sexta-feira, 31 de agosto de 2018

No 31. Sociedades Secretas. Philip Gardiner. «Na Rússia e na França, as revoluções foram, da mesma forma, criadas por organizações secretas. Isso não significa que toda a tentativa de qualquer sociedade secreta terá resultados»

Maria, a mãe de Deus, ou uma cópia de Ísis
Cortesia de wikipedia e jdact

«(…) É incrível, mas o mesmo pode ser dito do Islamismo, do Judaísmo, do Budismo e mesmo do comunismo, uma vez que todos começaram como organizações secretas e clandestinas aparentemente contrárias ao Estado. Tal como a sociedade secreta dos nazis na década de 1930, todas as actuais organizações e religiões reconhecidas começaram em segredo e acabaram por tomar o poder, um objectivo do qual zombam os contrários às teorias de conspiração por todo o globo. Permanece o facto de que a história mostra, em cada geração, que as sociedades secretas conquistaram poder e se tornaram Igreja e Estado, como era seu objectivo. Nos dias de hoje, temos sociedades secretas por todo o  mundo, em cada país, todas com os seus próprios objectivos e sendo observadas, como sempre, pelo Estado. Os árabes e alguns cristãos acreditam que os judeus são responsáveis por conspirações mundiais para tomar o controle do planeta. Os drusos e os yezidis na Síria e em outros lugares são vistos como ameaças aos padrões. Os lendários Illuminati são vistos por muitos como uma liga oculta de cavalheiros que, acredita-se, está no coração do poder cristão norte-americano. A comunidade cristã acredita que o terrorismo global é custeado e executado por redes mundiais de organizações islâmicas secretas.
O que a história tem mostrado é que, por fim, essas correntes ocultas e subjacentes acabam por alterar o equilíbrio de poder do mundo. Basta observar o 11 de Setembro e os ataques repugnantes aos Estados Unidos, eles foram perpetrados por organizações clandestinas e mudaram, de facto, o mundo. Outro exemplo foi a revolta norte-americana contra o Império Britânico, apoiada, liderada e inspirada pela sociedade secreta dos maçons. Na Rússia e na França, as revoluções foram, da mesma forma, criadas por organizações secretas. Isso não significa que toda a tentativa de qualquer sociedade secreta terá resultados. A história está marcada por centenas de tais tentativas fracassadas. Outras conseguiram reivindicar o poder apenas por pouco tempo. Outro ponto interessante de se notar, e que está relacionado à nossa compreensão das sociedades secretas, é que muitas das mais célebres cabeças que o mundo já conheceu foram membros de organizações secretas. Platão fora iniciado nos Mistérios de Elêusis e até nos conta, nos seus escritos, como foi sua iniciação. Ele afirmava ter sido colocado numa pirâmide, onde ficou três dias, morreu de forma simbólica, renasceu e então recebeu os segredos dos Mistérios. Não é de admirar que se afirmasse ser a Grande Pirâmide parte e repositório dos Mistérios, uma vez que os nomes que lhe foram atribuídos, Ikhet e Khuti, significavam luz gloriosa ou resplandecente. Então, o que é uma sociedade secreta? É, tão somente um grupo de indivíduos que, ao basear a sua origem nas névoas do tempo ou na dança celestial e solar do Universo cíclico, reúnem-se para efectuar mudanças. Às vezes têm sucesso, às vezes não, mas, na maioria dos casos, promovem algum tipo de mudança na sociedade em geral. Eles possuem, no todo, uma base espiritual, e uma teia importante se estende sobre aqueles que obtiveram êxito. Essa teia é a iluminação, o que deu origem ao nome Os Iluminados. Em 1863, Le Couteulx de Canteleu, ao escrever Les Sectes et Sociétés Secrètes, afirmou:

Todas as sociedades secretas têm origens quase análogas, desde os egípcios até aos Illuminati, e a maioria delas forma uma corrente e dá ensejo ao surgimento de outras.

Uma linguagem secreta
A História é uma mentira. A História é, como disse Justice Holmes, o que os vencedores dizem que é. Tem sido distorcida ao longo de vastos períodos de tempo para se ajustar à ideia que cada geração faz do que é realidade e do que é verdade. Se as sociedades secretas não existissem, a nossa história teria sido totalmente diferente. A história do homem é como um imenso quebra-cabeça. Somente podemos ver o quadro maior quando todas as peças estão dispostas na ordem correcta. O resultado é surpreendente. Veremos um quadro enorme e esclarecedor de como os mistérios do mundo antigo, e do mundo não tão antigo assim, podem ser agora solucionados, desde as pedras erectas megalíticas, o Santo Graal e a alquimia até a verdade por trás da religião e dos actuais sistemas políticos. A história das sociedades secretas esconde a verdadeira história da humanidade. Da mesma forma pela qual a moderna pesquisa genética nos mostra há quão pouco tempo estamos interligados como raça humana, as pesquisas e conclusões subsequentes apresentadas neste livro revelarão como nossos próprios sistemas políticos e de crenças religiosas vêm da mesma fonte. Afinal, não há nada novo sob o sol. Novos sistemas religiosos são apenas antigas religiões renovadas, com nomes e cenários diferentes, mas as crenças fundamentais são as mesmas.
Podemos aprender a partir dessa história e entender os padrões cíclicos do comportamento humano, o que nos ajudará a prever o futuro com mais facilidade, ou ao menos é o que nos dizem. Observaremos a existência da vida e da consciência; estabeleceremos de onde vieram e para onde vão. Abriremos caminho por milénios de mistérios para determinar, com lógica, uma história real baseada em factos e evidências. Veremos se existe mesmo uma conspiração mundial e, em caso afirmativo, aonde ela nos está conduzindo. Devemos estabelecer motivos, procurar novos dados, analisar documentos existentes sob uma nova luz a fim de conseguir uma visão mais ampla de longos períodos de tempo e civilizações e, por fim, confrontar os mistérios da fé. Um dos aspectos mais perturbadores das sociedades secretas vem da compreensão clara de que temos sido enganados por séculos pelos historiadores, um após o outro. Mesmo assim, não podemos perder de vista o facto de que esses profissionais são responsáveis por agrupar e conectar grandes quantidades de informação e apresentar relatos supostamente factuais baseados nos seus próprios sistemas de crença, os quais são influenciados pelo tempo e lugar em que viveram ou vivem». In Philip Gardiner, Sociedades Secretas, colecção Millenium, Publicações Europa América, 2008, ISBN 978-972-105-876-7.

Cortesia de PEAmérica/JDACT