domingo, 9 de março de 2014

A Voz. Jazz. Marta Hugon. Poesia. «Há mais de um ano assim mirando a prumo o ente idolatrado, em que resumo as minhas mais ardentes ambições! Por isso… quanto sofro e me consumo! Ah, mas escuta Hipólito (A, P,)! Presumo… que vão trocar-se as nossas posições!»

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Independência
Não há talvez no mundo outra nação,
tão respeitada e tão independente,
conforme o que aí diz toda essa gente
e com muita, muitíssima razão.

Ora se um estrangeiro, em conclusão,
ofender um português, tem certamente
de nos dar exemplar satisfação,
seja ele quem for o insolente.

Diz-se isto por aí com tal frequência
que a gente chega a crer que não é mau
citar lá fora a nossa procedência;

mas Portugal não tem nem mais uma nau,
e a gente vai com essa independência
gramando no Brasil carga de pau.


Pedido
Meu amigo e senhor. Disse Voss'ência
que uma vez na semana era fatal
a sua mesa, o prato nacional,
o pitéu do Brasil por excelência.

Mas preparado de maneira tal,
por suas próprias mãos, que em consciência
apesar da real magnificência,
nunca o imperador provou igual!

Seguiu-se a descrição minuciosa;
mas temendo passar por indiscreto,
não me atrevi a dizer nada em prosa;

em verso o caso é outro; e num soneto
todo o arrojo é lícito! Uma coisa:
manda-me um prato do seu feijão preto?
Sonetos de João de Deus, in ‘Campo de Flores’

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