terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Infante D. Henrique: A «Transcendência Cosmográfica de Sagres».A cartografia nascente já de per si constituiu um repertório público, no qual os simples fragmentos emanados dos mareantes de D. Henrique, D. Afonso V e D. João II eram notícias de sensação, quer nos meios políticos, quer para os grupos económicos, quer nos centros religiosos

Cortesia de livrossumeria

Transcendência Cosmográfica de Sagres
«Mau grado tantas reservas no que era essencial, o eco dos êxitos externos do príncipe haviam repercutido na Europa, suscitando ou curiosidade, ou aplauso, ou interesse, ou cobiça.
A cartografia nascente já de per si constituiu um repertório público, no qual os simples fragmentos emanados dos mareantes de D. Henrique, D. Afonso V e D. João II eram notícias de sensação, quer nos meios políticos, quer para os grupos económicos, quer nos centros religiosos.

Enciumado foi o despertar de Castela. Veneza e os sultanatos receavam fundadamente uma incómoda concorrência. Mal suspeitavam, mormente os Maometanos quão profundo seria o golpe que lhes estava aparelhado!
A geografia ou, melhor, os conhecimentos geográficos abasteciam-se paulatinamente, através das novas contribuições, que as descobertas carreavam, rectificando preconceitos arraigados.

Cortesia de colombodosapo
O monopólio veneziano e islâmico do comércio vital para a Europa com o estrangulamento alfandegário de Alexandria, por onde se filtravam os grãos de pimenta, as pitadas de canela, o côvado de seda, a quarta de trigo, a mezinha da botica, obrigaram D. Henrique à máxima precaução. O alarme podia ser-lhe fatal.
Ali ao lado, Castela, embora já beneficiada pelo adjutório que Portugal lhe prestara, ao ocupar o noroeste africano em guerra de conquista, deixando-Ihe isolados os califas da Andaluzia, à sua mercê, melindrava-se.

E o príncipe lá continuava bem seguro, entregue à sua «inocente» cosmografia, qual se fosse um passatempo de maníaco, a gastar à grande porque era rico e tinha aquele «capricho»... Parecia a veleidade dum desocupado sem obrigações oficiais, afora o recatado cargo de regedor da Ordem e decorativo governador da província dos Algarves...

Cortesia de lepanto
Mas havia alguém plenamente cientificado da realidade objectiva do seu propósito:
  • Não eram os judeus que colaboravam em Sagres;
  • Nem os matemáticos da Junta de Lagos;
  • Nem os mercadores embarcadiços de Génova;
  • Nem os pilotos da Vila do Infante;
  • Nem os letrados dos Estudos Geraes de Lisboa;
  • Nem os seus cartógrafos malhorquinos.
Era a Santa Sé, naturalmente.

D. Henrique foi discreto, a princípio. A seguir, utilizando mesmo emisários especiais, expôs miudamente aos Sumos Pontífices qual o Objectivo qur tinha em mente e quais os meios para persegui-lo.
Nicolau V, na Bula de 8 de Janeiro de 1454, revela integral compreensão das garantias pedidas por D. Henrique e seu sobrinho El-Rei, a fm de navegarem livremente até às Índias, como pretendiam.
Cortesia de pedrosamuelspaceslive
Avalia-se assim, como o fez Jaime Cortesão na Teoria Geral dos Descobrimentos, a importância política da ciência cosmogáfica de Sagres e todos os resguardos com que se circunvalaram as persistentes arremetidas dos seus mareantes. Este é um corolário de estimativa aparentemente local, na verdade universalista». In Silva de Azevedo, Corolário de Sagres, Academia ou Escola Peripatética.

Cortesia de Dicionário Histórico/wikipédia/RTP/JDACT