sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bracara Augusta. A Casa Romana das Carvalheiras: «Recomeçadas em 1990, numa tentativa de definição dos limites da construção anteriormente descoberta, as escavações viriam a prolongar-se até ao ano de 1995. Ficou então totalmente delimitada uma unidade habitacional, circundada por quatro ruas, que ocupava a totalidade de um quarteirão residencial»

Cortesia de roteiros arqueologicos

Introdução.
«A identificação do conjunto arqueológico das Carvalheiras ocorreu em 1983, na sequência de uma escavação realizada num terreno livre, situado a oeste da R. dos Marchantes, onde se previa construir uma escola e infra-estruturas desportivas.
A abertura de algumas sondagens na parte sudoeste do terreno viria a pôr de imediato a descoberto o cruzamento de duas ruas e muros bem conservados de duas habitações distintas. O interesse das ruínas levou ao prolongamento dos trabalhos durante o ano de 1984, tendo sido abandonado o projecto de construção da escola.
Várias campanhas de escavação, que se prolongaram até 1986, permitiram, entretanto, descobrir cerca de metade de uma habitação romana, ladeada de pórticos dispostos ao longo de duas ruas.
Recomeçadas em 1990, numa tentativa de definição dos limites da construção anteriormente descoberta, as escavações viriam a prolongar-se até ao ano de 1995. Ficou então totalmente delimitada uma unidade habitacional, circundada por quatro ruas, que ocupava a totalidade de um quarteirão residencial de «Bracara Augusta». Nos limites das ruas descobertas desenham-se muros pertencentes a outras habitações e quarteirões.

Perspectiva aérea da zona arqueológica das Carvalheiras no início das escavações
Cortesia de roteiros arqueologicos

Para além de constituir a única casa romana totalmente escavada até ao momento em Braga, a habitação das Carvalheiras revela-se como um admirável exemplar da arquitectura urbana privada, constituindo, simultaneamente, um notável fragmento do urbanismo de «Bracara Augusta». Com efeito, o módulo urbano identificado no quarteirão das Carvalheiras permitiu, em conjugação com outros elementos, definir a matriz do urbanismo da Braga romana e elaborar a primeira proposta de um traçado ortogonal para a cidade.
Por sua vez, o estudo desta habitação forneceu indicadores do tipo de construção utilizado em diferentes épocas, pois foi objecto de várias remodelações ao longo dos cerca de quatro séculos da sua ocupação.
O conjunto arqueológico das Carvalheiras constitui um ponto de interesse essencial para o conhecimento do urbanismo e arquitectura privada romana da região norte-ocidental da Península Ibérica.

Sector escavado entre 1983 e 1986
Cortesia de roteiros arqueologicos

O conjunto arqueológico das Carvalheiras localiza-se num terreno limitado, a este, pelas traseiras dos prédios que se distribuem ao longo da R. dos Marchantes - por onde se faz o acesso às ruínas - e, a norte, pelas traseiras das casas da R. Cruz de Pedra. A sul, o terreno está limitado por um alto muro de suporte que separa o tabuleiro onde se encontram as ruínas de um outro mais alto. A oeste, existe actualmente um campo de jogos, construído em 1989, depois de terem sido escavados os terrenos. Estas escavações não revelaram estruturas arqueológicas conservadas.
O terreno onde se localizam as ruínas das Carvalheiras nunca foi construído, uma vez que, após o seu abandono como área residencial da cidade romana, passou a ser usado como espaço agrícola. Tal facto justifica o razoável estado de conservação das estruturas aí descobertas». In Bracara Augusta, Manuela Martins,  A Casa Romana das Carvalheiras, Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, 2000, ISBN 972-9382-11-5.

Cortesia de Cortesia de Roteiros Arqueológicos/JDACT