terça-feira, 16 de agosto de 2011

Convento de Cristo. Tomar: «Aparece como a concretização natural de um projecto de ocupação de espaços, onde se encontram os estilos arquitectónicos experimentados no território português, do século XII ao século XVIII, mas guardando-se como repositório único de um gótico final a que pela exuberância única da sua decoração, se convencionou chamar manuelino»


Cortesia de almeidadias

Introdução.
«O Convento de Cristo é o emblema máximo da cidade de Tomar e com o Castelo dos Templários, constitui uma unidade histórica e artística cuja visita se torna indispensável a quem deseje percorrer os lugares onde a Nação Portuguesa se foi realizando em originalidade e vontade independente.

O Castelo foi sede do ramo português da Ordem dos Templários e, quando esta foi extinta por decisão papal, logo o rei português. D. Dinis, a substituiu, 1319, pela Ordem de Cristo continuadora dos mesmos ideais e suporte material e ideológico da aventura dos Descobrimentos Marítimos levados a cabo pelos Portugueses.,nos séculos XV e XVI.
O Convento de Cristo aparece assim como a concretização natural de um projecto de ocupação de espaços, onde se encontram os estilos arquitectónicos experimentados no território português, do século XII ao século XVIII, mas guardando-se como repositório único de um gótico final a que pela exuberância única da sua decoração, se convencionou chamar «manuelino».

Cortesia de almeidadias

A construção do Convento desenvolveu-se a partir da «Charola», primitivo oratório usado pelos Templários, erguendo-se primeiro os claustros do Cemitério e da Lavagem, projecto de ampliação a que se associa o Infante D. Henrique, ao tempo «governador e administrador» da Ordem. Mas é, de facto, a partir do reinado de D. Manuel I e, depois, com D. João III, que o convento atinge a sua dimensão mais significativa, sobretudo depois de 1529, com a reforma dos Estatutos da Ordem realizada por Frei António de Lisboa, o que implicou a construção de mais 6 claustros, dos grandes corredores das celas, da cozinha, do refeitório, dos espaços para armazenagem e de cisternas, num espantoso discurso de pedra em que se aliam a beleza ímpar dos volumes, com a objectiva funcionalidade de todas as soluções. A estas grandes empreitadas régias ficou ligado o nome do arquitecto João de Castilho, a par de outros. Como Diogo de Arruda (o arquitecto da Igreja, 1510) e de Diogo de Torralva (o arquitecto do Claustro Principal. l558), nomes que se destacam do grupo de pedreiros e artistas mecânicos cujas siglas, inscritas nos blocos de calcário, directamente evocam a dignidade anónima do seu engenho e esforço.

Cortesia de almeidadias

Um terceiro e último período de construção inicia-se com o domínio espanhol ( l580- 1640) que, para além da ampliação do abastecimento de água ao Convento, se preocupou com a conclusão do «Claustro Principal», a que se ligaram, nesta fase, os nomes dos arquitectos Filipe Tércio e Pedro Fernandes de Torres e com a fachada norte do conjunto, onde foi edificada de uma nova «Portaria».
As razões históricas que justificavam a existência da Ordem de Cristo e do seu vasto poder económico, alteraram-se a partir do final do século XVII e, ao abrir do século XIX, o liberalismo e a conjuntura política portuguesa de então, extinguem a Ordem, 1834, encerrando-se o Convento. Viverá, posteriormente, uma fase de utilização privada, mas sem que se tivesse verificado desrespeito pelos seus espaços de maior significado artístico.

«E com efeito as espheras armillales e as cruzes de Christo são os mais comuns ornatos de toda essa architectura, pertencente sim, em geral, á época anarchica do renascimento, mas constituindo em Portugal um estylo particular «sui generis», que ainda se há de caracterizar com o nome de «manuelino», quando por cá se der importância á architectura». In Luís P. dos Santos Graça, Convento de Cristo, Instituto Português do Património Cultural, Edição ELO 1991, ISBN 972-9181-08-X.

Cortesia de Instituto Português do Património Cultural/JDACT