quarta-feira, 29 de maio de 2013

Os Templários e o Templarismo na Literatura Portuguesa e traduzida para português (século XIV - 2006). Manuel J. Gandra. «… assumi-la constituem condições ‘sine qua non’ para a efectiva compreensão das condições subjacentes ao advento do estado português. Ambos, a Ordem do Templo e Portugal remontam ao ano de 1128»

Cortesia de wikipedia

«O catálogo de um compêndio de histórias em torno de um tema histórico que concita a curiosidade de um público cada vez mais vasto. Com efeito, raros foram os dramas humanos que, tal como aquele protagonizado pela Ordem do Templo, suscitaram paixões tão díspares, contraditórias e persistentes. A copiosa bibliografia, antiga e moderna, disponível, apesar de nem sempre imaculada, constitui indício seguro da perenidade se não do ideário templário, pelo menos da inquietação que enigmas nunca cabalmente esclarecidos, como o do seu lendário tesouro ou do misterioso ídolo que alegadamente adoravam, tem persistido em alimentar, o único estudo, em vernáculo, acerca da inquirição instaurada em França pelo Santo Ofício (maldito) aos templários, saiu da pena de Vieira de Areia, O Processo dos Templários, Porto, 1947.
A possibilidade da sobrevivência da Ordem após a sua suspensão canónica, em 1308, também não é questão despicienda. A avaliar pela profusão de sociedades, umas discretas, outras secretas, que se reivindicam herdeiras do Templo, essa parece ter-se tornado, pelo menos desde o século XVIII, pretexto bastante para a reinvenção de inauditos ritos iniciáticos, creditados, de forma quase sempre anacrónica, aos Templários. Tais constatações são verídicas também para Portugal.
Porém, o público não dispondo aqui de alternativas credíveis, uma vez que são raros os investigadores independentes e os académicos que não fogem do assunto, como se diz que o diabo foge da cruz, é compelido a consumir produtos importados, invariavelmente de qualidade duvidosa. Acresce a tudo isto a desvantagem adicional de, geralmente, esses produtos ignorarem, omitirem ou subvalorizarem o papel da Ordem de Cristo, autêntica sucessora e herdeira do Templo, cuja práxis e projecto adoptou, nacionalizando-os, donde a pertinência da designação de Ordem Templária de Portugal, proposta por Fernando Pessoa. O Infante Henrique logrou reaver para a Ordem de Cristo a maior parte das prerrogativas e privilégios que haviam sido apanágio do instituto militar que Clemente V condenara ao limbo. A negligência e a deserção por parte dos especialistas nacionais tem, por outro lado, facilitado a adopção, bem como a implantação de um elevado número de elucubrações fantasiosas e infundadas, produzidas ora por franco-atiradores, ora por dignatários ou simples filiados em associações neotemplárias portuguesas ou transnacionais.
A utilidade do empreendimento chegou a merecer, convém recordá-lo, o reconhecimento de autoridades como Pedro A. Azevedo ou Jaime Cortesão, o qual sublinharia ainda a necessidade de conduzir tal estudo ponderando o quanto do tesouro templário, espiritual, mas também material, terá sido investido na preparação e concretização da expansão marítima, bem como na consolidação do Império português.
Com esse desiderato em mente dedico-me desde há cerca de vinte e cinco anos à pesquisa dos testemunhos templários e templaristas na história e na cultura lusas. Em vários escritos e comunicações orais, conferências e visitas guiadas tenho vindo a abordar aqueles que considero os aspectos mais relevantes dessa herança, com a convicção de que estudá-la, divulgá-la e, finalmente, assumi-la constituem condições sine qua non para a efectiva compreensão das condições subjacentes ao advento do estado português (ambos, a Ordem do Templo e Portugal remontam ao ano de 1128), mas igualmente das circunstâncias que poderão ter condicionado o movimento da sua história, concitando o respectivo destino, ainda incompletamente cumprido, consoante a avisada intuição do poeta.

Romance Histórico e Prosa Novelística
Anónimo A Torre do Templo. In Archivo Popular, v. ??? (18??);
Matilde Asensi, Iacobus. Plaza & Janés, 2000, Tradução do castelhano: Iacobus: romance histórico, Lisboa, Esquilo, 2002;
Barbara Escrava (pseud. Yvette Centeno), As Muralhas, Lisboa, Eetc., 1986. Tomar é um dos cenários da acção e os templários um dos pretextos da trama. Reed. in Os Jardins de Eva (Lisboa, Asa, 1998);
Pierre Barbet, Baphomet's Meteor, Londres, Daw Books, 1972, Tradução portuguesa de Eurico da Fonseca: Os Cruzados do Espaço (Lisboa, Livros do Brasil, 1979);
José Brak-Lamy, O Pupilo de Gualdim Pais, in Ecos de Tomar (17 Jun. 1923);

In Manuel J. Gandra, Os Templários e o Templarismo na Literatura Portuguesa e traduzida para português (século XIV - 2006), pdf.

Cortesia de Wikipédia/JDACT