segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A Fortaleza de Alpalhão. «A origem de Alpalhão, tudo indica, terá ocorrido no Monte dos Setes, outeiro a noroeste da actual vila e “transferida” para a sua actual localização no século XIV, durante o reinado de D. Dinis. Desta primitiva implantação não possuímos muita informação. Não está também devidamente estudada a doação feita à Ordem do Templo desta localidade»

Cortesia de amigosdoscastelos

«À época da Reconquista cristã da península Ibérica, a povoação integrou os domínios da Ordem dos Templários em Portugal, que aí teriam feito erguer um castelo em algum momento entre os meados do século XII e os do XIII. À época de D. Dinis (1279-1325), com a extinção da Ordem, a povoação e seu castelo passaram para os domínios da Ordem de Cristo (1319), época em que o castelo terá sido reedificado.
Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), encontra-se figurado por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Era seu alcaide, à época, Fernão da Silva (1492-1511). Actualmente restam vestígios dos antigos panos de muralha e de algumas torres. Este património não se encontra classificado e nem consta dos roteiros turísticos do Concelho de Nisa.

Cortesia de amigosdoscastelos

A origem de Alpalhão, tudo indica, terá ocorrido no Monte dos Setes, outeiro a noroeste da actual vila e “transferida” para a sua actual localização no século XIV, durante o reinado de D. Dinis. Desta primitiva implantação não possuímos muita informação. Não está também devidamente estudada a doação feita à Ordem do Templo desta localidade.
A localidade doada aos Templários, onde possivelmente estes terão erguido uma estrutura defensiva, seria, a julgar pelos dados disponíveis, a instalação do Monte dos Sete e não actual Alpalhão, já que esta só ganha forma no reinado de D. Dinis, depois da extinção da Ordem dos Templários. Não é claro se terão edificado algum castelo, já que a única confirmação de castelos templários a sul do Tejo, relacionados com a Ordem do Templo, é o castelo de Nisa. Segundo Alexandre Herculano, aquando da doação do território de Açafa (actualmente Nisa e Vila Velha de Rodão) por D. Sancho, no final do século XII, existiria já um castelo, “castellum” Terron, embora a localização correcta esteja ainda por determinar.

Assim, a questão sobre a fundação de Alpalhão está ainda em aberto aguardando novos dados e novas investigações. É já no século XIV, que D. Dinis que “transfereAlpalhão para o seu local actual, aproveitando a existência de estruturas edificadas pré-existentes (alguns autores falam no Mosteiro de Alpalantri). Assim em 1300 temos a edificação do castelo dionisino de Alpalhão.
Em 1512, Alpalhão torna-se concelho, através de foral dado por D. Manuel. O seu castelo foi retratado nos inícios do século XVI, pela mão de Duarte d’Armas. Não são conhecidas intervenções de época manuelina, embora possamos supor, pelos que se conhece dos restantes castelos de fronteira, algumas intervenções de recuperação, melhoramente, etc. Aliás, as vistas disponibilizadas pelo Livro de Duarte d’Armas, sugerem que o castelo de Alpalhão estaria em obras no início do século XVI, marcado por exemplo pela ausência regular de ameias nos muros, que sugere uma intervenção a decorrer. A existência de troneiras em grande quantidade é também demonstrativa do esforço de manutenção das condições de defensibilidade deste espaço. Durante o reinado de D. João III as referências feitas ao castelo de Alpalhão dizem que apresentava “bom aspecto e dentro bons aposentamentos”.
No âmbito das Guerras da Restauração, em pleno século XVII, a vila é guarnecida de novas muralhas, ordenadas por D. João IV, concluídas em 1660, já no reinado de D. Afonso VI.

No século XVIII, o castelo e as muralhas seiscentistas terão conhecido episódios de destruição sobretudo em 1704 aquando da sua ocupação pelo Exército Franco-Espanhol. Já em 1758, depois do grande terramoto de 1755 escreve o vigário de Alpalhão:
  • «tem esta villa finalmente seu sinal de muralha que he á o redor huá parede mais larga arruinada e quasi-posta no alicerce, e hum castelo no meyo com huá das quatro faces, arruinada pelos castelhanos de Mayo de mil setecentos e quatro, este pello terremmoto foi so o que padeceu nesta villa perder hua parte la do alto da mesma face offendida que as outras tres de conservam inteiras»
Cem anos mais tarde, em 1874, Pinho Leal descreve um castelo de Alpalhão e conjunto de muralhas como estando “...tudo desmantelado”. O concelho de Alpalhão é extinto em 1855 e transitou depois dessa data para Nisa, Crato e novamente para Nisa onde permanece como freguesia.



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O Desenho
O desenho mais antigo da fortificação de Alpalhão que conhecemos provém do Livro das Fortalezas de Duarte d’Armas, datado dos inícios do século XVI (c. 1509). Retrata um castelo de forma rectangular, quase quadrada. No ângulo sudoeste estava a Torre de Menagem, de planta rectangular, com três andares e doze varas de altura. Em cada um dos restantes cantos da fortificação encontrava-se um cubelo de forma circular. Em volta dos muros havia um grande n.º de troneiras. A entrada principal efectuava-se pela muralha sul e não são visíveis outras portas no Livro das Fortalezas, embora fosse de supor a existência de mais uma (Porta das Sortidas). A população desenvolvia-se para nascente, sul e poente do castelo e a norte, erguia-se a Igreja, onde está hoje a Igreja Matriz.

Das construções fortificadas modernas temos hoje poucos vestígios. Estas terão absorvido do núcleo urbano mais antigo. A tradição do sítio do castelo mantém-se na vila de Alpalhão, sendo o acesso ao interior do quarteirão definido pela Rua do Castelo, possivelmente a zona onde se localizava a entrada do recinto. Acede-se à Torre do Relógio por uma entrada que também dá acesso a um pátio de uma casa particular. O embasamento desta poderá ter pertencido a uma das torres do castelo, mas esta informação carece de confirmação.
São poucos os vestígios do castelo de Alpalhão, que hoje estão visíveis ao nosso olhar.
Quem entra em Alpalhão à procura da antiga fortificação desemboca no largo da Igreja Matriz, e depara-se com este edifício marcante. Podemos tomar esta estrutura como ponto de orientação para estabelecer alguma aproximação com a zona onde se localizava o castelo.
Alpalhão constitui um exemplo raro de perda de memória do património construído, neste caso do local de implantação do seu castelo. Com mais tempo, mais cuidado e com intervenções arqueológicas e de leitura do edificado existente (a nível do núcleo urbano antigo) poderemos reconstituir a antiga fortificação para que Alpalhão tire partido dessa mais-valia». In Os Amigos dos Castelos, Wikipédia.

Cortesia dos Amigos dos Castelos/JDACT