sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O Mistério de Marte Grahan Hancock, Robert Bauval e John Grigsby. «Qual a probabilidade de a humanidade conseguir executar esse plano de semear Marte com vida?»

jdact e cortesia de wikipedia

O Planeta Assassinado

«Embora separados por milhões de quilómetros de espaço vazio, Marte e Terra participam de uma misteriosa comunhão. Repetidas trocas de materiais têm ocorrido entre os dois planetas, a mais recente envolvendo naves espaciais da Terra, que têm pousado em Marte desde o início da década de 1970. Da mesma maneira, nós agora sabemos que fragmentos de rocha expelidos da superfície de Marte colidem periodicamente com a Terra. Até 1997, uma dúzia de meteoritos tinham sido seguramente identificados, com base nas suas composições químicas, como sendo originários de Marte. Eles são tecnicamente conhecidos como meteoritos SNC (referência a Shergotty, Nakhla e Chassingy, os nomes dados aos três primeiros meteoritos encontrados), e pesquisadores de todo o mundo aguardam outros. Conforme cálculos de Colin Pillinger, do Instituto de Pesquisa de Ciências planetárias do Reino Unido, cem toneladas de matéria marciana chegam à Terra todo ano. Um dos meteoritos de Marte, o ALH84001, foi encontrado na Antártida em 1984. Ele contém diminutas estruturas tubulares que cientistas da NASA identificaram com alarde, em Agosto de 1996, como possíveis fósseis microscópicos de organismos similares a bactérias que devem ter vivido em Marte há mais de 3,6 bilhões de anos. Em Outubro de 1996, cientistas da Universidade Open, na Inglaterra, anunciaram um segundo meteorito marciano, o EETA7901, no qual também se descobriu provas químicas de vida, neste caso, surpreendentemente, organismos que teriam existido em Marte há 600 mil anos.

Duas sondas foram lançadas pela NASA em 1996: a Mars Pathfinder, um explorador, e a Mars Surveyor, um orbitador. Novas missões estão programadas, quando se tentará colectar um pedaço de rocha da superfície ou do solo de Marte e, posteriormente, conduzir a amostra para a Terra. Rússia e Japão estão também enviando sondas para Marte a fim de empreender uma série de testes e experiências científicas. Existem planos para terra-formar o planeta vermelho no futuro. Isso envolveria a introdução de gases de estufa e bactérias comuns da Terra. Durante séculos os efeitos de aquecimento dos gases e os processos metabólicos das bactérias transformariam a atmosfera marciana, tornando-a habitável para espécies cada vez mais complexas, tanto introduzidas quanto evoluídas localmente. Qual a probabilidade de a humanidade conseguir executar esse plano de semear Marte com vida? Aparentemente, é apenas uma questão de obter o dinheiro, pois a tecnologia para isso já existe. Ironicamente, no entanto, a existência de vida na própria Terra permanece um dos grandes mistérios ainda não solucionados pela ciência. Ninguém sabe quando, por que ou como ela começou aqui. Parece apenas ter explodido subitamente, vinda do nada, num estágio primitivo da história do planeta. Embora se pense que a própria Terra se tenha formado 4,5 bilhões de anos, as mais antigas rochas remanescentes são mais jovens que isso, com cerca de quatro bilhões de anos. Foram encontrados vestígios de organismos microscópicos remontando a 3,9 bilhões de anos. Essa transformação de matéria inanimada em vida teria sido um milagre que nunca mais se repetiu, e que mesmo os laboratórios científicos mais avançados não foram capazes de reproduzir. Devemos realmente acreditar que um exemplo tão surpreendente de alquimia cósmica poderia ter ocorrido por acaso, apenas nas primeiras centenas de milhões de anos da longa existência da Terra?

O professor Fred Hoyle, da Universidade de Cambridge, não pensa assim. Sua explicação para que a origem da vida na Terra tenha ocorrido tão pouco tempo depois da formação do planeta é de que ela foi trazida de fora do sistema solar em grandes cometas interestrelares. Alguns fragmentos teriam colidido com a Terra e libertado esporos antes retidos em animação suspensa no gelo do cometa. Os esporos espalharam-se e fincaram raiz de um lado a outro do planeta recém-formado, que foi rapidamente colonizado por micro-organismos resistentes. Estes evoluíram lentamente e se diversificaram, eventualmente produzindo a imensa diversidade de formas de vida que conhecemos hoje. Uma teoria alternativa e mais radical, sustentada por um certo número de cientistas, é de que a Terra poderia ter, deliberadamente, se terra-formado há 3,9 bilhões de anos, da mesma forma que estamos nos preparando para terra-formar Marte. Essa teoria pressupõe a existência de uma civilização avançada de viajantes estelares, ou, mais provavelmente, de muitas dessas civilizações, distribuídas por todo o universo.

No entanto, a maioria dos cientistas não considera, necessariamente, a presença de cometas ou de alienígenas. Nas suas teorias predomina a visão de que a vida apareceu na Terra acidentalmente, sem nenhuma interferência exterior. Com base em cálculos amplamente aceitos sobre o tamanho e a composição do universo, eles também argumentam que, provavelmente, há centenas de milhões de planetas como a Terra espalhados a esmo por bilhões de anos-luz de espaço interestrelar; e assinalam que é improvável, entre tantos planetas compatíveis, que a vida tenha evoluído apenas na Terra». In Grahan Hancock, Robert Bauval e John Grigsby, O Mistério de Marte, 1998, Editora Aleph, 2004, ISBN 978-858-588-796-4.

Cortesia de Aleph/JDACT

JDACT, Literatura, Ciência, Marte, Grahan Hancock, Robert Bauval, John Grigsby,