terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Braga. Falperra: Parte II. Igreja de Santa Maria Madalena. Obra-prima do barroco final português

Cortesia de caminhos romanos 

Igreja de Santa Maria Madalena
Situada igualmente na Falperra, para o lado norte da alameda e do hotel, a Igreja de Santa Maria Madalena data do século XVIII (1753-1755). É uma obra-prima do barroco final português - o rocaille - atribuída ao arquitecto bracarense André Soares Ribeiro da Silva (1720-1769). A decoração da fachada é sumptuosa e tem forte dinamismo. É flanqueada por duas torres que mostram bem o génio de André Soares, ao conseguir conjugar de modo muito feliz a estrutura e a decoração. No centro, uma grande estátua de Santa Maria Madalena parece protegida pelas duas torres, com dois óculos cegos, sob cornijas, onde figuram os bustos de Santa Marta e São Lázaro.



Cortesia de caminhos romanos


A igreja foi edificada por ordem do Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles. Ao que tudo indica, já existia naquele local um outro espaço de culto, que remontaria ao século XVI, entre 1505-1532, altura em que D. Diogo de Sousa era Arcebispo de Braga (Os registos referentes a este facto desapareceram). Possui uma ampla escadaria de seis lanços com desenho particularmente harmonioso.
A originalidade do corpo desta igreja está no facto de estar traçada, não em cruz, mas em forma de corpo crucificado - uma nave longitudinal, de onde partem dois braços oblíquos. Esta disposição da igreja permite apreciar, logo a partir do vestíbulo, de três perspectivas distintas, com uma unidade espacial de rara beleza. A iluminação natural do interior, captada de forma muito inteligente, realça os valores decorativos do interior.
A nave central é rematada por um belo retábulo de André Soares, onde se destacam as imagens do Crucificado e de Santa Maria Madalena. Também se atribuem a este ilustre arquitecto bracarense os desenhos dos dois retábulos laterais e do púlpito. No lado esquerdo da igreja, pode ver-se uma imagem muito expressiva de Santa Maria Madalena, obra do escultor Cândido Pinto, também ele de Braga.



Cortesia de caminhos romanos


Ao centro do altar-mor, sobressai a imagem de Cristo crucificado, no momento da agonia. Esta escultura em madeira, obra de João Evangelista de Araújo Vieira, possui rara beleza formal, mesmo quando alguém lhe tenha desejado ainda maior vigor expressivo. Foi esta imagem que inspirou Antero de Figueiredo na sua obra-prima: «O último olhar de Jesus». «Jesus - escreve o grande autor português - deve ter morrido serenamente, na doçura sublime do humano-divinizado. Jesus sofrerá fisicamente, mas a sua alma heróica fá-l'O triunfar de Si próprio. ( ... ) Ela derrama paz entre os desesperados; e, Felicidade absoluta, entremostra a luz do Bem e da Beleza eternos. A agonia de Jesus deve ter sido uma agonia de Amor: um sofrer amando, um amar sofrendo. Na majestade da Dor, a majestade do Amor».

Antero de Figueiredo
Cortesia de caminhos romanos


Cortesia de Caminhos Romanos/JDACT