam quem é socialmente adequado e quem não é, em todos os momentos. Em muitos casos, isso implica até decisões sobre quem pode ou não sobreviver. Com essa finalidade, há muitos que almejam posições de influência pela pura gana de poder sobre os outros. Servindo a interesses próprios, eles se tomam manipuladores da sociedade, causando o enfraquecimento da maioria. O resultado é que, em vez ser servida da maneira justa, a maioria é reduzida a um estado de servidão.
Não é por acaso que, desde a Idade Média, o lema dos Príncipes de Gales tem sido Ich dien (eu sirvo). Tal lema nasceu directamente do Código do Graal durante a Era do Cavalheirismo. Chegando ao trono real por linhagem hereditária em vez de eleições, era importante para os sucessores promover o ideal de serviço. Mas a que os monarcas realmente serviam? Ou melhor, a quem serviam? De um modo geral (e certamente através das eras feudais e imperiais), eles governaram em conluio com seus ministros e a Igreja. Governar não é servir, e faz parte da justiça, igualdade e a tolerância do ideal democrático. E portanto incompatível com a máxima do Santo Graal.
Assim, A Linhagem do Santo Graal não se restringe em conteúdo a genealogias e histórias de intriga política, mas suas páginas contém a chave do Código do Graal essencial: a chave não só de um mistério histórico, mas também de um modo de vida. É um livro a respeito do bom e do mau governo. Explica como o reino patriarcal do povo foi suplantado pela tirania dogmática e pelo domínio ditatorial da Terra. É uma jornada de descobrimento através de eras passadas, com os olhos voltados para o futuro.
Nesta era da tecnologia dos computadores, de telecomunicações por satélite e da indústria espacial internacional, o avanço científico acontece a uma velocidade assustadora. À medida que cada estágio de desenvolvimento chega mais rápido, os indivíduos funcionalmente competentes emergirão como os sobreviventes, enquanto o resto será considerado inadequado por um establishment impetuoso que serve às próprias ambições, mas não a seus súbditos. Mas o que tudo isso tem a ver com o Santo Graal? Tudo. O Graal tem muitas formas e atributos. Contudo, em qualquer forma que seja retratada, a busca do Graal é regida por um dominante desejo de honesta conquista. É a rota pela qual todos podem sobreviver entre os fortes, ou adequados, pois ele é a chave da harmonia e unidade em todo estado social e natural. O Código do Graal reconhece o avanço por mérito e respeita a estrutura da comunidade, mas acima de todas as coisas, ele é inteiramente democrático. Seja apreendido em sua dimensão física ou espiritual, o Graal pertence tanto a líderes como a seguidores, determinando que todos devem ser como um, em serviço comum e unificado.
Para alguém pertencer aos fortes, deve estar plenamente informado. Só por meio da conscientização podem ser feitas preparações para o futuro. O regime ditatorial não é uma rota de informação; é uma constrição com o objectivo de impedir o livre acesso à verdade. A quem, portanto, serve o Graal? Ele serve àqueles que, apesar dos contratempos, buscam, pois são os campeões do iluminismo.

Ídolos Pagãos do Cristianismo
No decorrer de nossa jornada, confrontaremos um número de afirmações que podem, a princípio, parecer assustadoras, mas isso costuma acontecer quando se traz a história de volta às suas bases, pois a maioria das pessoas é condicionada a aceitar determinadas interpretações da história como factos. Muito do que aprendemos de história é por meio de propaganda estratégica, seja ela motivada pela Igreja ou por política. Tudo é parte do processo de controle; separa os mestres dos servos e os fortes dos fracos. A história política tem sido escrita por seus mestres: os poucos que decidem o destino e a sina dos muitos. A história religiosa não é diferente, pois seu desígnio é implementar o controle pelo medo do desconhecido. Dessa forma, os mestres religiosos retiveram sua supremacia à custa de devotos que genuinamente buscam iluminação e salvação. Quanto à história política ou religiosa, é evidente que os ensinamentos estabelecidos chegam às raias do fantástico, mas mesmo assim raramente são questionados. Quando estes são menos do que fantásticos, porém, costumam parecer tão vagos que quase não fazem sentido, se examinados em qualquer nível de profundidade.
Em termos bíblicos, nossa busca do Graal começa com a Criação, conforme definida no livro do Génesis. Em 1779, um consórcio de livreiros de Londres publicou uma obra gigantesca com 42 volumes, Universal History, que viria a ser muito reverenciada e que afirmava, com grande grau de convicção, que o trabalho de Criação de Deus começou em 21 de Agosto de 4004 a.C.
Surgiu, então, um debate a respeito do mês exacto, pois alguns teólogos achavam que 21 de Março seria uma data mais precisa. Todos concordavam, porém, que o ano estava correcto, e aceitavam que só seis dias tinham passado entre o nada cósmico e o surgimento de Adão. Na época da publicação, a Inglaterra se via em meio à sua Revolução Industrial. Era um período instável de extraordinárias mudanças e desenvolvimentos, mas, assim como no acelerado ritmo dos avanços da actualidade, pagou-se um preço. As preciosas artes e técnicas de outrora se tomaram obsoletas diante da produção em massa, e a sociedade se reagrupava para acomodar uma estrutura comunitária com base na economia. Uma nova estirpe de vencedores emergia, enquanto a maioria da população cambaleava num ambiente desconhecido que nada tinha a ver com os costumes e padrões de sua educação. Certo ou errado, esse fenómeno é chamado de Progresso, e o seu critério inflexível é aquele preceito do naturalista inglês Charles Darwin: a sobrevivência do mais forte. O problema é que as chances de sobrevivência das pessoas costumam diminuir quando elas são ignoradas ou exploradas por seus mestres: aqueles mesmos pioneiros que forjam a rota do progresso, auxiliando (mas não garantindo) apenas a sobrevivência própria». In Laurence Gardner, A Linhagem do Santo Graal, A verdadeira história de Maria Madalena e Jesus Cristo, Madras Editora, 2004.

Cortesia de Madras/JDACT