domingo, 26 de dezembro de 2010

Braga. O Pórtico do Bom Jesus do Monte: Haverá um percurso alquimista na escadaria? Parte II. Júpiter é o deus do raio e do trovão, e é precisamente o raio que encontramos na sua fonte. No homem está associado ao elemento vital e, na Alquimia, o metal que lhe corresponde é o estanho

Cortesia de skyscrapercity 

Com a devida vénia ao Gabriel e ao sítio Peregrinar/Maria cito algumas frases.

5ª fonte: Fonte de Mercúro
Símbolos: Mão segura o caduceu
«No patamar seguinte encontra-se a Fonte de Mercúrio. Ele é o filho do Sol e da Lua, assumindo assim o papel de mediador. É o princípio de todas as ligações, dos intercâmbios, do movimento e da adaptação. Mercúrio porta o caduceu, símbolo de uma natureza dualista na qual se confrontam e se harmonizam os princípios contrários e complementares: negativo-positivo, passivo-activo, feminino-masculino, etc.
No homem está relacionado com a inteligência e o discernimento. Nos metais alquímicos é o Mercúrio propriamente dito.

Cortesia de viajandoevivendo
Mercúrio: rápido como o pensamento, era o mensageiro de Júpiter e dos outros deuses. Mercúrio está identificado com Hermes dos gregos. Os atenienses e seguindo o seu exemplo outros povos da Grécia, e depois os romanos, colocavam Hermes/Mercúrio nas encruzilhadas das cidades e grandes estradas, porque Hermes/Mercúrio presidia às viagens e aos caminhos. Tem por atributo sandálias aladas, que significam a força de elevação e a aptidão para os deslocamentos.
Hermes simboliza os meios de troca entre o Céu e Terra, a mediação, em suma, meios que se podem perverter em comércio simoníaco ou elevar-se, ao contrário, até a santificação. Assegura a viagem, a passagem entre os mundos infernais, terrestres e celestes. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Cortesia de conexaosirius  
Assim, a mudança, a transição, a passagem de um estado a outro forma personificados em Mercúrio. O caduceu de Mercúrio é, por excelência, o símbolo do Iniciado.

Associação entre fontes e capelas:
Capela da Flagelação (Açoutes) com a Fonte de Mercúrio.
Flagelação (Açoutes), é uma obra incompleta e de má qualidade de Fonseca Lapa, escultor de Vila Nova de Gaia. Cristo está atado a uma coluna. A inscrição diz: Apprehendit Pilatus Jesum, et flagelavit. Joan. 19, 1-«Prendeu Pilatos a Jesus, e o fez açoutar».

Cortesia de fotothing
6ª fonte: Fonte de Saturno
Símbolos: Mão, ceifeiro
Em seguida temos a Fonte de Saturno. Ele é o planeta ligado à morte, pois ceifa tudo aquilo que não constitui uma verdadeira realidade. Por isso, Saturno é aquele que põe à prova as obras e as ideias, acabando por ceifar todas as falsas realidades temporais. Daí que o seu símbolo, que está gravado na sua fonte, seja a foice. Deste modo, está associado a todo o fenómeno de desprendimento da história do ser humano:
  • Desde a ruptura do cordão umbilical do recém-nascido até ao despojamento do ancião, passando pelos vários desprendimentos e renúncias que a vida nos proporciona;
  • Libertação dos instintos e da parte animalizante.
Constitui um factor importante na conquista da vida espiritual. Saturno representa o cessar de um ciclo e o início de um novo. No homem, corresponde ao corpo físico. Na Alquimia, relaciona-se com o chumbo e a cor negra da matéria dissoluta e putrefacta».

Cortesia de facebook
Saturno, pai de Júpiter. Na simbologia esotérica, indica o caminho da disciplina, da responsabilidade e do trabalho. O simbolismo do Saturno romano não se identifica com o Cronos grego. Entre os romanos ele representa a era de ouro. O herói civilizador, que ensina o cultivo da terra. Nas festas que lhe eram consagradas, as Saturnais, as relações sociais eram invertidas, os criados mandavam em seus senhores e estes serviam os seus escravos à mesa. Isso talvez seja uma obscura lembrança do facto de que Saturno havia destronado o pai, Urano, antes de, por sua vez, ser destronado por seu filho Zeus ou Júpiter. Para os sumérios e babilónios, Saturno é o astro da justiça e do direito, ligado às funções solares de fecundação, de governo e de continuidade na sucessão dos reinos e das estações.

Associação entre fontes e capelas:
Capela da Coroação de Espinhos com a Fonte de Saturno.
Na capela, temos um quadro que é formado por 3 figuras, e é obra do escultor Evangelista Vieira. Tem a inscrição: Exivit Jesus portans coronam spineam. Joan. 19, 5, «Saíu Jesus trazendo a coroa de espinhos».

Cortesia de profchatinho
7ª fonte: Fonte de Júpiter (deslocada do lugar original)
Continuando a ascensão da escadaria chegamos ao pátio circular onde se encontrava a fonte de Júpiter (actualmente está no alto, próximo de um hotel). Astrologicamente, Júpiter encarna o princípio do equilíbrio, da autoridade, da ordem, da abundância e da preservação da hierarquia estabelecida. Júpiter é o deus do raio e do trovão, e é precisamente o raio que encontramos na sua fonte. No homem está associado ao elemento vital e, na Alquimia, o metal que lhe corresponde é o estanho».

Júpiter, Deus supremo dos romanos, corresponde ao Zeus dos gregos. É apresentado como a divindade do céu, da luz diurna, do tempo que faz, e da também do raio e do trovão... poder soberano, presidente do conselho dos deuses, aquele de quem emana toda a autoridade.
Júpiter simboliza a ordem autoritária, imposta do exterior. Seguro do seu direito e do seu poder de decisão, não busca nem diálogo nem persuasão, troveja. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Cortesia de travel
Zeus, descende dos reinos de Urano e de Cronos. É o organizador do mundo interior e exterior:
  • é dele que depende a regularidade das leis físicas, sociais e morais. Senhor dos deuses no panteão romano, era o deus do trovão, do céu, do tempo e do universo.
Na simbologia esotérica Júpiter representa o Mestre. Na simbologia astrológica, Júpiter é crescimento, evolução, necessidade de aperfeiçoamento e fé, desejo de dar sentido à vida.
Símbolo: Zeus simboliza o reino do espírito, deus único. Lançando o relâmpago, simboliza o espírito e o esclarecimento da inteligência humana. Desencadeando o raio, simboliza a cólera de Deus, a punição, o castigo, a autoridade ultrajada é o justiceiro. (Chevalier e Gheerbrant, 1998).

Capela do Caminho do Calvário, está representado Cristo levando aos ombros a cruz, arrastado por um soldado romano e seguido por Cireneu e várias mulheres. A inscrição diz: Bajulans sibi crucem exivit in...calvariae locum. Joan. 19, 5.-«Levando a cruz às costas, saíu para...o lugar do calvário».

Cortesia de monumentosportugueses
A partir daqui as fontes deixam de estar associdas a uma divindade. Começa uma nova fase, mas antes de passarmos a esta nova parte da escadaria onde o percurso serpentiforme é ainda mais vincado, temos novo umbral, desta vez ladeado por duas colunas e uma enorme serpente enrolada em cada coluna. Estamos perante uma representação da Kundalini, quer nas duas serpentes na passagem à segunda fase, quer no próprio percurso serpentiforme». In Peregrinar/Maria

Cortesia de Gabriel/Peregrinar/Maria/JDACT