quarta-feira, 16 de março de 2022

Paul Jeffers. Mistérios Sombrios do Vaticano. «Teorias e acusações de intrigas assassinas vieram à tona após a morte do papa Clemente XIV, em 1774. Ele estaria tão atormentado pela culpa por ter extinguido a ordem dos jesuítas…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Os Tesouros do Vaticano. Sacerdotes malcomportados

«(…) Ao proibir os padres de terem uma vida sexual madura, o que inclui compromisso, responsabilidade e respeito, e protegendo-os dos custos de suas façanhas sexuais, a Igreja na prática tem tolerado a liberdade sexual clerical para todos. O facto de o comportamento heterossexual e homossexual prosperarem no sacerdócio católico não reflecte algo inerente à homossexualidade ou à heterossexualidade, mas é antes uma prova da hipocrisia e duplicidade de um sistema elitista, fechado, masculino, de uma sociedade secreta que tolera, na verdade exige, a mentira a respeito da vida sexual de qualquer um a qualquer custo. Afirmando que o documento de 1962 do papa João XXIII continuou a vigorar até Maio de 2001, os autores do livro Sex, Priests and Secret Codes, Thomas P. Doyle, A.W.R. Sipe e Patrick J. Wall, apresentaram um relato que chamaram de evidências escritas dos abusos sexuais de 2 mil anos da Igreja Católica. Escreveram que a carta era significativa porque reflectia a insistência da Igreja em manter o mais alto grau de sigilo.

Quarenta e seis anos depois de o papa João XXIII ter assinado De Modo Provedendi di Causis Crimine Soliciciones e prometer sigilo da Igreja a respeito do abuso sexual de menores pelo clero, o papa Bento XVI pediu desculpas às vítimas de abuso por padres e falou publicamente sobre o assunto durante sua viagem pelos Estados Unidos e Austrália. Para o público da Jornada Mundial da Juventude em Sydney, Austrália, ele declarou: Esses malfeitos, que constituem grave quebra de confiança, merecem condenação inequívoca. Causaram grande sofrimento e prejudicaram o testemunho da Igreja. Peço a todos vocês que apoiem e ajudem seus bispos, e trabalhem junto com eles para combater esse mal. As vítimas devem receber cuidados e compaixão, e os responsáveis por essas maldades devem ser levados à Justiça. É uma prioridade urgente promover um ambiente mais seguro e sadio, especialmente para os jovens.

Assassinato nas Ordens Sagradas.

Os arquivos do Vaticano contêm provas de que o cargo de papa tem sido um dos mais arriscados da história. Ao longo dos séculos, muitos foram mortos ou assassinados. O primeiro foi o papa João VIII. Em 882, foi envenenado e depois espancado até à morte por conspiradores da corte papal. De acordo com o  livro de Matthew Brunson, The Pope Encyclopedia: An A to Z of the Holy See, a maioria das mortes de pontífices ocorreu na Idade Média, especialmente no período descrito pelo cardeal Cesare Baronius nos Annales Ecclesiastici como a Idade de Ferro do papado, de 867 a 964, quando famílias poderosas elegiam, depunham e assassinavam os papas por ambições políticas ou por vingança. Dos vinte e seis papas dessa época, dezasseis morreram violentamente. O mais estrondoso dos assassinatos foi o de João XII (955–964). Com apenas dezoito anos ao ser eleito pontífice, João era um notório mulherengo, e o palácio papal acabou por ser descrito como um bordel durante seu reinado. Ele morreu por causa dos ferimentos sofridos depois de ser descoberto na cama pelo marido de uma de suas amantes. Existem lendas que dizem que ele morreu por causa de um derrame sofrido durante o acto de amor.

Teorias e acusações de intrigas assassinas vieram à tona após a morte do papa Clemente XIV, em 1774. Ele estaria tão atormentado pela culpa por ter extinguido a ordem dos jesuítas, que passou o último ano de vida com medo de ser envenenado. Depois da sua morte, surgiram tantas histórias sobre um possível assassinato que foi realizada uma autópsia, mas não se descobriu nada que incriminasse os jesuítas. Aqui está uma lista de pontífices assassinados e a maneira como se acredita que tenham sido mortos, de acordo com The Pope Encyclopedia:

João VIII (872–882), supostamente envenenado e espancado até à morte;

Adriano III, são (884–885), teria sido envenenado;

Estevão VI (896–897), estrangulado;

Leão V (903), supostamente estrangulado;

João X (914–928), supostamente sufocado com um travesseiro;

Estevão VII (VIII) (928–931), provavelmente assassinado;

Estevão VII (IX) (939–942), mutilado, morreu por causa dos ferimentos;

João XII (955–964), morto na cama com uma amante pelo marido ultrajado ou devido a um derrame enquanto estava com a amante ou assassinado pelo marido enfurecido;

Bento VI (973–974), estrangulado por um sacerdote;

João XIV (983–984), morreu de fome , maus tratos ou foi envenenado;

Gregório V (996–999), teria sido envenenado;

Sérgio IV (1009–1012), provavelmente assassinado;

Clemente II (1046–1047), teria sido envenenado;

Damásio II (1048), teria sido assassinado;

Bonifácio VIII (1294–1303), morto após agressão enquanto prisioneiro na França.

A história mais bizarra é a do papa Estevão VII. Em 896, ele realizou o julgamento de seu rival, que estava morto havia nove meses. Segundo o escritor Mark Owen, num artigo sobre notórios pontífices, o corpo do papa Formoso foi trazido do túmulo e colocado num trono. Envolto com uma túnica de crina de cavalo, o cadáver recebeu um assessor jurídico, que permaneceu em silêncio enquanto o papa Estevão gritava e vociferava». In Paul Jeffers, Mistérios Sombrios do Vaticano, 2012, Editora Jardim dos Livros, 2013, ISBN 978-856-342-018(7)-3(6).

Cortesia de EJdosLivros/JDACT

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