segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada. Laurence Gardner. «No livro do Êxodo, Moisés e os israelitas estão no monte Horebe, tendo viajado desde o Egipto através do Mar Vermelho»

 

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A Casa do Ouro. A Montanha Sagrada

O Objectivo Principal

«(…) Não obstante o facto de que o ouro não é um produto tradicional do Sinai, há importantes referências ao Sinai e a ouro no Antigo Testamento, acontecimentos que se relacionam especificamente ao monte Horebe (a Proeminência do Khâdim). Além disso, um dos relatos bíblicos associa realmente o ouro com um pó misterioso, mencionando também água; não para lavar o ouro, mas para sua imersão.

No livro do Êxodo, Moisés e os israelitas estão no monte Horebe, tendo viajado desde o Egipto através do Mar Vermelho. Moisés escala a rocha para falar com El Shaddai, o Senhor da Montanha (mais tarde chamado Jeová), que ensina que, a partir de então, ele será seu Deus e que eles não mais devem usar seu ouro para fazer ídolos e imagens deiformes. Nesse meio tempo, no sopé da montanha, os israelitas ficavam impacientes e, acreditando que Moisés se tinha perdido, pois saíra havia muito, eles (aparentemente, milhares deles) removeram seus brincos de ouro e os deram a Aarão, o irmão de Moisés. Sem alvoroço, ele derreteu os anéis e fabricou um bezerro de ouro para ser seu ídolo de veneração na viagem, dali em diante. Logo depois, Moisés desceu da montanha e, enraivecido ante a dança em torno do ídolo, realizou uma transformação das mais extraordinárias. Segundo Êxodo: e pegando no bezerro que tinham feito, queimou-o no fogo e o reduziu a pó, que espalhou sobre a água e deu de beber aos filhos de Israel. Na prática, parece mais um ritual que uma punição, mesmo que tenha sido difundida como a história de um castigo. Aarão derretera previamente o ouro no fogo para moldar a imagem, mas o que Moisés fez foi claramente diferente, porque a combustão do ouro produz ouro derretido, não pó. A Septuaginta é ainda mais explícita ao afirmar que Moisés consumiu o ouro com fogo, implicando um processo mais fragmentário que esquentar e derreter. O Oxford English Dictionary define consumir como reduzir a nada ou a pequenas partículas. Mas que processo é esse que, pelo uso do fogo, pode reduzir ouro a um pó? E porque Moisés o espalhou sobre a água e a deu para que os seus seguidores bebessem? Aqui, novamente, a Septuaginta difere levemente, mas talvez de forma significativa, ao dizer que Moisés semeou o pó na água. De qualquer maneira, lembra a dúvida na tradução de Si-Hathor, marcada após lavar para o hieróglifo ambíguo.

Como processos misteriosos que envolvem ouro possuem um anel alquímico sobre eles, vamos dar uma olhada nos escritos do alquimista do século XVII, Irineu Filaleto. Esse renomado filósofobritânico, venerado por Isaac Newton, Robert Boyle, Elias Ashmole e outros de sua época, concluiu um trabalho em 1667, intitulado Segredos Revelados. Nesse tratado, ele discutia a natureza da Pedra Filosofal, da qual comumente se pensava que transmutava metal comum em ouro. Com bons argumentos, Filaleto aponta que a própria Pedra era feita de ouro e que a arte alquímica residia em aperfeiçoar esse processo. Ele afirmou: nossa Pedra nada mais é que ouro digerido no mais alto grau de pureza e subtil estabilidade... Nosso ouro, não mais vulgar, é o objectivo último da Natureza. Em outro tratado intitulado Um Breve Guia para o Rubi Celestial, Filaleto declara: é chamado Pedra em razão de sua natureza fixa; resiste à acção do fogo tão bem quanto qualquer pedra. Em espécie é ouro, mais puro do que o mais puro; é fixo e incombustível como uma pedra, mas sua aparência é de um pó bem fino. Em seus escritos, Filaleto descreveu o ouro como digerido, palavra associada intimamente com consumido (como na história de Moisés), significando, ambos, quebrar algo em partículas, ou em algo convenientemente reduzido para assimilação mental, física ou química. Como se afirmou, os registos egípcios identificam o mfkzt como uma pedra. Como a Pedra Filosofal da alquimia, Moisés consumiu o Bezerro de Ouro com fogo e o transformou em um pó. O Templo de Horebe em Serâbít el Khâdim fora estabelecido pela Grande Casa dos Reis: as dinastias da Casa Real do Ouro; mas não se encontrou ali ouro nenhum no seu estado metálico, apenas um estoque conservado de um enigmático pó branco». In Laurence Gardner, Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada, Editora Madras, 2004, ISBN-978-857-374-901-4.

Cortesia de EMadas/JDACT

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