terça-feira, 11 de julho de 2017

Évora na Idade Média. Maria Ângela Beirante. «Mas os vestígios romanos encontram-se em vários pontos ao redor da cidade: na Glória, a 300 m da Porta de Alconchel; na Horta do Bispo, a 600 m da Porta do Raimundo…»

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«(…) A muralha romana que parcialmente se conserva data de fins do século III. Quanto ao aqueduto, não temos dúvidas sobre a sua construção no tempo dos Romanos, pois só assim se justifica a existência da Rua do Cano, que já no século XIII se encostava ao velho aqueduto. O templo que, em meados do século II, se ergueu no ponto mais alto da cidade estava consagrado ao culto imperial, tendo por sacerdotes os servi Augustales. A divindade oriental de Némesis tinha também uma comunidade de fiéis em Évora, os amici Nemesiaci, que formavam uma confraria cuja função era dar sepultura aos seus membros. Évora era a cidade da Lusitânia onde habitava maior número de famílias de origem romana, como Júlia, Calpúrnia, Canídia e Catínia. Algumas tinham as suas residências nas villae dos arredores. Uma das mais importantes, que no início do século II pertencia à família Júlia, ficava na Tourega, por onde passava a via de Ebora a Salacia (é de notar que este lugar foi um centro de civilização megalítica, como o provam as antas de Valverde e do Barrrocal; aí fica o chamado castelo do Geraldo, e perto encontra-se o grande relevo metalúrgico da serra dos Monges, onde abunda o ferro; neste lugar encontra-se a Fonte Senta, à qual se ligam lendas de mártires cristãos).
Mas os vestígios romanos encontram-se em vários pontos ao redor da cidade: na Glória, a 300 m da Porta de Alconchel; na Horta do Bispo, a 600 m da Porta do Raimundo, à beira da estrada para Viana; na Herdade da Fonte Coberta, 10 km a sueste de Évora; na Herdade da Curraleira e na Herdade da Morgada, a caminho de S. Miguel de Machede. Na freguesia de S. Vicente de Valongo existe um pequeno forte que deve datar dos primeiros tempos do império e que, tal como o castelo da Lousa, na margem esquerda do Guadiana, tinha funções eminentemente defensivas. As setenta inscrições conhecidas provenientes de Évora e dos concelhos limítrofes são prova inegável da importância que a cidade alcançou na época rornana. A confirmar a supremacia de Évora conta-se o facto de, já no início do século IV, ser sede de bispado, suplantando deste modo a capital do convento pacensce, que só no século VI ascendeu àquela dignidade». In Maria Ângela Rocha Beirante, Évora na Idade Média, Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, Dissertação de Doutoramento em História, Fundação Calouste Gulbenkian, 1ª Edição, 1995, ISBN 972-310-693-0.

Cortesia de FCG, CMÉvora/JDACT