segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Poesia em Rés-pública. Salomão Rovedo. «Sardas são estrelas. Teu corpo é a Via Láctea salpicada de sardas. São dunas de areia as alvas ondulações estelares desse corpo…»

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«Poderia cantar ao infinito o prazer de ter te conhecido»

Canção de teus poemas
«Estes poemas são teus
Porque, bem vês, são o espelho
que te reflecte inteira:
cabelos, olhos, boca, sopro, pés.
Porque são teus estes poemas,
são a tua sombra.
Estes poemas são teus
porque são teus.
Porque minhas mãos teleguiaste,
corpo e alma psicografados,
aqui e na distância.
Estes poemas são teus
porque sugerem primavera
quando não é primavera,
porque vieste verão abrasador.
São teus estes poemas porque
vários outonos alegraste,
são teus estes poemas,
somente teus…»


Canção das dunas estelares
«Sardas são estrelas.
Teu corpo é a Via Láctea
salpicada de sardas.
São dunas de areia
as alvas ondulações estelares
desse corpo.
Desafios exigindo sabenças
as reentrâncias.
Leitosos caminhos cósmicos,
desafiam o amante venturoso.
Sardas são estrelas, astros, sóis,
Pontos minúsculos de universo
Para sempre incógnito.
Teu corpo salpicado de sardas,
ponteado de alvas ondas estelares,
reentrâncias como desafios,
convida o venturoso amante.
Colher uma a uma as estrelas,
com os lábios apagar sardas,
deslindar o sabor lácteo
que as reentrâncias exalam.
Saber a sal o sabor da pele,
dos lábios salpicar de novo,
repor uma a uma as sardas todas
em seus devidos lugares.
Via Láctea chamuscada de sardas
que são artes estelares
reproduzindo o trimilenar mistério.

Miríades de sensações:
teu corpo tem estrelas»
Poemas de Salomão Rovedo, in ‘Sete Canções, 1987

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