segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada. Laurence Gardner. «Construído sobre uma extensão de 230 pés (cerca de 70 metros), estendendo-se a partir de uma caverna escavada pelo homem, encontraram as ruínas de um antigo Templo…»

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«(…) A expedição de Petrie fora financiada pelo recentemente estabelecido Egypt Exploration Fund (actualmente a Egypt Exploration Society). Sua proposta era inspeccionar a antiga região mineira de cobre e turquesa da península do Sinai, entre os golfos de Suez e de Aqaba, acima do Mar Vermelho, a leste do Egipto. Era a terra da montanha bíblica de Moisés, a que o livro do Êxodo do Antigo Testamento (edição do rei Thiago) se refere como o Monte Horebe. O lugar estava mais correctamente representado como Monte Choreb na antiga Bíblia Septuaginta do século III a. C. Longe de serem aplicações nominais directas, as palavras Choreb e Horeb tinham grande significância nos dias de Moisés, como descobriremos logo.
Na sua forma original, o Antigo Testamento foi escrito num estilo hebreu que consistia apenas em consoantes. Paralelamente, surgiu uma tradução grega por volta de 270 a.C. devido ao crescente número de judeus helenistas falantes do grego. Ela se tornou conhecida como Septuaginta (do latim septuaginta, setenta) porque a tradução foi feita por 72 estudiosos. Alguns séculos depois, São Jerónimo elaborou uma versão latina da Bíblia, conhecida como Vulgata (por causa do seu uso vulgar ou comum), por volta do ano 385, para uso da Igreja Cristã (incluindo o Novo Testamento). Um Antigo Testamento hebraico revisto (no qual a Bíblia de hoje se baseia) foi introduzido por estudiosos masoréticos por volta de 900 d.C. Porém, foi a mais antiga e mais confiável Septuaginta utilizada para traduzir a versão autorizada de rei Thiago em língua inglesa, lançada em 1611.
Antes da incumbência de Petrie, a dificuldade que havia para se determinar a posição exacta do Monte Horebe era a extensão da cordilheira do Sinai e a pouca familiaridade dos habitantes locais (mesmo quando se preocupavam com história antiga) com a região elevada. No século IV d.C., uma ordem de monges cristãos fundara a missão do Monastério de Santa Catarina numa montanha voltada para o sul do Sinai e nomeara o lugar Gebel Musa (Monte de Moisés). Era, evidentemente, uma conclusão pouco acurada, uma vez que não correspondia às referências geográficas bíblicas. O Livro do Êxodo explica a rota tomada por Moisés e os Israelitas por volta de 1330 a.C., quando partiram da região de Goshen, no Delta Egípcio, tendo atravessado o Mar Vermelho em direcção à terra de Midiã (norte da actual Jordânia). Seguindo essa linha pelas regiões desérticas de Shur e Paran, a montanha sagrada de Moisés é encontrada erguendo-se a mais de 790 metros num alto planalto de arenito acima da Planície de Paran. Hoje ela é conhecida como Serâbit el Khâdim (a Proeminência do Khâdim); a expedição de Petrie escalou essa rugosa elevação. Não tinham expectativas particulares quanto ao lugar, mas era parte da inspecção, e eles subiram ao cume onde, para seu espanto, fizeram uma descoberta monumental.
Construído sobre uma extensão de 230 pés (cerca de 70 metros), estendendo-se a partir de uma caverna escavada pelo homem, encontraram as ruínas de um antigo Templo, com inscrições que o remetiam ao faraó da 4ª. Dinastia Sneferu, que reinara por volta de 2600 a.C.. Subsequentemente, Petrie escreveu: estava completamente enterrado e ninguém tomara conhecimento dele até que limpássemos o sítio. Talvez não tivessem ficado surpreendidos se encontrassem um altar semítico de pedra, mas tratava-se de um enorme Templo egípcio que, obviamente, tinha alguma importância. Na primeira vez em que discuti essa expedição, há alguns anos, não fazia ideia do interesse que ela provocaria em novos aventureiros. Desde aquela época, muitos leitores me escreveram após a cansativa subida, contando as suas visitas, ilustradas com maravilhosas fotografias das suas aventuras. A esse respeito, conquanto ninguém haja mencionado o facto na sua correspondência, talvez eu devesse ter esclarecido que, embora os vestígios do Templo ainda estejam acessíveis e impressionem pela sua localização incomum, muitos dos artefactos específicos, retratados nas fotografias e escritos de Petrie, não estão mais ali». In Laurence Gardner, Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada, Editora Madras, 2004, ISBN-978-857-374-901-4.

Cortesia de EMadas/JDACT