sábado, 20 de agosto de 2011

V. O. T. de S. Francisco. Guimarães: As Portas da Igreja. «… o levantamento de uma capela no sítio «onde existia a porta travessa», entre a capela de S. Gualter e o altar da irmandade do Cordão, encarregando-se o dito Simão Dias Pimenta e a sua tia de «mandar abrir outra porta travessa em lugar d'esta abaixo do arco grande que está abaixo do coro novo que ora se fez no dito mosteiro...»

Cortesia de votsfrancisco

As Portas da igreja de S. Francisco.
A porta de acesso às «Carvalhas» de S. Francisco.
«À esquerda, para quem entra pela porta principal, de fronte para a anterior, existe a porta que dava acesso ao «terreiro de S. Francisco», ou «Carvalhas de S. Francisco», porta que hoje não tem serventia, tendo sido tapada no exterior a meados do século XX. Essa porta não existia no tempo de Craesbeeck e do Padre António Carvalho da Costa. Essa porta foi aberta em consequência de um contrato celebrado em 26 de Março de 1629 entre os frades e Maria Peixota, viúva de António Dias Pimenta, e seu sobrinho, Simão Dias Pimenta. Nesse contrato foi decidido o levantamento de uma capela no sítio «onde existia a porta travessa», entre a capela de S. Gualter e o altar da irmandade do Cordão, encarregando-se o dito Simão Dias Pimenta e a sua tia de «mandar abrir outra porta travessa em lugar d'esta abaixo do arco grande que está abaixo do coro novo que ora se fez no dito mosteiro...» (João Lopes de Faria, «Escripturas públicas vimaranenses, fl. 275».
Cortesia de votsfrancisco

Havia, assim, uma porta travessa a meio da nave, do lado do Evangelho, que foi tapada pela capela dos Pimentas, «capela da Porciúncula», abrindo-se na altura outra porta debaixo do coro alto que então se fizera, porta ainda hoje visível do interior da igreja.
Por contrato de 24 de Setembro de 1733, o síndico do convento de S. Francisco contratou por 150$000 reis com Jerónimo Lopes de Mesquita, carpinteiro da rua das Molianas, para executar «o forro por baixo do coro da igreja, o qual forro tem dois arco, um da parte da escada que vai para o claustro e outro, correspondente, da parte da porta travessa» (Nota do tabelião José da Costa, em João Lopes de Faria, Extractos das notas..., fls. 45v-46).

Em «Guimarães do Passado e do Presente», essa porta ainda existia entre 1865 e 1870. Na primeira metade do século XX, o restauro da parede norte da igreja conventual incompreensivelmente veio escondeu a antiga porta travessa e a porta que a substituiu; todavia, graças às fotografias existentes no arquivo da VOT de S. Francisco, podemos ver o seu aspecto e localização.

Porta de acesso à Ante-Sacristia
Inicialmente, o acesso à sacristia da igreja fazia-se por uma porta estreita que existia (e ainda hoje existe) na parede do lado sul do absidíolo ocupado com o altar de Santa Ana. Essa porta, baixa e estreita, é encimada por um arco de volta inteira, mas que sai em ogiva, abria caminho para a ante-sacristia antes das obras que alteraram a fisionomia deste espaço. Hoje, é usada para aceder a um aposento de arrumos.

Cortesia de votsfrancisco

Em data desconhecida, mas anterior a 1692, o acesso da igreja à ante-sacristia passou a ser feito pela porta que actualmente liga o transepto àquela dependência, o que se fez com autorização do administrador da capela dos Mártires de Marrocos que se erguia, segundo se supõe, ao centro dessa parede. Com efeito:
  • «Em 1692, o Padre Torquato Peixoto de Azevedo escreveu nas suas «Memórias ressuscitadas da antiga Guimarães», pág.342, que na parede da igreja da parte do sul estava a capela dos Santos Mártires de Marrocos, instituída por Francisca da Silva, «e esta se mudou com licença do seu administrador Antonio Corrêa de Sousà Montarroyo para se abrir ali a porta da sachrisfia».
Esta mudança causou danos nas sepulturas adjacentes, como se deduz do «Livro das Sepulturas da Igreja de S, Francisco de Guimarães», que mandou fazer o Reverendo Padre Mestre Frei Bento da Luz no ano de 1775, sendo Guardião deste Convento, manuscrito existente no Arquivo desta Venerável Ordem Terceira. Nele se lê a dado passo:
  • «no Altar dos Santos Mártyres de Marrocos que levantou Sylvia Francisca, e hoje administraõ os Senhores Montes negros, e fica ao sahir da sacristia para o Cruzeiro da Igreja por baixo do ultimo degrao da escada de pedra está hum fojo, que mais era para semiterio de aguas que para sepultura de corpos por ser estreyto. Com tudo assim ficou no mesmo lugar coberto de parte a parte com hum degrao novo que se lhe poz (...). Ficou como estava, só se innovou o escallaõ que a cobria e estava todo quebrado».
As informações recolhidas permitem concluir que a Capela dos Santos Mártires de Marrocos foi instituída por Sílvia Francisca na parede sul do transepto, fronteira ao Altar da Senhora das Dores; em data que se ignora, mas anterior a 1692, essa capela foi mudada de lugar para se abrir ali uma porta para a ante-sacristia, mudança que consistiu em deslocar a capela uns dois metros para a direita, colocando-a em simetria com o janelão gótico que se abre nessa parede.
Teria sido nessa altura que foi retirado (por se ter danificado?) o retábulo dos Mártires de Marrocos existente na capela, hoje colocado no absidíolo norte da igreja, sendo substituído pela pintura do Senhor da Paciência». In Francisco José Teixeira, Belmiro Jordão, V.O. T. de S. Francisco de Guimarães, Agenda Franciscana, Ano V, 1, 2006.

Cortesia de VOT de S. Francisco/JDACT