segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Uma Terra de Fogo. Morgan Rice. «Ralibar mergulha para a frente e enfia as suas garras no peito de um dos dragões, usando o seu impulso para empurrá-lo na direcção do oceano»

Cortesia de wikipedia e jdact

«Gwendolyn, na costa das Ilhas Superiores, olha para o mar, assistindo horrorizada quando a neblina se aproxima e começa a envolver o seu bebé. Ela tem a sensação de que o seu coração está partindo em dois ao ver Guwayne afastar-se cada vez mais, desaparecendo no meio da névoa no horizonte distante. A maré, carrega-o para o desconhecido, e seu filho fica mais longe do seu alcance a cada segundo. Lágrimas rolam pelo rosto do Gwendolyn enquanto ela observa, incapaz de se afastar e completamente entorpecida. Ela perde toda a noção de tempo e espaço, e já não sente o seu próprio corpo. Uma parte dela morre enquanto ela vê a pessoa que ela mais ama no mundo ser levada pela corrente marítima. É como se uma parte de Gwen tivesse sido levada para o meio do oceano com ele.
Gwen odeia-se por ter feito o que fez, mas ao mesmo tempo, ela sabe que aquela tinha sido a única maneira possível de talvez salvar o seu filho. Ela ouve o som de rugidos e trovões no horizonte atrás dela e sabe que, em breve, toda aquela ilha seria consumida pelas chamas, e nada que ela pudesse fazer seria capaz de salvá-los. Nem Argon, que continua deitado num estado indefeso; nem Thorgrin, que está em algum lugar distante, na Terra dos Druidas; nem Alistair ou Erec, que estão muito longe dali, nas Ilhas do Sul; e certamente nem Kendrick ou os Prata ou qualquer um dos corajosos homens que ali se encontram, nenhum deles possui os poderes necessários para combater um dragão. Mágica é do que eles precisam, e também é a única coisa de que não dispõem. Eles tinham tido sorte ao conseguirem escapar do Anel e, agora, o destino os havia alcançado. Não há mais como correr e nenhum lugar onde poderiam esconder-se. É hora de encarar de frente a morte que há muito tempo os perseguia.
Gwendolyn se vira, olha para o horizonte oposto e vê, mesmo daquela distância, uma massa escura de dragões que se aproxima rapidamente, voando na direcção deles. Gwen tem pouco tempo; ela não quer morrer ali sozinha naquela costa, e sim junto ao seu povo, protegendo-os o máximo que lhe for possível. Ela dá uma última olhada na direcção do mar, esperando ver Guwayne uma última vez. Mas não há nada. Guwayne está muito longe dela agora, em algum lugar do horizonte, sendo levado em direcção a um mundo que ela jamais conheceria. Por favor, Deus, Gwen reza. Esteja com ele. Leve minha vida no lugar da dele. Eu farei qualquer coisa. Mantenha Guwayne em segurança. Permita que eu volte a segurá-lo nos meus braços. Eu lhe imploro. Por favor.
Gwendolyn abre os olhos, esperando ver algum sinal, talvez um arco íris no céu, qualquer coisa. Mas o horizonte está vazio. Não há nada excepto nuvens tempestuosas escuras, como se o universo estivesse furioso com ela pelo que Gwen havia feito. Soluçando, Gwen dá as costas para o oceano mais uma vez, dá as costas para o que ainda restava da sua vida, e começa a correr, aproximando-se a cada passo do momento em que enfrentaria o mal ao lado do seu povo pela última vez.

Gwen fica em pé nos parapeitos superiores do antigo forte de Tirus, rodeada por dezenas dos seus companheiros, entre eles os seus irmãos Kendrick e Reece, e Godfrey, além de seus primos Matus e Stara, Steffen, Aberthol, Srog, Brandt, Atme, e todos os cavaleiros da Legião. Todos observam o céu, em silêncio sombrio, cientes do que estava prestes a acontecer com todos eles. Eles ficam ali parados, completamente impotentes e ouvindo o barulho distantes dos rugidos enquanto Ralibar luta por eles, um único e corajoso dragão fazendo o possível para segurar o exército de dragões inimigos. O coração de Gwen enche-se de orgulho ao assistir Ralibar lutando, tão forte e corajoso; um dragão diante de dezenas e, ainda assim, sem demonstrar qualquer temor. Ralibar cospe fogo nos dragões, erguendo as suas grandes garras para arranhá-los, agarrando-os e enfiando as suas enormes presas nos seus pescoços. Ele não só é mais forte do que os outros, mas também é mais rápido. É impressionante observá-lo em acção. Enquanto Gwen assiste, o seu coração se enche mais uma vez com uma pontada de esperança; uma parte dela ousa acreditar que Ralibar talvez possa derrotá-los. Ela vê Ralibar desviar e mergulhar quando três dragões assopram fogo no seu rosto, errando o alvo por pouco. Ralibar mergulha para a frente e enfia as suas garras no peito de um dos dragões, usando o seu impulso para empurrá-lo na direcção do oceano. Vários dragões assopram fogo nas costas de Ralibar quando ele mergulha, e Gwen assiste horrorizada quando Ralibar e o outro dragão se tornam numa bola flamejante, descendo em direcção ao mar. O dragão tenta resistir, mas Ralibar usa todo o seu peso para empurrá-lo na direcção das ondas, e logo, ambos caem dentro do oceano». In Morgan Rice, Uma Terra de Fogo, 2014, colecção Anel do Feiticeiro, Stockcom, Frentusha, 2015, ISBN 123-000-053-563-2.

Cortesia de Stockco/Frentusha/JDACT