sexta-feira, 22 de abril de 2022

Isabel de Aragão. Rainha Santa. Isabel Maria M. Costa. «A definição tradicional do romance histórico sublinha o carácter híbrido do género, que associa romance e história na mesma composição»

Cortesia de wikipedia e jdact

Cortesia de Tese de Mestrado

Conceito de Biografia

«(…) A biografia é um subgénero da narrativa que constitui a representação, em forma de descrição, da vida de uma determinada personalidade. Os objectivos da pesquisa biográfica incidem sobre os percursos dos biografados. Esta forma textual é importante para o conhecimento histórico e para os historiadores. No Dicionário de Narratologia, Carlos Reis apresenta o termo biografia da seguinte forma: Como o termo indica e uma vasta tradição cultural tem evidenciado, a biografia constitui a representação, muitas vezes em forma de relato, da vida de uma determinada personalidade, no desenrolar da sua existência, no seu crescimento e maturação, nos eventos que lhe deram peculiaridade e mesmo nos incidentes que conduziram ao desaparecimento dessa personalidade. (Reis e Lopes, 1990).

A génese da biografia é coexistente com o género histórico na Grécia do século V A.C., com Plutarco, estudioso grego, que exerceu grande influência sobre o ensaio e a biografia na literatura Ocidental. O autor esclareceu as suas motivações para apresentar as vidas dos grandes homens da Antiguidade. Para Ana Maria Guedes Ferreira, da Universidade do Porto: Se dedicarmos algumas linhas à apresentação do ponto de vista de um historiador de renome, foi precisamente porque Plutarco, que pode ser considerado o pai da biografia (embora vários outros autores tenham trabalhado este género antes), não se assume como tal. (Ferreira, 2004). Finalmente, segundo o E-Dicionário de Termos literários, o termo biografia tem a seguinte definição: Termo etimologicamente composto por bio-(indicativo da ideia de vida, com origem no grego bíos) e grafia (de grafo [+sufixo-ia] elemento de composição culta, que traduz as ideias de escrever e descrever, com origem no grego grápho-, escrever). O género biografia é um ramo da literatura que se dedica à descrição ou narração da vida de alguém que se notabilizou de alguma forma. (Rosado, 2009).

Conceito de Romance Histórico

Este subgénero caracteriza-se como instrumento narrativo, em que o passado é elemento referencial, sendo a ficcionalidade o ponto de partida para a construção do mundo presente no Romance Histórico, um mundo ficcional, verosímil, onde os elementos realistas produzem o efeito do real. Puga considera o Romance como género e a História como fenómeno capaz de ser textualmente reproduzido. (Puga, 2006). O romance histórico retrata os pontos de contacto e as diferenças entre História e Literatura, sendo reconhecido como uma tipologia de carácter híbrido. Ana Maria Santos Marques, na sua tese de Mestrado, O Anacronismo no Romance Histórico Português Oitocentista, no capítulo II, intitulado O Romance Histórico: contributo para uma definição, está também de acordo com o carácter híbrido do género, salientando: A definição tradicional do romance histórico sublinha o carácter híbrido do género, que associa romance e história na mesma composição. (Marques: 2012) A origem deste género literário terá sido no início do século XIX e teve como expoente máximo Walter Scott, escritor britânico (1771-1832), coincidindo com a queda de Napoleão, com as publicações Waverley em 1814 e Ivanhoe em 1819. Em Portugal, quem introduziu o romance histórico foi Alexandre Herculano, o primeiro autor português a cultivar uma forma de romance histórico, que tinha Walter Scott como modelo, e que revolucionou a historiografia portuguesa. Herculano viu no romance histórico a oportunidade de expressar os valores de patriotismo assentes nos exemplos da fundação do país para elevar a moral, a ética e a fraternidade. Eurico, O Presbítero foi um dos veículos para todas estas preocupações. Segundo Ana Marques: Na primeira nota de Eurico, O Presbítero, texto importante para a legitimação do género que introduz em Portugal, Herculano preocupa-se em definir a época e o assunto mais adequados ao romance histórico, tendo sempre em vista o modelo consagrado de Walter Scott. (Marques: 2012)». In Isabel Maria M. Costa, Isabel de Aragão, Rainha Santa, No Período medieval e na actualidade, uma visão comparatista entre textos literárioa e historiográficos, Dissertação Mestrado em Estudos Portugueses, Multidisciplinares, www.uab.pt, 2019.

Cortesia de Mestre Isabel Maria Marques Costa

JDACT, Isabel Maria M. Costa, Literatura, Caso de Estudo, História,