quarta-feira, 13 de junho de 2018

O Canto. Sebastião da Gama. «(O resto conto depois; mas tão a sós, tão de manso que só escutemos os dois)»

Cortesia de wikipedia e jdact

Madrigal
«A minha história é simples.
A tua, meu Amor,
é bem mais simples ainda:

Era uma vez uma flor.
Nasceu à beira de um Poeta...

Vês como é simples e linda?

(O resto conto depois;
mas tão a sós, tão de manso
que só escutemos os dois)».
Poema de Sebastião da Gama, in “Antologia Poética”
  
Poesia Depois da Chuva
(A Maria Guiomar)
«Depois da chuva o Sol, a graça.
Oh! a terra molhada iluminada!
E os regos de água atravessando a praça
luz a fluir, num fluir imperceptível quase.

Canta, contente, um pássaro qualquer.
Logo a seguir, nos ramos nus, esvoaça.
O fundo é branco, cal fresquinha no casario da praça.

Guizos, rodas rodando, vozes claras no ar.

Tão alegre este Sol! Há Deus. (Tivera-O eu negado
antes do Sol, não duvidava agora.)
Ó Tarde virgem, Senhora Aparecida! Ó Tarde igual
às manhãs do princípio!

E tu passaste, flor dos olhos pretos que eu admiro.
Grácil, tão grácil!... Pura imagem da Tarde...
Flor levada nas águas, mansamente...

(Fluía a luz, num fluir imperceptível quase...)
Poema de Sebastião da Gama, in “Pelo Sonho é que Vamos”

Cortesia de OCitador/JDACT