quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Philip Gardiner. Gnose. «O cálice é o Graal, a cruz é o número oito da imortalidade, e a rosa é o sangue da serpente (Cristo) e o símbolo da deusa-mãe Ishtar e de sua sabedoria oculta»

Cortesia de wikipedia e jdact

A Serpente. Antigo Culto

«(…) Diz-se que as mulheres dos vândalos (que cultivavam o dragão voador) mantinham cobras em buracos de carvalhos e lhes faziam oferendas de leite. As mulheres pediam às cobras que trouxessem saúde às suas famílias. O facto de mantê-las prisioneiras, alimentá-las e, então, pedir-lhes pela cura pode ser uma indicação de como era profundamente arraigado o culto à serpente na sociedade vândala. Deane declara que os lombardos cultuavam da mesma maneira uma víbora dourada e uma árvore na qual a pele da besta selvagem estava pendurada. Em 682 d.C., o bispo de Benevento suprimiu essa crença ao cortar a árvore, derreter a víbora dourada e transformá-la em um cálice sacramental. Os normandos eram descendentes dos vikings e consideravam importante a árvore yggdrasil, com a serpente em volta dos céus, como o ouroboros. Eles gravavam dragões e cobras no punho de suas espadas e escudos. Isso ocorria muitas vezes com o símbolo da cruz tau (antes que eles fossem cristianizados). O timbre de Henry St. Clare (o primeiro conde de Orkney), do século XIV, apresenta a cabeça de uma grande serpente. A cruz denteada (vista na Capela Rosslyn) também tem notáveis conotações. A cruz denteada é actualmente o símbolo dos Sinclair, mas a definição original de denteada [engrail, em inglês] implica geração [generation]. A família Sinclair, a Luz Sagrada, era a Geração Sagrada, os guardiões ou protectores do Graal. No centro da cruz denteada está a cruz dos templários. Embora a família Sinclair negue a conexão, o elemento da cruz dos templários está presente. A cruz dos templários se expande a partir do centro nas curvas em forma de ferradura e, desse modo, torna-se um símbolo da imortalidade.

O túmulo de sir William Sinclair, que fica no interior da Capela Rosslyn, representa um cálice e uma cruz octogonal, assim como uma rosa. O cálice é o Graal, a cruz é o número oito da imortalidade, e a rosa é o sangue da serpente (Cristo) e o símbolo da deusa-mãe Ishtar e de sua sabedoria oculta. Como os movimentos de uma cobra são caracteristicamente sinuosos e ondulados, semelhantes ao curso de um rio, são atribuídas três letras a ela [na língua inglesa], M, W e S. O uso dessas letras precisa ser examinado bem de perto, especialmente quando são usadas em conjunção com a mitologia da cobra ou com a alquimia (como em Mary ou mare, para água; como na própria água [Water] e em serpente [Ser-pent]). A ligação com a cobra não está implícita em todas as vezes que essas letras são usadas, apenas quando estão associadas a algum outro símbolo da cobra. Em todo o mundo, muitas culturas acreditam que a água contém o espírito da serpente, o que nessas culturas está ligado implicitamente aos cultos aquáticos. As serpentes também são vistas muitas vezes como guardiãs de uma lagoa, um tanque ou um poço. Isso é particularmente verdadeiro na cultura céltica, em que elas eram representadas com deuses e deusas. Por exemplo, Brighid é associada com várias deusas serpentes, como a Neit. Essas serpentes aquáticas eram as guardiãs da sabedoria [Wisdom] associada à água [Water]. Há um poço [Weli], situado em Pembrokeshire, na Inglaterra, do qual se relata que teria contido um colar de ouro (que alguns dizem simbolizar a cobra), guardado por uma cobra que picava mãos. No Maiden's Well [Poço da Virgem], em Aberdeenshire, na Escócia, dizia-se que estava presente uma serpente alada.

Alguns especialistas acreditam que a cobra era originalmente um símbolo da deusa virgem dando à luz o cosmo, sem a participação de qualquer princípio masculino, quase um elemento andrógino de criação. Em alguns mitos primitivos, a deusa dá à luz o Universo, e depois a singularidade original da deusa se divide em formas separadas, de deus e deusa. Seria de sua união sexual que a criação teria surgido. Portanto, o que se exige para a verdadeira sabedoria e criatividade é a re-união desses dois opostos». In Philip Gardiner, Gnose, O Segredo do Templo de Salomão Revelado, 2005, Editorial Estampa, ISBN 978-972-332-431-0.

Cortesia de EEstampa/JDACT

JDACT, Philip Gardiner, Religião, Literatura, Esoterismo,