segunda-feira, 20 de julho de 2020

Maria Madalena. Michael Haag. «Três das referências à mãe sem nome de Jesus dizem respeito a um acontecimento descrito em Marcos, Mateus e Lucas. Jesus estava curando, pregando e expulsando demónios…»

Cortesia de wikipedia e jdact

«(…) Maria Madalena está na crucificação, está no enterro e está na ressurreição, e antes disso está com Jesus durante o seu ministério na Galileia. Como mulher e companheira de Jesus, ela é a única pessoa perto dele nos momentos críticos que definem seu propósito, que descrevem seu destino e que darão origem a uma nova religião; ela ajuda a apoiar Jesus em suas obras, é totalmente destemida e é uma mulher de visão. Sua personagem detém o segredo do seu nome. No início há Jesus e Maria, chamada Madalena.

Maria Madalena e Maria, a mãe de Jesus
Maria, mãe de Jesus, aparece principalmente nos capítulos 1 e 2 dos evangelhos de Mateus e Lucas, que contam a história da natividade e da infância de Jesus, o nascimento virgem numa manjedoura de Belém, os pastores no campo, a estrela no leste, os magos adorando, uma história totalmente ignorada pelos evangelhos de Marcos e João, que começam com o baptismo de Jesus, o homem, por João Baptista. Vários estudiosos, entre eles Geza Vermes, uma das principais autoridades acerca de Jesus, consideram as narrativas do nascimento lendárias e dizem que elas foram acrescentadas a Lucas e Mateus posteriormente. Essas histórias da natividade, que de qualquer forma se contradizem (por exemplo, Mateus tem a Sagrada Família, temendo pela vida de Jesus, fugindo de Belém para o Egipto, enquanto Lucas a tem retornando a Nazaré depois de passar quarenta dias pacificamente em Belém e Jerusalém), não são confirmadas pelos outros dois evangelhos. Marcos e João dizem que Jesus veio da Galileia; Marcos não faz qualquer menção a Belém, enquanto João não contradiz a afirmação dos fariseus de que Jesus nasceu na Galileia, não em Belém. Para além desses capítulos do nascimento e da infância em Mateus e Lucas, Maria aparece nos evangelhos apenas sete vezes, em cinco dessas descrita como a mãe de Jesus, mas sem receber um nome, e uma vez em Actos.
Três das referências à mãe sem nome de Jesus dizem respeito a um acontecimento descrito em Marcos, Mateus e Lucas. Jesus estava curando, pregando e expulsando demónios, e atraía multidões de pessoas por toda a Galileia, porém seus amigos e sua família temiam que ele estivesse perturbado e possuído por Belzebu, e vão buscá-lo. Mas ele, com desdém, manda embora sua mãe e seus irmãos, dizendo que a sua verdadeira mãe e seus verdadeiros irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus. A quarta vez, quando a mãe de Jesus é mencionada, mas não nomeada, dá-se no casamento de Canaâ, onde de novo é apresentada como um estorvo, e Jesus volta-se para ela dizendo-lhe: Mulher, que queres de mim? Por outras razões, o casamento em Canaâ (casamento de quem?) é um evento importante e será mencionado mais tarde. Quando ela aparece na crucificação, em João, também não é nomeada, sendo identificada apenas como a mãe de Jesus. João é o único evangelho que coloca Maria na crucificação de Jesus; ela não está no enterro nem na ressurreição.

Maria, mãe de Jesus, é no entanto nomeada nos evangelhos de Marcos e Mateus, quando os moradores da Galileia estão enfurecidos por Jesus estar pregando na sua sinagoga. Eles acreditam que ele seja um carpinteiro, ou o filho de um carpinteiro de Nazaré, e não percebem que ele é um rabino: não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós? Mateus também menciona Maria e seus filhos pelo nome, mas não faz qualquer menção às suas filhas. E, finalmente, Maria, mãe de Jesus, é mencionada pelo nome em Actos no dia de Pentecostes, quando, após a ressurreição, o Espírito Santo desce sobre aqueles que estão no Cenáculo. Maria distingue-se por ser a mãe de Jesus, mas não há nada no seu relacionamento que sugira ter ela alguma compreensão do que ele planeava e fazia. No final houve uma espécie de reconciliação quando, de acordo com o Evangelho de João, embora em nenhum dos outros, Maria foi ver Jesus pendurado na cruz e ele a reconheceu com o seu último suspiro, dizendo: Mulher, eis aí o teu filho!
Em contraste, Maria Madalena foi companheira constante de Jesus em todo o seu ministério na Galileia e o ajudou a organizar e financiar as dezenas de pessoas envolvidas na sua missão de curar e trazer a salvação para os doentes e os pobres. Ela veio com Jesus a Jerusalém, testemunhou sua crucificação, supervisionou para ver onde seu corpo foi colocado, voltou para ungi-lo no terceiro dia e testemunhou sua ressurreição dos mortos, catorze menções de Maria Madalena pelo nome, bem como outras menções, como quando ela está incluída entre as mulheres da Galileia». In Michael Haag, Maria Madalena, Zahar, 2018, ISBN 978-853-781-739-1.

Cortesia de Zahar/JDACT