quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Exposição. Leitores de Mapas. Dois séculos de História da Cartografia em Portugal. «… a colaboração entre estes três autores foi decisiva para a maturação de uma consciência epistemológica para esta disciplina iniciada na transição do século XVIII para o século XIX em torno da arte de ler os velhos mapas»


Cortesia da bnp

Até ao pf dia 15 de Outubro de 2012. Sala de Exposições. Piso 3.

«Organizada no âmbito do IV Simpósio Ibero-Americano de História da Cartografia a exposição apresenta uma ampla retrospectiva sobre os estudos de cartografia antiga realizados em Portugal ao longo dos últimos duzentos anos. É revisitada a obra produzida no domínio da história da cartografia por mais de uma dezena de investigadores portugueses, entre os quais sobressaem os nomes de Manuel Francisco Barros Sousa, Duarte Leite, Abel Fontoura da Costa, Jaime e Armando Cortesão, Luís de Albuquerque e Avelino Teixeira da Mota. Foram seleccionadas cerca de 80 peças pertencentes aos diversos fundos da BNP, incluindo livros, artigos, manuscritos autógrafos, fotografias, gravuras, atlas e mapas. A exposição ilustra os progressos de um campo do saber ao qual Portugal esteve associado desde a sua génese, nas primeiras décadas do século XIX. Encontra-se organizada em quatro núcleos, correspondentes a períodos definidos por contextos culturais, científicos e político-diplomáticos específicos.
O primeiro núcleo, intitulado ‘O século do visconde’, está centrado na extensa série de estudos preparados a partir da década de 1840 pelo diplomata Manuel Francisco de Barros Sousa, 2.º visconde de Santarém, os quais deram um horizonte disciplinar à própria história da cartografia. O segundo painel estrutura-se em torno do ‘círculo da náutica, designação escolhida para o período de transição do século XIX para o século XX, quando o projecto português para a história da cartografia foi relançado por um grupo de oficiais da Armada que ambicionaram construir um conhecimento científico dos territórios coloniais. Ernesto de Vasconcelos, Fontoura da Costa, Gago Coutinho e Teixeira da Mota revêem-se neste projecto, ao qual a Universidade de Coimbra também aparece associada através de Luciano Pereira Silva, Duarte Leite e Armando Cortesão. O terceiro período tratado ilustra a longa permanência de Jaime Cortesão no Brasil, entre 1940 e 1957, determinada por motivos políticos. Designado ‘O exílio do cartólogo’, destaca-se aqui a série de cursos sobre história da cartografia política brasileira que Jaime Cortesão leccionou no Ministério das Relações Exteriores do Brasil entre 1944 e 1950. Estes cursos abriram novas perspectivas ao estudo integrado dos mapas e da formação do território brasileiro e representaram a primeira experiência formal de ensino da história da cartografia no mundo. No último painel, chamado ‘Afirmação de uma ciência’, tratam-se articuladamente três nomes que deixaram uma marca profunda nos estudos sobre história da cartografia em Portugal na segunda metade do século XX: Armando Cortesão, Avelino Teixeira da Mota e Luís de Albuquerque. Tal como a exposição torna patente, a colaboração entre estes três autores foi decisiva para a maturação de uma consciência epistemológica para esta disciplina iniciada na transição do século XVIII para o século XIX em torno da arte de ler os velhos mapas.


A inauguração da exposição da BNP será acompanhada pela edição de um livro onde se reúne um conjunto de quinze estudos inéditos, assinados por um conjunto alargado de investigadores de distintas especialidades e procedência institucional. Estes estudos permitem realizar uma primeira leitura integrada ao desenvolvimento intelectual da história da cartografia em Portugal. Trata-se de uma edição conjunta do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa e da Biblioteca Nacional de Portugal». In Biblioteca Nacional de Portugal, Francisco Roque Oliveira (coordenação geral da exposição), Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa, Miguel Rodrigues Lourenço, Centro de História de Além-Mar, Universidade Nova de Lisboa, Maria Joaquina Feijão.

Cortesia da BNP/JDACT