sexta-feira, 14 de agosto de 2020

As Digitais dos Deuses. Graham Hancock. «A maioria desses mapas era do Mediterrâneo e do mar Negro. Sobreviveram, porém, mapas de outras áreas. Incluíam eles mapas das Américas e dos oceanos Ártico e Antártico»

 

Cortesia de wikipedia e jdact

 O Mistério dos Mapas. Um Mapa de Lugares Ocultos

«A despeito da linguagem destituída de emoção, a carta de Ohlmeyer é uma bomba. Se a Terra da Rainha Maud foi mapeada antes de ser coberta pelo gelo, o trabalho original de cartografia deve ter sido feito num tempo extraordinariamente remoto. Há quanto tempo, exactamente? De acordo com o saber convencional, a calota polar da Antártida, na sua actual forma e extensão, tem milhões de anos. Um exame mais atento, porém, revela que essa ideia apresenta graves falhas, tão graves que não precisamos supor que o mapa desenhado pelo almirante Piri Reis mostre a Terra da Rainha Maud como era há milhões de anos. A melhor prova recente sugere que a Terra da Rainha Maud e as regiões vizinhas mostradas no mapa passaram por um longo período livres de gelo, período que talvez não tenha terminado inteiramente até cerca de seis mil anos atrás. Essa prova, evita-nos a tarefa ingrata de explicar quem (ou o quê) dispunha da tecnologia necessária para efectuar um levantamento geográfico preciso da Antártida há, digamos, dois milhões de anos a.C., muito antes de nossa espécie surgir na Terra. Pela mesma razão, uma vez que a confecção de mapas é uma actividade complexa e civilizada, obriga-nos a explicar como uma tarefa dessa natureza poderia ter sido realizada há seis mil anos, muito antes do aparecimento das primeiras civilizações autênticas reconhecidas por historiadores. Ao tentar essa explicação, é importante lembrar os factos históricos e geográficos básicos:

1. O mapa de Piri Reis, que é um documento autêntico e não uma contrafacção de qualquer tipo, foi desenhado em Constantinopla no ano 1513 d.C. ;

2. O mapa mostra a costa ocidental da África, a costa oriental da América do Sul e a costa norte da Antártida;

3. Piri Reis não poderia ter obtido, com exploradores da época, informações sobre esta última região, uma vez que a Antártida permaneceu desconhecida até 1818, mais de 300 anos depois de ele ter desenhado o mapa;

4. A costa livre de gelo da Terra da Rainha Maud mostrada no mapa constitui um quebra-cabeça colossal, uma vez que a prova geológica confirma que a data mais recente em que poderia ter sido inspecionada e mapeada, num estado de ausência de gelo, foi no ano 4000 a.C. ;

5. Não é possível fixar exactamente a data mais antiga em que esse trabalho poderia ter sido feito, embora pareça que o litoral da Terra da Rainha Maud pode ter permanecido em condições estáveis, sem glaciação, pelo menos durante 9.000 anos antes que a calota polar em expansão a engolisse inteiramente;

6. A história não conhece civilização que tivesse capacidade ou necessidade de efectuar o levantamento topográfico da linha costeira no período relevante, entre os anos 13000 a.C. e 4000 a.C.

Por outras palavras, o verdadeiro enigma desse mapa de 1513 não está tanto no facto de ter incluído um continente que só foi descoberto em 1818, mas em mostrar parte da linha costeira desse mesmo continente em condições de ausência de gelo, que terminaram há 6.000 anos e que desde então não se repetiram. De que maneira podem ser explicados esses factos? Piri Reis, cortesmente, fornece-nos a resposta numa série de notas escritas do próprio punho, no próprio mapa. Confessa ele que não foi o responsável pelo trabalho inicial de levantamento topográfico e pela cartografia. Muito ao contrário, admite que o seu papel foi simplesmente o de compilador e copista e que o mapa baseia-se no grande número de mapas básicos. Alguns deles foram desenhados por exploradores contemporâneos ou quase contemporâneos (incluindo Cristóvão Colombo) que, por essa época, haviam chegado à América do Sul e ao Caribe, embora outros fossem documentos cujas datas retroagiam ao século IV a.C. ou mesmo antes. Piei Reis não deixou qualquer sugestão sobre a identidade dos cartógrafos que haviam produzido os mapas mais antigos. Em 1963, contudo, o professor Hapgood propôs uma solução nova e instigante para o problema. Argumentou ele que alguns mapas básicos que o almirante usara, em especial os que se supunha terem sido produzidos no século IV a.C., haviam-se baseado em fontes ainda mais antigas, que, por seu lado, teriam se baseado em fontes básicas de uma época ainda mais recuada na antiguidade. Havia, afirmou ele, prova irrefutável de que a terra fora extensamente mapeada, antes do ano 4000 a.C., por uma civilização até então desconhecida e ainda não descoberta, dotada de alto grau de progresso tecnológico.

Parece [concluía ele] que informações exactas foram transmitidas de um povo a outro. Ao que tudo indica, as cartas tiveram forçosamente origem num povo desconhecido, tendo sido passadas adiante, talvez pelos minoanos e os fenícios, famosos, durante mil anos ou mais, como os maiores navegadores do mundo antigo. Temos prova de que, reunidos e estudados na grande biblioteca de Alexandria [Egipto], compilações dos mesmos foram feitas por geógrafos que lá estudaram. Com início em Alexandria, de acordo com a reconstrução de Hapgood, cópias dessas compilações e alguns mapas básicos originais foram levados para outros centros de saber, notadamente Constantinopla. Finalmente, quando Constantinopla foi ocupada pelos venezianos durante a IV Cruzada, em 1204, os mapas começaram a chegar às mãos de marinheiros e aventureiros europeus:

A maioria desses mapas era do Mediterrâneo e do mar Negro. Sobreviveram, porém, mapas de outras áreas. Incluíam eles mapas das Américas e dos oceanos Ártico e Antártico. Torna-se claro que os antigos exploradores viajavam de um pólo a outro. Inacreditável como possa parecer, a prova, ainda assim, indica que alguns povos antigos exploraram a Antártida quando as suas costas estavam livres de gelo. É claro, também, que dispunham de um instrumento de navegação para determinar acuradamente as longitudes que era imensamente superior a qualquer coisa possuída pelos povos dos tempos antigos, medieval ou moderno até a segunda metade do século XVIII. Essa prova, de que houve uma tecnologia desaparecida, sustenta e dá credibilidade a numerosas outras hipóteses sobre uma civilização perdida, em tempos remotos. Estudiosos conseguiram refutar a maioria das alegadas provas, mostrando que eram apenas mitos, mas aqui temos prova que não pode ser refutada. A prova requer que todas as demais provas apresentadas no passado sejam reexaminadas com mente aberta». In Graham Hancock, As Digitais dos Deuses, 1999, Editora Record, 1999, ISBN 978-850-105-471-5.

Cortesia de ERecord/JDACT

JDACT, Graham Hancock, Literatura,