quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Poesia. Silva Araújo: Raízes. «São para ti, meu anjo guardador, os versos que me dita a inspiração. São para ti, ó roseirinha em flor, de que eu, por amor, sou um botão»

Cortesia de silvaaraujo

Mensageira
Avezinha mansa,
tu por onde andaste?
Conta-me o que viste,
mostra o que encontraste.

Tu que corres mundo
célere, veloz,
e que depois voltas
para ao pé de nós,

mostra-me o que viste,
conta o que escutaste
pelas longas terras
lá por onde andaste.

Bate tuas asas,
apressa teus passos.
Vai à minha mãe
e cobre-a de abraços.

Diz-lhe que lhos manda
o seu filho, eu,
que longe de casa
nunca a esqueceu.

Depois volta cá
fazer-me carinhos,
pois ela por certo
vai mandar beijinhos.


Meu anjo
São para ti, meu anjo guardador,
os versos que me dita a inspiração.
São para ti, ó roseirinha em flor,
de que eu, por amor, sou um botão.

Eles encerram o profundo amor
que a ti dedica o meu coração.
'Scritos num misto de alegria e dor,
mostram afecto e dedicação.

Quando te escrevo, mãe, neste momento
quisera, mais veloz até que o vento,
transpor de um salto todo este espaço.

Mas só, meu bem, com a imaginação
posso apertar-te junto ao coração
e dar-te um terno, carinhoso abraço.
Poemas de Silva Araújo, in «Raízes»
(1955-56)

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