quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Uma Holanda Dourada. Abriu as suas fronteiras a todos os que podiam beneficiar a sociedade. «A Holanda da época quis ver-se a si mesma como o símbolo do Novo Mundo, a antítese do mundo da Contra-Reforma. Numa época marcada pelo mercantilismo, a Holanda calvinista optou por um liberalismo em todas as áreas, pela liberdade de acção no comércio, pela liberdade dos mares para o tráfego comercial…»

Espinosa
(1632-1677)
Amesterdão, Holanda
Cortesia de antroposmoderno

«Espinosa viveu em pleno a época dourada da Holanda, anos de esplendor em todas as áreas, quando uma pequena nação recém-constituída chegou a converter-se numa potência hegemónica da Europa.
Procedente de uma família de judeus sefardistas fugidos da perseguição em Portugal, Baruch (Bento) Espinosa teve a sorte de desenvolver toda a sua vida num país em efervescência, onde o respeito pela tolerância e liberdade individual era um valor indiscutível.

Burgueses prósperos e liberais
Foram muitos os factores que se uniram para que as pequenas «Províncias Unidas» se transformassem numa nação rica, poderosa e influente que esteve no centro dos acontecimentos do século XVII, não só ombreando com as grandes potências europeias, mas também alcançando a hegemonia durante anos.
Para eclodir a chamada Idade de Ouro, a Holanda agiu como um íman para as pessoas originárias de toda a Europa que ali chegaram atraídas por uma sociedade aberta que encorajava o desenvolvimento autónomo do indivíduo.

Mercadores holandeses, de Bartholomeus van der Helst, 1613-1670
Cortesia de sadresconalternativap

A ausência de uma aristocracia e de um clero poderoso deixou um vazio que a burguesia urbana acabou por ocupar. Foi ali que se forjou o burguês contemporâneo, capitalista e liberal, impulsionador das mudanças sociais e patrocinador das artes e das ciências. Ao fomentar-se o comércio e coleccionismo de obras de arte, a pintura alcançou na Holanda níveis praticamente insuperáveis.
A Holanda da época quis ver-se a si mesma como o símbolo do Novo Mundo, a antítese do mundo da Contra-Reforma. Numa época marcada pelo mercantilismo, a Holanda calvinista optou por um liberalismo em todas as áreas, pela liberdade de acção no comércio, pela liberdade dos mares para o tráfego comercial… e abriu as suas fronteiras a todos os que podiam beneficiar a sociedade, fosse no campo da cultura, do comércio, da arte ou dos ofícios. Também se converteu no lugar de acolhimento para as correntes religiosas perseguidas, como os huguenotes, jansenistas ou puritanos ingleses.

A frota mercantil holandesa superava os 2500 navios e 2000 barcos de pesca, 1650

Alegoria das Artes, J. Vermeer, 1665
Cortesia de wikipedia/gayban

No estilo flamengo, o interesse pelos objectos coincidiu com o interesse pelas ciências práticas. Na Holanda, os estudantes formavam-se mediante a solução prática de problemas técnicos. Desenvolviam-se os aparelhos novos como o telescópio, o microscópio e o termómetro, e a arte da relojoaria viveu uma época de grande esplendor. Pintores de vulto como o grande Johannes Vermeer, contemporâneo de Espinosa, utilizaram os progressos técnicos modernos como a caixa negra para aperfeiçoar as suas técnicas pictóricas. As telas mostram objectos fascinantes que até então não tinham chamado a atenção dos pintores.
Na cidade Amesterdão, chegaram a contabilizar-se 250 casas. A imprensa viveu tempos áureos no meio de uma população cada vez mais culta, e nas universidades, como a de Leiden, acolheram-se professores exilados de outros territórios, valorizando-se o seu talento, sem importar a língua, a nação ou a religião». In Wikipédia, Gayban Grafie.

Cortesia de Gayban Grafie/JDACT