domingo, 19 de abril de 2020

Um Mar de Rosas. Nora Roberts. «Emma não podia estar melhor, certo? Errado. É que Emma, apesar de bela e encher de vida todas as salas onde entra (aliás, tal como acontece com os arranjos florais que cria), apenas se cruza…»

Cortesia de wikipedia e jdact

«Desde criança que Emma é uma jovem sensível e romântica e não é surpresa para ninguém que tenha encontrado a sua vocação como florista de casamentos. Assim está sempre rodeada de flores e trabalha com as suas três melhores amigas, Mackensie, Parker e Laurel. Emma não podia estar melhor, certo? Errado. É que Emma, apesar de bela e encher de vida todas as salas onde entra (aliás, tal como acontece com os arranjos florais que cria), apenas se cruza com os homens errados. E o último lugar onde alguma vez se lembrou de procurar é…, bem debaixo do seu nariz. Jack Cooke é um arquitecto e amigo de longa data que praticamente faz parte da família. Um dia ele apercebe-se que sente por Emma algo mais do que apenas amizade. Mas quando a sua paixão é correspondida, as coisas começam a complicar-se. É que nem ele gosta de compromissos, nem ela é dada a casos passageiros. Conseguirão confiar nos seus corações, para se entregarem a uma vida em comum?

«E tenho fé de que todas as flores
Apreciem o ar que respiram». In Wordsworth

«Com a cabeça atordoada por tantos detalhes, muitos deles embaralhados, Emma deu uma olhada na agenda enquanto tomava a sua primeira xícara de café. As reuniões com os clientes a deixavam tão animada quanto o café forte e doce. Contente com isso, recostou-se na cadeira do seu aconchegante escritório para reler as anotações que tinha acrescentado junto ao nome de cada casal. A experiência lhe ensinara que a personalidade dos noivos, ou, mais precisamente, da noiva, ajudava a determinar o tom da reunião, a direcção a seguir. Para Emma, as flores eram a alma de um casamento. Fossem elegantes ou alegres, elaboradas ou simples, elas eram o romance. Seu trabalho era dar aos clientes toda a alma e todo o romantismo que desejassem. Suspirou, espreguiçou-se e sorriu para o vaso de mini-rosas sobre a escrivaninha. A Primavera é o máximo, pensou. A temporada de casamentos estava à toda, o que significava dias ocupadíssimos e longas noites imaginando e projectando arranjos, tendo que criar não apenas para os casamentos desta Primavera, mas também para os da próxima. Adorava a continuidade quase tanto quanto o próprio trabalho.
Foi isto que a Votos deu a ela e às suas três melhores amigas: continuidade, trabalho recompensador e realização pessoal. E ela tinha que lidar com flores, viver entre flores, praticamente nadar em flores todos os dias. Divagando, examinou as mãos com aqueles pequenos arranhões e cortes minúsculos. Às vezes pensava neles como cicatrizes de batalhas; em outras, como medalhas de honra. Nesta manhã, tudo o que queria era não ter-se esquecido de marcar a manicure.
Olhou para o relógio, fez as contas. Pulou da cadeira, novamente animada. Foi até ao quarto e pegou numa peça vermelha para vestir por cima do pijama. Tinha tempo de ir até à mansão antes de se vestir e se preparar para o dia de trabalho. A sra. Grady já devia ter feito o café da manhã e, assim, Emma não precisaria ver o que havia na despensa ou preparar alguma coisa para comer. A sua vida era cheia de coisas fantásticas, pensou, ao descer correndo as escadas.
Ao passar pela sala que usava como área de recepção e reuniões, deu uma rápida olhadela no aposento, dirigindo-se para a porta. Trocaria as flores da decoração antes da primeira reunião, mas, ah, aqueles lírios orientais tinham desabrochado de um jeito tão lindo... Saiu da antiga casa de hóspedes da propriedade dos Browns, que agora era a sua casa e o escritório da Arranjos, a sua parte da Votos. Respirou fundo aquele ar de primavera. E estremeceu». In Nora Roberts, Um Mar de Rosas, Chá das Cinco, 2013, ISBN 978-989-710-074-1.

Cortesia de ChádasCinco/JDACT