sábado, 25 de janeiro de 2014

A Cor nas Artes Gráficas. Armando Araújo. «… foi ele, no entanto, quem chegou à conclusão, cerca de 1666, de que se se fizer passar a luz do Sol através de um prisma de cristal, esta, apesar de à nossa vista quase não ter cor, decompõe-se…»

Espectro Electromagnético
Cortesia de aa

A existência da luz, como é do conhecimento geral, toda a gente a sente. Mas do senti-la ao compreendê-la, em todos os seus aspectos, vai uma grande diferença. Os antigos esforçaram-se por entendê-la, mas em vão. Pitágoras, por exemplo, acreditava que o olho tinha uma espécie de tentáculos que iluminavam os objectos. Demócrito achava que as imagens produzidas na retina eram emitidas pelo próprio objecto, isto é, por algo que ele continha em si. Platão imaginava a luz como o resultado da colisão entre os tentáculos projectados pelo olho e as emissões do objecto. Nitidamente a combinação das duas teorias. Sabemos hoje, graças a Newton, que a luz é composta por uma mistura de radiações de diferentes longitudes de onda. Sabemos, também, que a mistura uniforme e simultânea de todas estas ondas produz, em nós, a percepção do branco. Tal fenómeno faz com que concluamos que a luz colorida é uma das partes da luz branca. Como já é do nosso conhecimento, a luz provém de uma fonte luminosa, que pode ser natural (luz do sol) ou artificial. Cada fonte, também conhecida por centro luminoso, emana ondas (vibrações) que, ao impressionarem a vista, provocam nela a sensação de luz. Tais ondas, por terem longitudes ou frequências diferentes dão, como resultado, cores diferentes.
Deduz-se, daqui, que a luz à qual chamamos branca, é o resultado da combinação de muitos raios coloridos, dos quais somente uma pequena parte é perceptível à vista humana. Portanto, um raio de luz branca, seja do sol ou de qualquer outra fonte luminosa, ao atravessar um prisma de cristal, decompõe-se nas cores que constituem o espectro solar (espectro electromagnético), as quais são perceptíveis pela vista humana: vermelho, laranja, amarelo, verde, cião, anil e violeta. Estas são as cores conhecidas como as cores do arco-íris. Como se sabe, a luz não depende do olho. Mas, para se concluir que assim é, foram precisos séculos, aliás, milénios, pelo menos dois, durante os quais muito se especulou. Que a luz tem uma velocidade possível de ser determinada, sabe-se hoje, e Galileu foi o primeiro a afirmá-lo. No entanto, só no século XIX pôde ser medida, desenvolvendo-se estudos a respeito da sua constituição, no século XX. Newton estudou várias propriedades, entre elas a reflexão e a refracção. Mas a sua constituição física não a chegou a conhecer. Foi ele, no entanto, quem chegou à conclusão, cerca de 1666, de que se se fizer passar a luz do Sol através de um prisma de cristal, esta, apesar de à nossa vista quase não ter cor, decompõe-se (espectro prismal), mostrando as cores que é vulgar serem vistas no arco-íris (espectro solar, à decomposição da luz do Sol, no arco-íris. Chama-se espectro prismal à experiência física, mediante a qual a luz do sol se decompõe, quando se faz passá-la através de um prisma de cristal). Esta experiência prova que a luz se compõe de várias cores, de cujo conjunto resulta a luz branca. O branco, nas artes gráficas, pode ser qualquer cor, já que corresponde à área não impressa.

Exemplo do disco de Newton. À esquerda, o disco com as cores do arco-íris. À direita, o disco com a recomposição da luz branca, após girar o disco a uma determinada velocidade

Mas é possível, também, recompor a luz branca. E Newton provou-o com a mistura das luzes do arco-íris, ou seja, através da soma das cores. Para isso, construiu um aparelho designando de disco de Newton. Que fez ele? Experimentemos pintar um disco com cores iguais às do arco-íris. Façamos girar rapidamente o disco. Que observamos? Ficamos com a impressão de estarmos em presença da cor branca. À medida que aumentamos a velocidade do disco, as cores são somadas e o seu matiz geral é acinzentado, até que só se observa, finalmente, um círculo uniforme e esbranquiçado. Este fenómeno prova-nos que a cor branca é composta por luzes coloridas, unidas entre si nas proporções correctas (quando um corpo fica iluminado pela luz, aquele produz o efeito da decomposição desta, absorvendo uma parte dos raios luminosos e reflectindo outra. A parte reflectida, isto é, aquela que não é absorvida, torna-se visível aos nossos olhos, dando-nos a cor do objecto). Se o objecto reflectir todos os raios luminosos (cores), isto é, não absorver nenhum raio luminoso, aparece-nos o branco; ao contrário, se não reflectir nenhum raio luminoso, quer dizer, se absorver todos os raios luminosos, aparece-nos o preto. Esta experiência pode ser feita apenas com a projecção de três luzes coloridas que são, como já sabemos, a vermelha, a verde e a violeta». In Armando Araújo, A Cor nas Artes Gráficas.

A amizade de Armando Araújo.

Cortesia de AA/JDACT