quinta-feira, 6 de julho de 2017

Manique do Intendente. Uma Vila Iluminista. «Em Nápoles, onde o mesmo Carlos III reinara anteriormente, fizeram-se uma série de cidades na Calabria, sob o seu governo. Estas foram construídas para realojar as populações, após um grave terramoto, em 1783»

La Carolina
jdact e wikipedia

Urbanismo: o Contexto Europeu
«(…) Se existem semelhanças entre os planos destas duas cidades, algumas características diferenciam-nas: también como en La Magdalena (o novo bairro de Ferrol), el conjunto urbano queda articulado por calles de 10 varas y confornado por la yuxtaposición de una serie de módulos-quartiers perfectamente distinguibles. Sus manzanas, aunque desiguales, guardas [sic] todas propórcion u éstan pensadas para alojar patios de luces intermedios. Asimismo, unos critérios simétricos rigen su composición. No goza, sin embargo, como Ferrol, ni de su homogeneidad, igualitarismo, ni tampoco de su equilibrio formal. En San Carlos, además, los episódios monumentales jugarían un papel más destacado dentro de la trama urbana y três grandes arterias, de 16 varas de ancho, dominarían sobre las demás. Outra obra emblemática de Carlos III, em Espanha, que consistiu no esforço de colonização da área da Andaluzia. Construíram-se vias de comunicação, fomentou-se o cultivo de áreas incultas e promoveu-se a fundação de povoações rurais que provessem os habitantes dos necessários equipamentos. Esta infra estruturação foi realizada segundo duas directrizes geográficas, na Sierra Morena e no caminho que liga Córdoba e Ecija. Na Sierra Morena foram fundadas: La Carolina, Las Navas de Tolosa, Carboneros, Guarromán, Rumblar, Santa Elena, Miranda, Aldeaquemada, Herradura e Tajumosa. Nas províncias de Sevilha e Córdoba: La Carlota, Pineda, La Luisiana, Fuente Palmeira, Hilillos, San Sebastiàn de Ballesteros, entre outras. São sobretudo pequenas povoações com estruturas regulares, projectadas pelo arquitecto de confiança do Rei, o italiano Nebroni, possivelmente discípulo de Sabatini. Entre as que se salientam mais temos La Carolina. Esta estrutura-se segundo um eixo principal, uma rua, na qual se articulam praças de formas diversas. Uma das praças apresenta forma octogonal, embora não constitua qualquer cruzamento de vias. A maior delas, donde partem duas ruas radiais, articula-se com uma praça menor, redonda, por duas pequenas torres. No cruzamento desta via principal comum eixo perpendicular que conduz à morada do Intendente, no sentido ascendente, abre-se uma praça rectangular. Associada à residência do Intendente está a Igreja. Este conjunto apresenta-se à margem do tecido urbano projectado, desenvolvendo-se nas suas traseiras um grande parque verde.
Las Navas de Tolosa é também um exemplo em que foi usada uma praça octogonal, neste caso como enquadramento da Igreja Paroquial e onde desemboca a rua principal da povoação. O rei Carlos III foi uma figura decisiva na implementação na corte espanhola das ideias do Iluminismo. Vindo do Reino de Nápoles, o rei traz consigo Francisco Sabatini, italiano, que foi o seu arquitecto preferido. Carlos III vinha imbuído das novas ideias de servir o bem-estar dos povos, e uma das suas primeiras iniciativas foi prover a que Madrid se tornasse uma cidade limpa e ordenada. Promoveu um processo de recolha dos lixos e um sistema de esgotos, assim como promulgou leis que obrigavam os proprietários a calcetarem as ruas frente aos seus edifícios, encarregando-se o governo central das vias públicas e dos espaços referentes a equipamentos públicos. Tratou igualmente da iluminação da cidade. Contudo muitas vozes se levantaram contra as despesas feitas, aparentemente sem justificação, e também por parte da população, que não estava habituada a tais regras.
Em Nápoles, onde o mesmo Carlos III reinara anteriormente, fizeram-se uma série de cidades na Calabria, sob o seu governo. Estas foram construídas para realojar as populações, após um grave terramoto, em 1783. Alguns exemplos são: Santa Eufémia, Cortale, Seminara, Palmi, Mileto, Borgia, Paese del Bianco, Santa Agata, Reggio, Bagnara… Com uma perspectiva de ordenamento regional (iniciou-se a construção da estrada das Calabrias, estas cidades foram realizadas com planos regulares, tendencialmente recticulares, mas com a introdução de eixos diagonais (estruturantes ou não) e uma série de praças. Também no governo de Carlos III, encetaram-se várias obras públicas em Nápoles, com o objectivo de incrementar eixos de desenvolvimento para o crescimento da urbe. Realizou-se igualmente, com projecto de Vanvitelli, a Reggia de Caserta (1752-1774). Outros exemplos italianos deste século XVIII são San Lorenzo Nuovo e Servigliano (1772-96), onde a Igreja joga um papel fundamental e o plano para a cidade industrial de San Leucio (1775), com um traçado baseado em praça central e ruas radiais». In Cátia Gonçalves Marques, Departamento de Arquitectura da FCTUC, Junho de 2004.

Cortesia de FCTUC/JDACT