sábado, 11 de janeiro de 2020

Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada. Laurence Gardner. «Os Comedores de Lótus (ou Lotophagi, pronuncia-se Itofji) eram um povo fabuloso que ocupou a costa norte da África e aparentemente vivia de flores de lótus. Essas flores supostamente causavam o esquecimento e a indolência feliz»

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«(…) Actualmente, tenho acesso ao banco de dados de um museu que contém cerca de 114 itens especificados do Monte Serâbít. Embora individualmente registadas, numeradas e descritas, as relíquias foram mantidas no depósito por décadas. Catalogadas como vindas do Sítio: Egipto, Sinai, Serâbít el Khâdim, incluíam mesas de oferendas, estátuas, esteias e um altar, com vasos, amuletos, placas, varetas e ferramentas. Os diversos cartuchos e inscrições faraónicos denotam um quadro temporal que se estende desde a 4ª. Dinastia, através do Reino Médio (com ênfase particular na 12ª. Dinastia), o Novo Reino (especialmente a 18ª. Dinastia, época de Moisés) até à era Ramsida, culminando com a 20ª. Dinastia. Isso representa um uso operativo do Templo por cerca de 1500 anos. Dedicado à deusa Hathor durante sua vida operativa, o Templo de Serâbit parece ter cessado toda a sua actividade durante o século XII a.C., quando o Egipto caiu em declínio financeiro e sob a influência estrangeira, o que acabou levando ao governo grego dos ptolomeus.
Era, porém, inteiramente operacional antes das pirâmides de Gizé terem sido construídas, continuou em serviço durante as eras de Tutankhamon e Ramsés, o Grande, durante os magníficos períodos dos Comedores de Lótus e dos Deuses-Reis. Mas por que haveria um Templo egípcio de tanta importância centenas de milhas dos centros faraónicos, além dos golfos do Mar Vermelho, no cimo de uma montanha desolada?

Campo dos Abençoados
Com o risco de parecer repetitivo para aqueles que leram Génesis of the Grail Kings, vale reiterar alguns dos aspectos principais da descoberta de Petrie, adicionando alguns detalhes extras do debate que mais tarde ocorreu no Ocidente. A parte do Templo acima do solo foi construída em arenito retirado da montanha. Sua estrutura compunha-se de uma série de salas, santuários pátios, cubículos e câmaras adjacentes, com um muro em volta. Dentre essas, as principais características desenterradas eram a Sala de Hathor, o Santuário, o Relicário dos Reis e o Pátio do Pórtico. Em volta, havia pilares e estelas que simbolizavam os reis egípcios através das eras, enquanto alguns reis, como Tutmoses III, foram retratados muitas vezes em pedra altas e relevos nas paredes. Após limpar o sítio, Petrie escreveu: não há monumento conhecido que mais nos faça lamentar que não esteja em melhor estado de conservação.
A Caverna de Hathor foi cortada em pedra natural, com paredes internas rectas, cuidadosamente aplainadas. No centro havia um grande pilar de Amanemhet III (1841-1797 a.C.). Também estava retratado o seu camareiro-chefe, Khenemsu, e o seu porta-selos, Amenysenb. No fundo da caverna, Petrie encontrou uma esteia de calcário do faraó Ramsés I, uma laje em que Ramsés (tradicionalmente tido pelos egiptólogos como oponente do culto monoteístico a Aten do faraó Akenaton) descrevera a si mesmo, surpreendentemente, como o governante de tudo o que contém Aten. Também se encontrou um busto de Amarna representando a mãe de Akenaton, a rainha Tiye, com o seu cartucho na coroa.
Os Comedores de Lótus (ou Lotophagi, pronuncia-se Itofji) eram um povo fabuloso que ocupou a costa norte da África e aparentemente vivia de flores de lótus. Essas flores supostamente causavam o esquecimento e a indolência feliz. Na Odisseia, de Homero quando Odisseu desembarcou entre eles, alguns dos seus homens comeram desse alimento. Eles esqueceram os seus amigos e o seu lar e tiveram de ser arrastados de volta aos navios The Lotus Eaters, de Alfred, Lord Tennyson, tornou-se um clássico da poesia inglesa. Nos pátios e salas do Templo exterior, havia diversos tanques rectangulares e bacias circulares escavados em pedra, com grande número de bancos de altar curiosamente configurados, com a parte da frente rebaixada e superfícies em nível. Havia também mesas redondas, bandejas e pires, com vasos e taças de alabastro, muitos dos quais com a forma do lótus. Além disso, os recintos abrigavam uma boa colecção de placas esmaltadas, cartuchos, escaravelhos e ornamentos sagrados com desenhos de espirais, losangos e cestaria». In Laurence Gardner, Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada, Editora Madras, 2004, ISBN-978-857-374-901-4.

Cortesia de EMadas/JDACT